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    Arquivo: Edição de 31-03-2019

    SECÇÃO: História


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    ACONTECEU HÁ UM SÉCULO (2)

    O saneamento de Salazar e do Cardeal Cerejeira

    Há cem anos, mais concretamente no dia 14 de março de 1919, ainda no contexto das intentonas restauracionistas da Monarquia, sobretudo no Norte do País (Monarquia do Norte) são suspensos das funções docentes que desempenhavam na Academia de Coimbra, ao tempo já bastante prestigiados, vários professores, nomeadamente Oliveira Salazar, Gonçalves Cerejeira, Carneiro Pacheco, Magalhães Colaço e Fezas Vital. Os dois primeiros, Salazar e Cerejeira, estariam imensos anos à frente do Governo de Portugal (36 anos) e da Igreja Católica Portuguesa (quase 42 anos), respetivamente. As acusações que os “condenavam” eram, obviamente, de natureza política.

    MANUEL GONÇALVES CEREJEIRA (1888-1971)
    MANUEL GONÇALVES CEREJEIRA (1888-1971)
    Na evocação deste saneamento político de há cem anos, entre os jovens docentes da Universidade de Coimbra, comecemos então por António de Oliveira Salazar e por Manuel Gonçalves Cerejeira.

    Na História de Portugal, do século XX, o 1.º foi o estadista que mais tempo chefiou um governo, concretamente, entre 1932 e 1968. Considerado por muitos como o “Salvador da Pátria”, após os tempos conturbados da Primeira República, acabou por se eternizar no poder, graças ao um regime totalitário a que ele chamou “Estado Novo”. Nascido em 28 de abril de 1889, em Santa Comba Dão, viria a falecer, em Lisboa, no dia 27 de julho de 1970.

    Oriundo de uma família de pequenos proprietários agrícolas, à semelhança do que aconteceu com muitos outros jovens da sua idade e condição social, fez a sua formação académica em ambiente fortemente marcado pelo catolicismo, tendo frequentado o Seminário durante vários anos.

    A influência religiosa assim adquirida durante os estudos nunca mais o abandonaria. Estudante e depois Professor na Universidade de Coimbra seria suspenso dessas funções, por ser considerado antirepublicano na sequência da derrota dos monárquicos nos episódios de guerra civil que ocorreram no início do ano 1919.

    O seu ingresso na política ativa terá ocorrido no Centro Académico da Democracia Cristã (CADC) de Coimbra, que constituiu um dos veículos de oposição católica à Primeira República. O primeiro passo significativo da carreira política de Salazar é justamente a sua eleição como deputado católico para o Parlamento republicano, logo em 1921. Compareceu apenas a uma sessão da Câmara dos Deputados, sem fazer qualquer intervenção, e afastou-se em definitivo da cena parlamentar.

    Implantada a Ditadura Militar, na sequência do Movimento de 28 de Maio de 1926, comandado pelo General Gomes da Costa, Salazar exerceria por poucos dias o cargo de Ministro das Finanças, que prontamente abandona por divergências de fundo com os militares, que eram quem controlava todo o poder político.

    ANTÓNIO OLIVEIRA SALAZAR (1889-1970)
    ANTÓNIO OLIVEIRA SALAZAR (1889-1970)
    Regressará ao Poder em 1928, para as mesmas funções, mas impondo as suas próprias condições que o transformariam num superministro, com poderes para desenvolver uma política rigorosa de controlo da máquina do Estado, condição indispensável para o combate à crónica crise financeira nacional. O seu êxito neste campo solidifica a sua posição, de tal modo que ascende em 1932 à chefia do Governo (Presidente do Conselho de Ministros).

    Manuel Gonçalves Cerejeira, natural de Vila Nova de Famalicão (29-11-1888), frequentou o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, onde concluiu o curso liceal de letras, com distinção, seguindo para o Seminário conciliar de Braga, até 1909.

    Daí seguiu para Coimbra onde concluiu o curso de Teologia e, precisamente em 1919, obteria o grau de doutor em Ciências Históricas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a partir de quando se tornou docente universitário.

    Eleito Arcebispo em 1928, foi auxiliar do Patriarca de Lisboa até 18 de novembro de 1929, a 11 dias de completar 41 anos, quando se tornou o 14.º Cardeal Patriarca de Lisboa, cargo em que se manteve até 10 de maio de 1971 (quase 42 anos).

    Esteve diretamente envolvido no apaziguamento das relações entre a Igreja e o Estado e na assinatura da Concordata com o Vaticano (1940), participou, como Cardeal nas eleições dos Papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI (o primeiro Papa a vir a Portugal aquando da celebração do 50.º Centenário das Aparições em Fátima). Participou, com os bispos portugueses, D. António Ferreira Gomes e D. Sebastião Resende, nessa última grande reforma da Igreja Católica que foi o Concílio Vaticano II (1962-1965).

    Apesar da grande ligação e amizade que desde o tempo de Coimbra tinha com Salazar, registaram-se momentos de alguma tensão, na relação institucional, entre o Chefe da Igreja e o Chefe do Governo Português.

    (...)

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    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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