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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-05-2020

    SECÇÃO: Destaque


    DOSSIÊ “ENSINO À DISTÂNCIA: DESAFIOS E DIFICULDADES”

    Um “novo ensino” visto aos olhos da Escola

    Nem só os pais e alunos tiveram de se adaptar a esta nova realidade de ensino em tempos de pandemia. Também escolas, e consequentemente professores, tiveram de se moldar a este cenário em que alunos e professores deixaram de partilhar salas de aula para partilharem plataformas virtuais. Todos, sem exceção, tiveram de se adaptar à tal nova realidade em que as plataformas virtuais são fundamentais para levar por diante a missão de ensinar/aprender. E depois de ouvir os pais (nos textos anteriores) fomos ouvir as escolas, neste caso o Agrupamento de Escolas de S. Lourenço (AESL), que através das professoras Conceição Teixeira e Isabel Vilhena, nos deram a conhecer as impressões/opiniões e/ou balanços (desde meados de março até agora) de uma realidade com que ninguém estaria a contar e que no caso dos 1.º e 2.º ciclos (mais o 10.º ano e o 11.º 12.º nas disciplinas em que não há exame) irá ser uma realidade até final do presente ano letivo.

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    A Voz de Ermesinde (AVE): O Ministério da Educação exigiu que os Agrupamentos criassem um modelo de Ensino à Distância que conseguisse dar resposta à interrupção do modelo de ensino presencial, em virtude da pandemia. Desde 16 de março (altura em que o Governo decretou o fecho das escolas) até aos dias de hoje, como é que o vosso agrupamento (e todas as escolas que a ele estão ligadas) se adaptou a esta nova realidade?

    Agrupamento de Escolas de S. Lourenço (AESL): No dia 12 de março, as escolas portuguesas foram confrontadas com o anúncio do seu encerramento a partir do dia 16 de março por razões de saúde pública - (Covid-19). Uma nova realidade, um novo desafio, uma nova esperança, uma nova forma de ensinar se colocava aos professores para conseguirem chegar aos seus alunos, transmitindo-lhes confiança, e segurança aos encarregados de educação/pais. O Agrupamento de Escolas de São Lourenço - Ermesinde, desde logo se organizou no sentido de reunir as condições necessárias em matéria de comunicação, colaboração e ensino à distância. Nas duas semanas que antecederam a interrupção letiva da Páscoa, os Professores Titulares de Turma/Diretores de Turma tiveram um papel fundamental no contacto com os encarregados de educação e com os alunos, via correio eletrónico e/ou telemóvel, para os informar e orientar sobre as novas estratégias e ferramentas digitais que seriam usadas para prosseguirem as aprendizagens. Neste período, foram preparados planos de atividades com tarefas orientadas para os alunos realizarem, que foram enviadas via correio eletrónico. Para uma comunicação célere, fácil e abrangente, os professores facilitaram aos alunos os seus contactos telefónicos e/ou de correio eletrónico e criaram grupos no WhatsApp. Este foi um período de reflexão e de adaptação por parte de toda a comunidade educativa. Os heróis foram, sem dúvida, os alunos. Mostraram grande maturidade, interesse, mas também bastantes dificuldades nesta nova forma de ser aluno, no entanto, com o apoio conjunto, aos poucos, todos se foram adaptando à realidade que os esperava no terceiro período.

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    AVE: Nunca como agora o recurso aos meios eletrónicos e digitais foi tão necessário para garantir a continuidade do ensino. Como é que ocorreu, por parte de professores e de alunos, a adaptação a esta realidade, no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem?

    AESL: Iniciado o 3.º período, e com diretrizes mais claras do Ministério da Educação, o Agrupamento continuou a refletir o ensino à distância. Sob a orientação da Sub-diretora Vera Borges Lopes, os docentes uniram-se, partilharam ideias e trabalharam no sentido de, num curto espaço de tempo, encontrarem um melhor entendimento e uniformização de procedimentos para operacionalização de um plano de ensino à distância do Agrupamento, facilitador da interação com todos os alunos e que serenasse os pais. O plano incluiu a atualização da plataforma Moodle do Agrupamento; a inscrição dos alunos na plataforma Moodle; formação para docentes sobre a plataforma Moodle; a criação de endereços eletrónicos institucionais para todos os alunos do Agrupamento, que lhes permitiu aceder às aulas síncronas no Google Reunião; reuniões de Conselhos de Turma para elaboração de horários para as aulas síncronas, em consonância com as aulas transmitidas pela RTP Memória – Estudo Em Casa; e reuniões de Departamento/Grupos Disciplinares para definição de recursos e estratégias pedagógicos mobilizadores das diferentes aprendizagens no contexto do ensino à distância.

