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    Arquivo: Edição de 31-01-2020

    SECÇÃO: Local


    GENTE DA NOSSA TERRA

    Apesar de aos 15 anos ser já bi-campeã do Mundo Beatriz Mendonça sonha ir mais além no karaté

    Serão provavelmente pouco(a)s o(a)s atletas que aos 15 anos de idade se podem orgulhar de ostentar no seu palmarés dois títulos mundiais, seja qual for a modalidade e/ou categoria. Beatriz Mendonça é uma dessas exceções no Mundo do desporto, e foi com ela que estivemos à conversa no também jovem – em termos de existência – Ermesinde Clube de Karaté, o emblema que esta jovem estudante da Escola Secundária de Ermesinde representa. Numa conversa descontraída abordamos os contornos da sua gloriosa carreira, o seu dia a dia fora da competição e do meio escolar, entre muitas outras curiosidades da jovem que em setembro passado alcançou o ceptro mundial em kumite, por equipas, no escalão de cadetes femininos, e que encara o karaté como muito mais do que uma atividade extracurricular, digamos assim. Sem mais demoras, passamos a palavra a Beatriz Mendonça.

    Fotos ALBERTO BLANQUET
    Fotos ALBERTO BLANQUET
    A Voz de Ermesinde (AVE): Como e quando começaste a praticar a modalidade?

    Beatriz Mendonça (BM): Comecei a praticar a modalidade com 5 anos. Inicialmente, no meu colégio tinham atividades extracurriculares como o karaté e o ballet e como os meus pais me incentivavam a praticar uma atividade eu escolhi o karaté porque o ballet não me despertava muito interesse. Depois abriu um clube perto desse colégio e foi aí que conheci o meu "sensei" e a partir de então comecei a fazer exames de graduação. Porém, nunca pensei em entrar em competições. Acabei por mudar algumas vezes de clube até vir para o Ermesinde Clube de Karaté, onde comecei a treinar mais a sério para as competições. Até chegar às competições foi um processo um pouco lento. O Jorge Sousa (o meu "sensei") começou por me levar a torneios mais pequenos para adquirir mais experiência e com o passar do tempo fui subindo, aos poucos, até chegar onde estou hoje.

    AVE: Em setembro passado conseguiste alcançar, na Malásia, o título mundial de kumite, por equipas, em cadetes femininos. Qual foi a sensação de te teres consagrado campeã do mundo na modalidade que praticas e ainda por cima tão nova?

    BM: No ano anterior já tinha participado no Campeonato do Mundo e ganho o título (nota: de juvenis, também por equipas), algo que eu não estava à espera de, passado um ano, voltar a conseguir. Alcançar pela segunda vez o título foi algo indescritível! Foi um grande marco para mim, uma motivação!

    AVE: Achas que o desporto é essencial na vida de qualquer indivíduo, e nesse sentido como encaras o desporto na tua vida?

    BM: Sim, acho que o desporto além de fazer bem à saúde alivia-me o stress de certo modo, pois eu estou num ano (escolar) complicado e tenho sempre muitos testes e trabalhos para fazer. Então, o facto de vir treinar ao final do dia é um alívio, esqueço o que está lá fora e foco-me só no treino!

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    AVE: No princípio de novembro último participaste no prestigiado “Maia International Karate Open 2019”, de onde saíste com um 1.º lugar em kumite no escalão de cadetes femininos. Como foi essa experiência?

    BM: Foi uma experiência boa, normalmente os torneios realizados cá são sempre internacionais, porém no meu escalão não costuma ter atletas internacionais e acabei por ter o privilégio de competir com uma atleta de nacionalidade francesa! Foi uma grande sensação de felicidade ir para aquele palco gigante e ganhar. Acabou por ser uma experiência diferente! Contudo na Malásia, acabou por ter um gosto mais especial, porque acaba por ser tudo diferente! Tive mais satisfação na Malásia e guardo até hoje amizades que fiz com alguns atletas.

    AVE: Olhando para trás, e apesar de seres ainda muito nova, tens já um currículo invejável em termos desportivos. Quais foram, ou qual é, a prova mais importante da tua carreira, aquela que guardas na memória por alguma razão, a que deu mais gozo conquistar…

    BM: … A prova em que participei na Roménia há dois anos atrás, país onde foi realizado o campeonato do mundo de Goju-Ryo! Foi a primeira vez que estive num campeonato desse estilo e acabei por ser condecorada com duas medalhas, uma de bronze na categoria individual e outra de ouro na categoria de equipas! Destaco sobretudo a equipa fantástica que fez parte desse campeonato e até hoje damo-nos muito bem, acabando por ser uma sensação extraordinária pelo apoio da equipa toda. Foi muito bom.

