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    Arquivo: Edição de 15-12-2020

    SECÇÃO: História


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    ACONTECEU HÁ UM SÉCULO (20)

    Trasladação dos restos mortais de D. Pedro II para o Brasil

    O Brasil, depois de se ter tornado independente de Portugal (1822), no contexto da Revolução Liberal portuguesa, teve apenas dois imperadores: D. Pedro I (o nosso D. Pedro IV que devolveu o regime liberal a Portugal, após a Guerra Civil, que também ficou conhecida como “Cerco do Porto”) e o seu filho D. Pedro II, que foi imperador com apenas 5 anos de idade, quando seu pai abdicou do trono brasileiro para vir lutar contra o irmão D. Miguel pela devolução do trono português a sua filha, D.ª Maria da Glória. Este último seria deposto com a proclamação da República no Brasil, no dia 15 de novembro de 1889. Veio para a Europa exilado, passando por Portugal (onde sua esposa morreu num Hotel do Porto, pouco mais de um mês passava desde que foram depostos do trono imperial) e fixando-se em Paris, onde viria a falecer no dia 5 de dezembro de 1891. Seriam sepultados no Panteão Nacional em Lisboa, de onde foram trasladados em 22 de dezembro de 1920, há um século.

    A trasladação dos restos mortais do imperador D. Pedro II e de sua mulher D. Teresa Cristina, do Panteão de S. Vicente (Lisboa) para o Brasil, aconteceu no dia 22 de dezembro de 1920. A imprensa portuguesa deu grande destaque ao acontecimento, dizendo que os republicanos brasileiros cumpriam, assim, uma dívida de gratidão que tinham para com os seus últimos imperadores.

    De facto, o Brasil teve uma monarquia que se reduziu a dois imperadores: D. Pedro 1 e D. Pedro II, mas este viu interrompido o seu mandato, pela proclamação da República, a 15 de novembro de 1889.

    O 1.º nasceu no Palácio de Queluz, e aí morreu também, ainda não tinha 36 anos, após uma vida plena de acontecimentos da maior relevância política, num e no outro lado do Atlântico. Entretanto, havia proclamado a Independência do Brasil em 1822 e feito uma guerra civil em Portugal, contra o irmão D. Miguel, com o objetivo de devolver o trono de Portugal a sua filha D. Maria II em quem havia abdicado pouco depois da morte do pai (D. João VI) e fazer retornar o regime português à Monarquia Constitucional, conforme ditara a Revolução do Porto de 24 de agosto de 1820.

    Esta boa vontade dos republicanos portugueses para com os últimos monarcas do Brasil talvez se deva ao facto do velho imperador brasileiro nunca ter feito nada para restaurar o regime monárquico no Brasil.

    A “Ilustração Portuguesa” do dia de Natal de 1920 traz fotos sobre a trasladação dos imperadores do Brasil, vendo-se, numa delas, a coroa fúnebre oferecida pelo Presidente da República, sr. dr. António José d’Almeida, e as coroas oferecidas pela comissão organizadora das exéquias aos Imperadores do Brasil. Noutra imagem pode ver-se a igreja de S. Vicente decorada para nela se efetuarem as exéquias promovidas pela colónia brasileira à memória dos imperadores do Brasil.

    A "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA", EDIÇÃO N. 776, TROUXE A REPORTAGEM DA TRASLADAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DOS IMPERADORES DO BRASIL
    A "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA", EDIÇÃO N. 776, TROUXE A REPORTAGEM DA TRASLADAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DOS IMPERADORES DO BRASIL
    A reportagem da “Ilustração Portuguesa” sobre a trasladação dos restos mortais dos últimos imperadores do Brasil, prossegue na edição seguinte (n.º 776, 1 de janeiro de 1921) donde transcrevemos o seguinte excerto: «Realisou-se a trasladação dos imperadores do Brasil para o torrão onde reinaram após o exílio de 31 anos.

    Foi uma cerimonia cheia de veneração, de simpatia e de homenagem por uma das excelentes testas coroadas da historia. A ela concorreu tudo o que em Lisboa de melhor existe nas classes oficiais e representativas. Realisaram-se exéquias solenes e em coches os feretros foram transportados para o Arsenal da Marinha, donde o vapor “Trafaria” os levou a bordo do couraçado “S. Paulo”. Marinheiros e infantaria da marinha brasileira fizeram as honras funebres na lutuosa cerimonia.»

    Também “A Capital” do dia 22 de dezembro de 1920, logo na 1.ª página (com continuação na 2.ª), sob o título «Imperadores do Brasil / A trasladação dos seus restos mortaes / revestiu extraordinaria imponencia – Uma justa homenagem, que é o pagamento duma divida de gratidão», faz uma desenvolvida reportagem do grande acontecimento social a que se associou a República Portuguesa.

    As ruas por onde iria passar o cortejo fúnebre encheram-se de público, e as janelas e varandas também estavam repletas de gente. Às 8h30m já mais de meio milhar de polícias impediam que o povo avançasse a linha dos passeios. No Largo de S. Vicente só podiam entrar as pessoas que iam para a Igreja. Às 9h da manhã tudo estava a postos. Entre os convidados estava o representante do chefe do Estado (ausente por doença), membros do Governo, altas esferas militares (da GNR, Exército e Armada), Cardeal Patriarca, corpo diplomático, o Núncio Apostólico, os representantes da Câmara de Lisboa, senadores, deputados, alguns bispos portugueses, representantes de D. Manuel II, Cabido da Sé Catedral, Embaixador, cônsul e vice-cônsul do Brasil, membros das direções das associações Comercial e Industrial e membros da comunidade brasileira em Portugal.

    Pelas 10h, foram removidas as duas urnas do Panteão para o templo, tendo sido lido o respetivo auto por um funcionário superior do Ministério da Justiça. Seguiram-se as orações do ritual pelo presidente do Cabido, acolitado por arcebispos. Terminada a cerimónia, os marinheiros e fuzileiros de marinha do “S. Paulo” desceram as urnas com os restos mortais dos últimos imperadores e preparou-se um pequeno cortejo até à Igreja. À frente, várias irmandades, seguidas pelo Cabido da Sé. O Cardeal Patriarca, acompanhado pelos bispos e membros do Cabido, esteve presente na missa de “requiem” que foi celebrada pelo cónego Sequeiro Móra. Finda a missa, o bispo de Portalegre fez uma oração aos defuntos que há mais de 20 anos ali jaziam. Referindo-se ao imperador, recordou que foi ele que, em 1871, acabou com a escravatura no Brasil, falou depois dele, «como homem de sciencia e de letras, cultor apaixonado das escolas, academias, estradas, caminhos de ferro, tudo em resumo teve nele um impulsionador. Só o viam feliz quando via feliz o povo».

    Quanto à Imperatriz o orador falou dela como «o verdadeiro anjo do lar e da pobreza» a quem os brasileiros chamavam carinhosamente como “Mãe dos Brasileiros”, que viria a falecer num hotel do Porto, pouco mais de um mês depois da deposição da monarquia no Brasil.

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    Por: Manuel Augusto Dias

     

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