    AVE: Se até aqui andámos a lutar para que os mais novos se mantivessem afastados do uso intensivo destes dispositivos, agora é a própria escola a exigir que estes olhem para eles, mais tempo do que era habitual, para poderem continuar a aprender. Vocês, “escola”, têm conseguido isso dos vossos alunos, que eles olhem para estes dispositivos da mesma forma como se estivessem numa sala de aula presencial, e desta forma estejam atentos, cumpram o seu papel de alunos?

    AESL: No Projeto Educativo o Agrupamento de Escolas de São Lourenço – Ermesinde pode ler-se que a sua Missão é preparar os seus alunos “para os desafios do futuro, que reclama uma grande capacidade de adaptação a novas e inesperadas situações de vida, tornando-os seres realizados e livres, cidadãos responsáveis e capazes de uma intervenção social empenhada e transformadora”. Ora, neste desafio de ensino à distância, tem sido este o caminho: levar os alunos a usarem os seus conhecimentos ao nível das novas tecnologias ao serviço do ensino-aprendizagem de forma responsável e empenhada, como objetiva o Projeto Tecnológico de Educação desenvolvido no Agrupamento. Assumindo-se como “uma escola para o futuro”, promotora do desenvolvimento holístico dos alunos, a literacia digital tem vindo a ser uma aposta do Agrupamento, como um meio de aprendizagem e melhoria do sucesso académico e social dos alunos, o que no momento agiliza a estratégia de ensino à distância traçada pelo Agrupamento. Apesar do Manual Escolar continuar a ser um instrumento de estudo, as ferramentas digitais são na realidade mais utilizadas e diversificadas. Esta diversidade de ferramentas e o acompanhamento atento dos professores e dos encarregados de educação/pais tem motivado os alunos para a aprendizagem. O ecrã é agora o espelho da sala de aula, e os alunos, de modo geral, estão a cumprir o seu papel de aluno.

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    AVE: Por falar em ferramentas tecnológicas, nem todos os alunos, certamente, terão acesso a essas ferramentas, como computadores, tablets e uma boa ligação à internet. Como é que o agrupamento tem superado esta barreira?

    AESL: Inicialmente, a situação dos alunos sem acesso à internet foi salvaguardada pelo Agrupamento através de material didático em suporte papel, disponibilizado na Reprografia da Escola Sede aos encarregados de educação. No entanto, o plano estratégico pautava por garantir a todos os alunos acesso às plataformas digitais, para isso muito contribuiu o apoio da Câmara Municipal de Valongo que disponibilizou computadores e acesso à internet aos alunos carenciados.

    AVE: O facto de muitos alunos não terem esses meios pode levar a desigualdades sociais...

    AESL: O Agrupamento tentou mitigar as desigualdades sociais com a recolha de dados através do envio/preenchimento de inquéritos, enviados pelos Professores Titulares de Turma /Diretores de Turma, aos encarregados de educação/pais com o intuito de apurar os recursos tecnológicos ou espaços digitais de que dispunha o agregado familiar para uso pessoal.

    AVE: Como têm acompanhado os casos dos alunos com mais dificuldades e que no ensino à distância possam agravar ainda mais essas dificuldades?

    AESL: Os Professores Titulares de Turma/Diretores de Turma, no geral, todos os professores têm acompanhado os seus alunos, verificando a sua presença nas aulas síncronas e, em caso de ausência e/ou por falta de realização das tarefas propostas, os encarregados de educação/pais são contactados no sentido de se averiguar as causas do incumprimento. Para apoio na implementação da plataforma Moodle, assim como na utilização dos recursos digitais, foi criada uma Equipa de Apoio TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), e um horário de apoio presencial, com agendamento prévio, por telefone, para a Escola Sede do Agrupamento, tendo em conta as medidas de prevenção da Covid-19, assim como o elevado número de pedidos de apoio.

