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    Arquivo: Edição de 31-01-2022

    SECÇÃO: Destaque


    ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2022

    PS conquistou a maioria absoluta numa noite em que a nova direita (Chega e Iniciativa Liberal) teve motivos para festejar

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    O Partido Socialista (PS) foi o grande vencedor das Eleições Legislativas de 30 de janeiro último. E fê-lo com uma maioria absoluta, somando 41,6% dos votos e elegendo 117 (em 230) deputados. Foi um resultado que foi ganhando contornos expressivos ao longo da noite eleitoral, que no seu início dava a vitória aos socialistas mas como sendo pouco provável a maioria absoluta. Porém, com a contagem final dos votos a maioria absoluta pedida por António Costa foi ganhando consistência até se consumar. Na história das Legislativas, desde o 25 de Abril de 1974, esta é a segunda maioria alcançada pelos socialistas, depois de em 2015 José Sócrates o ter conseguido pela primeira vez. Outro dado curioso que pode ser retirado desta inesperada maioria - podemos dizer desta forma, tendo em conta os valores das várias sondagens que foram sendo publicadas nos dias que antecederam o ato eleitoral e em que davam conta de uma vitória socialista mas sem maioria - aponta ao facto de António Costa, face a esta expressiva vitória, poder ser o primeiro-ministro com maior longevidade no cargo. Ou seja, Costa é primeiro-ministro desde novembro de 2015 e vai formar agora o seu terceiro Governo, sendo que caso complete a próxima legislatura, estará em funções até outubro de 2026, batendo em longevidade o social-democrata Aníbal Cavaco Silva, que esteve em funções entre 6 de novembro de 1985 e 28 de outubro de 1995.

    Nas Legislativas de 2022, o PS obteve mais de 2 milhões de votos, 2.246.483 em termos mais concretos, ultrapassando o resultado obtido em 2019, quando angariou 1.866.511 votos, o equivalente então a 36,65%. No seu discurso de vitória, o primeiro-ministro reeleito afirmou que «uma maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho. É governar com e para todos os portugueses», anunciando ainda que esta será uma «maioria de diálogo», em que irá promover reuniões com todos os partidos... exceto com o Chega. Para António Costa, os portugueses confirmaram «de modo inequívoco que querem um Governo do PS para os quatro anos», sublinhando ainda que este resultado é um «cartão vermelho a qualquer crise política». Disse ainda que «a maioria (absoluta) nasceu da vontade dos portugueses, que querem estabilidade, certeza e segurança».

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    O expressivo triunfo de Costa coincidiu com mais uma derrota de Rui Rio e do PSD. Se as sondagens nos dias que antecederam estas eleições conferiam alguma esperança aos social-democratas no que concerne à disputa “taco a taco” pela cadeira do poder, elas foram sendo completamente dissipadas ao longo da noite eleitoral de 30 de janeiro. Ficou então claro que o PSD teve mais uma clara derrota (somou 27,80% das intenções de voto dos portugueses), e no caso do líder do partido, Rui Rio, a segunda consecutiva aos pés do PS liderado por António Costa.

    O líder dos social-democratas assumiu o desaire, admitindo no seu discurso que o seu partido não atingiu «nem de longe nem de perto os objetivos que queríamos».

    Rio justificou ainda a derrota com o facto de ter havido «um voto útil à esquerda absolutamente esmagador. O PSD até teve mais votos em praticamente todos os distritos, mas há aqui um fenómeno que efetivamente decidiu completamente as eleições: a esquerda mobilizou-se para evitar que o PSD pudesse nomear o primeiro-ministro, e à direita não houve a mesma união», lamentou.

    Sobre o seu futuro, o líder do PSD deixou pistas de que pode estar de saída do comando do partido, já que nas suas palavras e perante uma maioria do PS, «não estou a ver como posso ser útil com este enquadramento». Ainda em termos de números o PSD elegeu nestas eleições 71 deputados, aos quais se somam os três eleitos na Madeira (aqui em coligação com o CDS-PP) e os dois nos Açores (nesta região autónoma em coligação com CDS-PP e PPM).

    Mas nem tudo foi mau à direita. Chega e Iniciativa Liberal (IL) alcançaram resultados históricos que deixaram os dois partidos em completo êxtase. Em especial os primeiros, que atingiram um dos seus grandes objetivos nestas eleições: ser a terceira força política em Portugal. E conseguiram-no, com 7,15% dos votos. O Chega é o partido que mais cresce em representação na nova Legislatura, passando de um para 12 deputados. O líder do partido, André Ventura, foi assim um dos grandes vencedores da noite, prometendo no seu discurso triunfal que o Chega iria ser a «oposição» a António Costa, prometendo contrastar com a «oposição fofinha» de PSD e CDS.

