PASSEIOS DE BICICLETA À DESCOBERTA DO PORTUGAL REAL...
“Ali ficamos a brincar ao esconde, esconde”
Moura. Cidade pequena mas que me encantou pela sua serenidade. Estava para sair cedo. Fiquei-me pelas intenções.
Segui para Serpa. Povoação conquistada por D. Afonso Henriques e por Geraldo Sem-Pavor por volta de 1166, tendo retornado à posse muçulmana em 1191. Mais tarde, por volta de 1232 recuperariam essas terras as forças de D. Sancho II. Em 1271 com a disputa de território fronteiriço foi cedido ao monarca de Castela. Passou definitivamente a pertencer ao território nacional em 1283 tendo recebido o seu primeiro foral em 1295 no reinado de D. Dinis. Temos duas visitas imperdíveis nesta bela cidade, sendo uma o Museu do Relógio que possui um espólio de 2.500 relógios e o Palácio dos Condes de Ficalho. De Serpa dirigi-me para Mértola. Pela estrada encontrei vários ninhos de cegonhas, num deles com dois filhotes parei para tirar uma foto, mas mal se aperceberam, aninharam-se. Ali ficamos a brincar ao esconde, esconde, mas ganharam elas.
Cheguei a Mértola por volta das 14h. O avançar da hora pedia um reforço nutricional. Terra de boas iguarias. Comi por dois. Agora estava atrapalhado. Com tais gulodices, fiquei com duas hipóteses que eram, descansar, descansar. O tempo abrasador e de barriguinha cheia, o caminho teria de esperar. Fui informado que podia descer o Guadiana de barco, até Vila Real de St. António. Olhei para a minha menina e opinei. Que tal? Um miminho? Quem cala consente. Desci ao cais. Pronto. Era bom de mais. Não amigo, hoje não há descida. Talvez amanhã, mas não é certo. Tudo depende das marés e do número de pessoas que pretendem descer. Tem que se dirigir à Junta e inscrever-se.
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CASTELO E VILA DE MÉRTOLA |
Estava tudo dito. Fui visitar o Castelo. Vila com ocupação desde os tempos Romanos e dos Visigodos, tendo sido capital de um pequeno emirado islâmico. Foi conquistada no reinado de D. Sancho II, em 1238. Ali, resolvi seguir. Tinha de chegar a Vila Real de Santo António. Estava cansado e o corpo só pedia paz. Consultei o Maps, 65 km!!!
Se calhar já lá não chego hoje. Toca a pedalar. Passei por Odeleite com o sol em despedida. Cheguei por volta das 22H30 a Vila Real de St. António. Dirigi-me à estação ferroviária. O meu destino era Olhão, já nem me interessava fazer o percurso até lá. Resultado? Adivinhem? Bilheteira fechada. Hoje já não há comboios.
Dia 22 de junho terminei, não faço nem mais um metro. Dirigi-me a um café e pedi uma sandes, um sumo e uma cerveja. Às 23H00, já só estavam na esplanada os donos e amigos. Meteram conversa. Eh pá, você está com azar, não é que amanhã a CP está de greve! Pega no telefone e pergunta a alguém que lhe confirma que o primeiro comboio às 5H48 é feito. “Está a ver, até é um homem de sorte”. No grupo estava o Nuno, um algarvio de gema. Pessoa bem-disposta. Vou-vos contar uma, eu e o João (também presente), fomos a uma discoteca e como aquilo correu mal, metemo-nos nos copos. Chegamos a casa já tarde e apaguei. A minha santinha mãe acorda-me ao meio-dia para almoçar mas recuso e digo-lhe: Comi um bolo de azeite que me fez mal, tenho a zona abdominal toda dorida. Responde-me ela: Foi mesmo do bolo. As vizinhas acordaram-me às seis da manhã, que estavas a dormir debruçado na janela pela barriga e uns carros todos sujos lá em baixo. Ainda hoje não me lembro, nem sei como não me matei, e diz o João, também não me lembro, os homens que iam para o mar é que me contaram que eu estava deitado no parapeito da janela e que quando me cumprimentavam só levantava a mão. Tudo na galhofa. Diz a mulher do Nuno. Às oito e meia pedi-lhe para irmos comer um gelado. Que horas são? Viste o gelado?
Deixa lá amorzinho que já são duas da manhã, logo comes dois.
(...)
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Por:
Manuel Fernandes
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