    AVE: Tem sido fácil motivar os alunos para as aulas neste sistema de ensino à distância? Uma vez que estando em casa, eles podem estar um pouco mais relaxados e desligados da responsabilidade de “ir à escola”...

    AESL: Os contratempos iniciais que surgiram foram sendo superados através de contactos frequentes e total disponibilidade por parte dos Professores Titulares de Turma/Diretores de Turma/Docentes para esclarecimento de dúvidas acerca de todo o processo, tanto no âmbito dos conteúdos programáticos, como no uso das ferramentas pessoais e, não menos relevante, no incentivo à participação nas atividades com mensagens de positividade e efetividade. Neste momento, os alunos, na sua maioria, dominam o plano estratégico traçado pelo Agrupamento para o ensino à distância. Sabem que as atividades são propostas semanalmente pelas várias disciplinas e colocadas na plataforma Moodle e que, após a sua realização, é também por esta plataforma que as devem enviar para os professores. Nas aulas síncronas, os professores apresentam e esclarecem dúvidas sobre os conteúdos e as atividades propostas nos planos de trabalho semanais e fazem avaliações através de plataformas digitais. Nas aulas assíncronas, os alunos colocam dúvidas através do envio de mensagens pelo correio eletrónico ou no Fórum do Moodle, ou outros meios definidos com os professores.

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    AVE: Na opinião do agrupamento a tecnologia pode vir a substituir a o sistema presencial da Educação? Esta crise faz com que caminhemos para isso no futuro imediato?

    AESL: Apesar de estarmos na época do digital e o ensino à distância poder ter a vantagem de aumentar a autonomia dos alunos e permitir-lhes gerir o seu tempo de estudo, o ensino presencial é essencial na Educação. A presença do professor continua a ser importante na flexibilização do método de ensino. É fundamental que o aluno tenha junto de si um professor que o ajude a lidar com as suas distrações, a definir e cumprir horários de estudo, a compreender conteúdos programáticos e desenvolver valores de cidadania. A sala de aula gera uma maior interação entre todos os intervenientes, estimula o trabalho de grupo e atitudes de entreajuda e respeito. O tempo destinado à aula síncrona limita o diálogo, fica a sensação de uma narrativa por concluir, o que não acontece numa aula presencial, uma vez que professor/aluno partilham o mesmo espaço. Em suma, apesar de recentemente se evidenciar uma aposta na modalidade do ensino à distância, esta modalidade nunca poderá substituir o ensino presencial, não só porque as suas características podem não ser adequadas aos perfis de todos alunos e a necessidade absoluta de uma boa conexão à internet nem sempre é possível.

    AVE: E o rendimento escolar dos vossos alunos, neste tempo de ensino à distância, como tem sido? Notam diferenças? Para pior ou melhor? Em suma, quais as dificuldades, se as têm, para captar a atenção dos alunos e para que eles tirem o máximo proveito das aprendizagens essenciais, como se estivessem na escola?

    AESL: O Agrupamento tem vivenciado situações bastante diferentes. Há alunos que estão a revelar um maior empenho no estudo e na realização das tarefas, colocando dúvidas, mas também se tem verificado o inverso. Para evitar a desmotivação e colmatar dificuldades, os professores incitam os alunos a colocarem dúvidas sem constrangimentos, respondem prontamente às dúvidas colocadas, procedem ao feedback do trabalho elaborado pelos alunos, para que tenham consciência de que o professor acompanha o seu desempenho escolar e que o mesmo é avaliado.

    AVE: E como tem sido a interação com os encarregados de educação neste sistema de ensino à distância? Notam que também os pais estão a ter alguma dificuldade, ou não, para, estando em casa, acompanhar os filhos nesta tarefa escolar? Tendo em conta que também eles estão em casa, ou em teletrabalho, ou em lay-off, e como tal têm de desempenhar quase dois papéis em simultâneo: o de empregado e o de “professor” dos filhos.

    AESL: É sem dúvida um trabalho árduo, que exige dos alunos muito trabalho autónomo, sendo de destacar, também, o papel que os encarregados de educação/pais desempenham neste processo. Muitos deles confessam que “voltaram à escola”, mas não num sentido crítico, mas num sentido construtivo, estando a ajudar, estão a aprender, envolvendo-se neste novo sistema de ensino.

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    Por: Miguel Barros

     

     

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