    «Se o PS acha que vai ter a vida mais facilitada nesta Legislatura, nós vamos transmitir-lhe a mensagem precisamente oposta. Costa, eu agora vou atrás de ti», exultou Ventura na hora dos festejos, lamentando por outro lado a vitória de António Costa, que nas suas palavras «é má para o país».

    Quem também reforçou e muito a sua presença no hemiciclo foi a IL, que com 4,98% foi a quarta força política mais votada a nível nacional, passando de um para oito deputados eleitos. Visivelmente radiante com o resultado obtido, João Cotrim de Figueiredo, líder do partido, começou por dizer que «nestas eleições só há dois partidos que podem cantar vitória porque atingiram os seus objetivos. Um preocupa-nos: é a eventual (e mais tarde confirmada) maioria absoluta do PS. Já tive ocasião de cumprimentar António Costa e de lhe dizer que pode contar, no próximo Parlamento, com a oposição firme da IL. O outro partido que pode cantar vitória somos nós! E isso é motivo de profunda alegria».

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    Ainda numa análise aos resultados de Chega e IL para dizer que eles parecem mostrar, de certa forma, que a direita em Portugal está a mudar, já que em sentido contrário a estes dois partidos, no que concerne a crescimento acentuado, PSD e CDS-PP vivem dias conturbados. Sobretudo os populares, que nestas Legislativas escreveram uma página histórica… pela negativa. Pela primeira vez em 47 anos de democracia em Portugal o partido fica fora do Parlamento! Zero deputados eleitos, foi a consequência de uma votação de 1,61%. Perante este cenário, o líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, apresentou a sua demissão.

    Mau foi igualmente o resultado obtido pela maioria dos partidos posicionados mais à esquerda do PS, o mesmo é dizer Bloco de Esquerda (BE) e CDU. Esta queda dos dois partidos foi apontada por muitos comentadores políticos como consequência do chumbo do Orçamento de Estado para este ano, e que provocou a queda do Governo e a marcação de eleições antecipadas. Foi como que um cartão vermelho a CDU e BE por parte do eleitorado de esquerda que se uniu em torno do PS nestas Legislativas de 2022, assim opinaram muitos dos comentadores da nossa praça.

    Esta derrota terá sido mais dolorosa para os bloquistas, que perderam força parlamentar, passando de 19 para 5 deputados eleitos, fruto dos 4,46% obtidos, o terceiro pior resultado do partido em eleições Legislativas, desde que foi fundado. Perderam o terceiro lugar enquanto força política na Assembleia da República (AR) para o Chega. No rescaldo desta noite eleitoral, a coordenadora do BE, Catarina Martins, assumiu o «dia difícil e um mau resultado com que saberemos viver e saberemos responder ao nosso mandato». A líder bloquista justificou ainda este resultado como uma «estratégia do PS de criar uma crise artificial para ter uma maioria absoluta, ao que tudo indica, foi bem sucedida (como viria a ser)».

    Quem continua a cair é a CDU, que no dia 30 de janeiro não foi além do 6.º lugar nas intenções de voto, com 4,39%, tendo como consequência desta votação emagrecido a sua bancada parlamentar, isto é, perdeu metade dos deputados ao passar de 12 para 6. E viu ainda o seu fiel aliado nestas batalhas eleitorais, o Partido Ecológico “Os Verdes”, ficar sem qualquer deputado na próxima Legislatura. A CDU perdeu ainda deputados históricos, como é o caso de António Filipe, e viu João Oliveira, líder parlamentar dos comunistas na anterior Legislatura, perder o “comboio” rumo à AR no círculo eleitoral de Évora. Este foi o pior resultado de sempre em Legislativas para o partido liderado por Jerónimo de Sousa, que reconheceu a «perda significativa» de deputados da CDU.

    Quem esperaria outro resultado diferente daquele que obteve foi o PAN, que depois de ter sido uma das grandes surpresas das Legislativas de 2019, em que elegeu quatro deputados, perdeu força nestas eleições, fruto do 1,53% obtido, que se traduz na eleição de apenas um deputado. Por fim, o Livre que manteve o deputado conquistado há dois anos. O partido de Rui Tavares, que será o representante do Livre na próxima Legislatura, obteve um resultado melhor do que há dois anos, passando de 1,09% para 1,28%.