    AVE: Sentes que, de certo modo, as entidades responsáveis pelo karaté em Portugal te deviam apoiar mais nas competições fora do país?

    BM: Sim, de certo modo sim, porque tudo acaba por ser financiado por mim, pelos meus pais e por dois patrocínios que tenho, que são o Bar Vila e a empresa José Fonseca (empresa de construção civil que tem o nome do dono) e, mesmo assim, com o auxílio deles, as viagens acabam por ser muito caras, bem como as participações nas provas. Acho que a Associação de Karaté poderia desenvolver um contrato com os atletas onde pudesse contribuir com metade (do financiamento), pelo menos, pois já era uma grande ajuda!

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    AVE: Já que falamos em apoios (monetários), sentes que devias ter mais apoios?

    BM: As idas que eu faço são pagas por mim e pelos meus pais, com o auxílio dos dois patrocinadores que tenho comigo, como já referi! Acho que por ser muito nova os possíveis apoios que eu poderia ter não me veem como um futuro para a modalidade e, também, pelo facto do karaté não ser uma modalidade muito falada! Embora, na minha ótica, eu e outros atletas podemos fazer do karaté uma grande modalidade!

    AVE: Já agora como vês/analisas o estado da modalidade em Portugal, ou seja, se está bem ou mal, e o que na tua opinião falta para ela crescer ainda mais?

    BM: Aqui em Portugal está muito incutido o futebol e esquecem-se de outras modalidades, como o atletismo, o karaté, entre outras! Acho que podiam distribuir melhor os fundos monetários de igual forma para todas as modalidades, porque temos muitos campeões do mundo em diversas modalidades e ninguém sabe!

    AVE: Como relacionas a tua vida académica com os treinos e as competições? Já agora, em que ano estás e onde estudas?

    BM: Estudo na Escola Secundária de Ermesinde e estou no 10.º ano na área de Ciências e Tecnologias! Conciliar os treinos com a escola é um pouco difícil, porque muitas vezes eu chego ao clube por volta das 18H00 e tenho de estar a estudar antes dos treinos. Aproveito sempre todos os momentos para estudar, porque se eu não aproveitar acaba por ser impossível conciliar as duas coisas!

    AVE: A relação com os teus colegas e restante comunidade escolar é positiva? Isto é, como é que os teus colegas se relacionam contigo sabendo que tu és campeã do Mundo de uma modalidade?

    BM: É positiva, embora alguns deles não saibam desse título. Por isso, eu ser campeã mundial acaba por não ter muita influência na relação com os meus colegas, porque o karaté não é um desporto muito comentado, como referi. Contudo, os meus colegas mais próximos de mim, que sempre estiveram comigo, já se interessam e perguntam como correm as provas. Porém, eu estou numa turma nova agora, onde ninguém me conhece ainda muito bem e não sabem que eu pratico karaté!

    AVE: E em casa…

    BM: Os meus pais ajudam-me imenso em casa, ajudam-me sempre a tentar conciliar as coisas e a canalizar o meu tempo para todas elas, porque sem eles eu não conseguia fazer tudo o que faço! Sei que sentem muito orgulho em mim e em qualquer coisa que eu faça de positivo estão sempre lá para mim.

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    AVE: Neste teu trajeto desportivo certamente que tens o apoio de pessoas que te são próximas, além dos teus pais, e nesse sentido pergunto-te quem são os teus pilares?

    BM: Os meus pilares são os meus pais e o meu treinador, o Jorge Sousa! Sempre que algo corre mal, sempre que eu preciso eles estão cá para mim e ajudam-me sempre! Acabo por guardar para mim algumas frustrações que tenha de alguns golpes que correm menos bem!

    AVE: E o teu clube, o Ermesinde Clube de Karaté, o quão tem sido importante neste teu percurso?

    BM: O clube formou-se relativamente há pouco tempo, mas tem sido um grande apoio neste meu percurso! Para já, sou a única que faço competições de forma mais regular, mas espero passar aos mais pequeninos a vontade de quererem fazer o tipo de karaté que eu faço, bem como participar em competições e provas!

    AVE: No futuro o que pensas seguir profissionalmente, já tens um caminho delineado?

    BM: Eu querer queria seguir profissionalmente o karaté, mesmo até dar aulas, o que seja! Acho que o karaté é o foco a nível profissional! Contudo queria tirar o curso de fisioterapia, porque acho que dá para conciliar com o karaté e dá sempre jeito caso haja alguma lesão!

    (...)

    Leia esta entrevista na íntegra na edição impressa.

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    JOANA OLIVEIRA

     

     

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