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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 31-10-2019

    SECÇÃO: Ciência


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    Microplásticos um problema bem real

    Neste mês de outubro iremos focar-nos num tema bastante atual e que tem tido um grande destaque, o plástico. Afinal, qual é o grande problema deste material? Será o plástico um aliado ou um inimigo?

    O plástico, como sabemos, não é um recurso natural, ou seja, não o encontramos naturalmente presente na natureza. É um produto sintético, feito pelo homem em processos industriais químicos.Mas a história do plástico apenas começou no séc. XIX, com o inglês Alexander Parkes que, em 1862, descobriu um material orgânico proveniente da celulose. As pesquisas de Parkes tinham como objetivo encontrar um material que fosse uma alternativa à borracha, que era a matéria-prima utilizada em muitos produtos da época.

    Desde essa altura a evolução foi tremenda e, hoje em dia, segundo a Comissão Europeia, estima-se que cada cidadão europeu produza anualmente cerca de 58 toneladas de plástico. Já não sabemos viver sem ele!Mas então qual é o grande problema do plástico?

    A“inundação”que tem acontecido ao meio ambiente com resíduos de plástico, quando muitos terão uma vida útil de meros minutos e demoram séculos para desaparecer na natureza. Até porque de todos estes plásticos produzidos só 30% têm como destino a reciclagem…

    Quando falamos em resíduos provenientes dos plásticos, os microplásticos surgem como um dos principais problemas. Os microplásticos são minúsculos pedaços de material plástico com menos de 5 milímetros e podem ter diversas origens como: lavagem de roupas sintéticas, desgaste dos pneus durante a condução, degradação de objetos de plástico maiores como sacos de plásticos, garrafas ou redes de pesca, etc.. Outro dos problemas associados aos microplásticos, é que entre 69% e 81% destes materiais se encontram nos oceanos, entrando indiretamente na cadeia alimentar dos seres vivos que têm neste local o seu habitat. Os números são tão impressionantes que estima-se que cerca de 90% da água engarrafada tem vestígios de plástico, pelo que todos nós já ingerimos estes pequenos resíduos!

    A grande distribuição destas partículas pelo nosso planeta, facilita a ingestão dos mesmos pelos seres vivos, tanto diretamente como pelas cadeias alimentares. Assim, já começou a ser estudado o seu efeito nos seres vivos e as conclusões não são as mais animadoras. Estima-se que a ingestão de microplásticos esteja relacionada com diversos problemas como irritação respiratória, alveolite alérgica, fibroses, etc.. Estes compostos podem entrar na corrente sanguínea, no sistema linfático e afetar o fígado, tornando o indivíduo mais suscetível a possíveis perturbações.

    O que é certo é que os seres vivos estão cada vez mais expostos a este perigo, pondo em causa o seu bem-estar e, até, a sua sobrevivência. É necessário tomar medidas antes que o problema dos microplásticos seja irreversível. Utilize menos, reutilize e recicle os produtos feitos de plástico. Opte por materiais mais amigos do ambiente e diga não ao descartável.

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    MICROPLÁSTICOS ENCONTRADOS PELA PRIMEIRA VEZ EM PINGUINS NA ANTÁRTIDA

    Não são boas notícias. A poluição por microplásticos já chegou à Antártida, revela um estudo da Universidade de Coimbra (UC) publicado hoje na revista ScientificReports, do grupo Nature.

    Uma equipa de investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) encontrou, pela primeira vez, microplásticos em pinguins da Antártida, confirmando que este tipo de poluição já entrou na cadeia alimentar marinha.

    Ao analisarem a dieta de pinguins gentooPygocelis papua em duas regiões da Antártida, os investigadores observaram que 20% das 80 amostras de fezes das aves continham microplásticos (partículas de plástico menores que 5mm de comprimento) de diversas tipologias, formas e cores, o que indica uma grande variedade de possíveis fontes destes microplásticos.

    A poluição marinha por plásticos é reconhecidamente uma ameaça aos oceanos em todo o mundo mas só recentemente tem havido um aumento do esforço científico sobre microplásticos. Em zonas mais remotas do planeta, como a Antártida, esperava-se que a presença de microplásticos fosse muito reduzida, embora estudos recentes já tenham encontrado microplásticos em sedimentos e nas águas do Oceano Antártico.

    Para Filipa Bessa, autora principal do artigo, «é alarmante que microplásticos já tenham chegado à Antártida. O nosso estudo é o primeiro a registar microplásticos em pinguins e na cadeia alimentar marinha Antártica». A investigadora nota que «a variedade de microplásticos encontrados nos pinguins poderá indicar diferentes fontes de poluição, indiciando uma difícil solução para este problema».

    Por seu lado, José Xavier, autor sénior do artigo, afirma que «este estudo vem na altura certa, pois os microplásticos podem causar efeitos tóxicos nos animais marinhos e nada se sabe sobre o que eles poderão provocar nos animais da região Antártica».

    Por isso, salienta o também docente do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, «esta descoberta é de muita importância para desenvolver novas medidas para reduzir a poluição na Antártida, particularmente relacionada com plásticos, podendo servir de exemplo para outras regiões do mundo»

    Cristina Pinto (Assessora de Imprensa - Universidade de Coimbra - Faculdade de Ciências e Tecnologia)

    Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva”

    Por: Luís Dias

     

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