    Falemos agora da abstenção, que a nível nacional se cifrou nos 42,04%. Uma boa notícia, já que contrariamente aos atos eleitorais mais recentes houve mais pessoas a votar, mesmo em contexto de pandemia, o que é bastante positivo.

    MAIRORIA ABSOLUTA DO PS AINDA MAIS VOLUMOSA NO DISTRITO DO PORTO

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    Olhando agora para os resultados eleitorais no nosso distrito, a primeira nota a destacar é que também aqui o PS venceu folgadamente. E fê-lo com uma percentagem de 42,53%, superior à que foi obtida a nível nacional. O círculo eleitoral dos socialistas no Porto viu reforçada a sua presença no Parlamento, passando de 17 eleitos em 2019 para 19 deputados eleitos em 2022. Por sua vez, o PSD apesar de ter uma maior percentagem de votação nestas eleições do que em 2019, 32,33% em contraponto com 31,16%, perdeu um deputado, elegendo agora 14. Entres os deputados eleitos pelos social-democratas encontra-se Miguel Santos, atual vereador sem pelouros na Câmara Municipal de Valongo, que na lista pelo Porto ocupava a 11.ª posição. Em termos de percentagem o PSD nestas Legislativas conseguiu ao nível do nosso distrito uma votação bem maior do que a que alcançou em termos nacionais, isto é, os tais 32,33% contra os 27,80%.

    O terceiro partido mais votado no distrito foi a IL, que obteve 5,11%, relegando o Chega, que registou 4,37% dos votos – bem abaixo da percentagem nacional – para o quinto lugar como força partidária mais votada. No entanto, IL e Chega elegeram cada um deles dois deputados pelo Círculo do Porto.

    Quem perdeu força a nível distrital foi o BE, que mesmo sendo o quarto partido mais votado (com 4,78%) reduziu para metade o número de eleitos, passando de quatro para dois. Também reduzida para metade será a presença de deputados portuenses eleitos pela CDU na AR, ao invés dos dois eleitos em 2019, os comunistas passam agora a ter apenas um representante, fruto dos 3,28% obtidos.

    No que concerne à abstenção esta cifrou-se em 38,16%, um valor muito positivo, em comparação com eleições anteriores, e quase menos quatro pontos percentuais do que a média nacional.

    EM VALONGO A VITÓRIA SOCIALISTA FOI AINDA MAIS EXPRESSIVA

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    No que diz respeito ao nosso concelho, constatamos que a vitória do PS foi ainda mais expressiva se comparada com os números nacionais e distritais. Aqui, os socialistas venceram com 45,02%, tendo ao nível das freguesias sido em Alfena onde conquistaram uma percentagem maior: 46,37%. Dizer que todas as freguesias do nosso concelho deram a vitória inequívoca ao PS. Já o PSD teve a nível concelhio um resultado muito semelhante àquele que foi obtido a nível nacional, fixando-se aqui nos 27,92%. Alfena tem aqui mais uma vez um papel de destaque nesta análise, já que foi nesta freguesia onde os social-democratas obtiveram a sua melhor votação: 29,16%.

    E se a nível nacional o BE perdeu o lugar de terceira força partidária, no concelho de Valongo isso não aconteceu. Os bloquistas permanecem como a terceira força mais votada, com 5,81%, mas ainda assim com menos quase seis pontos percentuais do que em relação a 2019, sinal de que o partido teve também aqui uma queda acentuada. Em termos de freguesias foi em Ermesinde onde os bloquistas tiveram a sua melhor votação, com 6,19%. A CDU passou de quarto para sexto lugar em termos de força mais votada a nível concelhio. Os comunistas somaram 3,96%, sendo que foi em Campo/Sobrado onde registaram a sua melhor votação, com 6,67%, muito devido ao seu fiel eleitorado de Campo, estamos em crer.

    Já os dois partidos de direita que mais cresceram nestas legislativas, o Chega e a IL, registaram uma votação muito semelhante, 4,78% e 4,79%, respetivamente.

    Por fim, o PAN, que a nível concelhio teve quase metade dos votos obtidos em 2019, isto é, contabilizou 2,14%, quando há dois anos obteve 4,17%.

    No que diz respeito à abstenção ela foi no nosso concelho de 40,19%, dois pontos percentuais abaixo do nível nacional. Em termos de freguesias foi em Valongo onde se verificou uma taxa de abstenção mais baixa: 38,33%.

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    Por: Miguel Barros

     

     

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