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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-01-2021

    SECÇÃO: História


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    MEMÓRIAS DA NOSSA GENTE (19)

    Artes e ofícios tradicionais

    Recordando “Memórias da Nossa Gente”, nesta edição, inicio uma abordagem às artes e ofícios tradicionais, que tinham expressão em Ermesinde de outros tempos. Hoje falaremos dos jugos e cangas que adornavam as juntas de bois.

    O facto de estarmos perante uma povoação rica, sob o ponto de vista agrícola, explica que muita da arte popular esteja ligada às actividades da terra. Um mundo imenso de práticas e saberes, ligados sobretudo ao princípio da sobrevivência nos campos e hoje praticamente desaparecidos, nos esperam, embora nem a todos possamos dar a atenção merecida.

    Os jugos, as vassouras, a cestaria e tanoaria, bem como outros artefactos do mesmo género, por motivos que depois explicaremos, terão lugar proeminente. Depois, como é compreensível, passaremos para o entretenimento.

    Não é por acaso que, muitas destas actividades, ainda subsistem entre nós, mesmo se tivermos em conta que, por razões de espaço e mesmo de carácter material, algumas mudaram para a nossa irmã(2) e vizinha freguesia de Alfena.

    Tendo por centro, agora, o agricultor, ou melhor dizendo, o homem rural, ligado ou não, hoje, aos campos, analisaremos a sua própria arte na feitura de alfaias agrícolas e outras peças do seu quotidiano.

    Tendo como premissa que estamos a trabalhar numa época anterior ao plástico, deixaremos, para que os jovens de hoje possam comparar o que eram as diversões e os entretenimentos para as crianças, em certas famílias de extracto social mais pobre, fabricados pelos próprios pais ou parentes e onde alguns quase se equivaliam pelo menos, em segurança, às peças saídas da oficina do artesão.

    Por último, porque se trata de trabalhos mais complexos, debruçar-nos-emos sobre os arados e a construção de carros de bois e referiremos, muito sinteticamente, os mecanismos usados para tirar água dos poços.

    A maioria destes temas, contudo, ultrapassará o mero tratamento local e integrar-se-ão num âmbito mais vasto, que pode mesmo chegar à área provincial.

    SERAFIM MECHAS, AINDA JOVEM, COMEÇA A TRABALHAR A ARTE DOS JOGOS
    SERAFIM MECHAS, AINDA JOVEM, COMEÇA A TRABALHAR A ARTE DOS JOGOS

    JUGOS, CANGAS

    E OUTROS

    Poucos dos nossos conterrâneos sabem que muitos dos jugos e cangas, bem como outros apetrechos complementares(3), usados há uns anos nas juntas ou só num boi, eram confeccionadas na nossa terra e daí o interesse que dedicamos a este capítulo.

    Comecemos por dizer que a família que fabricava artesanalmente estas peças era a conhecida família «Mechas», no antigo lugar do Ribeiro(4), hoje conhecido, genericamente, por Palmilheira. Uma família antiga que dividia a sua vida por uma pequena agricultura de subsistência e pelo seu «boi de cobrição», actividade esta ligada à reprodução natural que, ao contrário das outras actividades, a tornou mais conhecida e mediática e a que não são estranhas as piadas(5) e as brejeirices que a mesma proporciona. Os «Mechas», pelo que conseguimos apurar, dedicam -se na nossa terra, há gerações, a esta arte(6), conforme se alude num estudo sobre esta problemática, a nível do Douro Litoral. O guardião actual destas memórias e destes saberes é o filho mais novo de Domingos Ferreira da Silva, o «Mechas» já falecido, que dedicou toda a sua vida a esta arte, como já o fizeram os seus antecessores. Serafim, assim se chama o actual representante desta família de artesãos, teve ainda, durante cerca de vinte anos, a companhia de seu irmão Joaquim que, por razões de subsistência e outras, mudou de actividade, embora, reconhecidamente, fosse tido como um homem talentoso.

    (...)

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    (continua)

    1 Este artigo (texto e fotos) baseia-se na publicação do autor, “Ermesinde: Memórias da Nossa Gente”. O autor não segue o atual Acordo Ortográfico.

    2 Usa-se o termo irmã, porque ambas as freguesias foram destacadas, em 1836, do Concelho da Maia, para se integrarem no recém-criado Concelho de Valongo.

    3 Aqui, incluímos não só a maior parte dos utensílios ligados aos animais que trabalhavam no campo, ou puxavam carros como também, todo o tipo de instrumentos de couro.

    4 Lugar do Ribeiro - lugar que deve o nome ao facto de ser atravessado pelo Rio Tinto, que nasce na nossa cidade.

    5 «O boi do Mechas» era mote para todo o tipo de brincadeiras. Era vulgar ouvir-se dizer «tens de ir ao boi do Mechas».

    6 Este jugueiro e o seu irmão que se estabeleceu em Gondomar, segundo Armando Matos em a «Arte dos Jugos e Cangas do Douro Litoral», «são ambos filhos de outro feitor de jugos, chamado Manuel Ferreira da Silva, conhecidos por Ti Manel Meicha ou Mechas do Lugar da Palmilheira (Ermesinde) que era filho de outro Domingos Ferreira da Silva, o Mechinhas também jugueiro».

    Por: Jacinto Soares

     

     

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