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    Arquivo: Edição de 30-11-2018

    SECÇÃO: Opinião


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    Aeroporto do Montijo

    O poder económico não larga “presas” que lhes garantam lucros fabulosos, duradouros e sem qualquer risco, como o que fizeram com a privatização da ANA Aeroportos ocorrida em 2012, através de um contrato de concessão por 50 anos, a troco de três mil milhões de euros, conferindo à concessionária o poder de subir as taxas em dez aeroportos, resultando a operação para a Vinci, num só ano, um lucro operacional de 500 milhões, donde resultará que em apenas meia dúzia de anos a concessionária terá de volta os 3.000 milhões de euros, ficando os lucros dos restantes 44 anos para distribuir pelos acionistas, qualquer coisa como: 500x44 anos, igual a mais de vinte mil milhões de euros. Negócios destes, certamente, só com os políticos portugueses será possível realizar. O uso da liberdade da ANA em fixar taxas aeroportuárias é tamanho, que as companhias aéreas que suportam os aumentos, para depois os fazerem incidir sobre os passageiros, avançaram recentemente com uma queixa junto da Direção-Geral da Concorrência, em Bruxelas, alegando que a ANA cobra taxas majoradas em cerca de 30%, violando princípios da concorrência.

    Alegando que o Aeroporto Humberto Delgado está saturado, a ANA pressiona o Governo para que possa utilizar o Aeroporto do Montijo, renegociando o contrato de concessão celebrado em 2012, devendo os portugueses prepararem-se para ver anualmente serem exportados bastante mais que os atuais 500 milhões de lucros e os passageiros a suportarem novas e mais gravosas taxas a coberto do investimento no Montijo.

    Perante o que sabemos, não será descabido colocar a seguinte questão: quando uma empresa constata que a sua capacidade produtiva não satisfaz a procura o que faz? Mobiliza capitais próprios ou alheios suportando os consequentes custos, para ampliar a resposta ao mercado, ou pura e simplesmente, contenta-se com a estrutura que tenha, procurando introduzir-lhe melhoramentos que rentabilize os equipamentos e organização disponíveis.

    Assim sendo, por que razão há de o governo aumentar o período de concessão em vigor e, menos ainda, meter-se na aventura de deslocalizar a estrutura militar sedeada no aeroporto do Montijo, sujeitando os contribuintes portugueses a mais despesas, apenas para aumentar os lucros da Vinci? E não embarquemos mais uma vez na “converseta” de que os custos serão todos da Concessionária, porque a desmentir essa afirmação temos o que vem acontecendo com a concessão em curso.

    Não sabemos o que sairá das conversações entre a concessionária e o governo, mas sabemos a posição que tomaríamos se ocupássemos a cadeira do Primeiro-Ministro: assumiríamos que a região servida pelo aeroporto Humberto Delgado já movimenta passageiros que excedem o desejável para a Área Metropolitana de Lisboa; que se a ANA pretende aumentar a sua capacidade de resposta, que o faça com a estrutura concessionada; se está disponível para investir no incremento de infra estruturas existentes, ou na construção de novas, que oriente a sua política para regiões do país onde o turismo será bem-vindo, aproveitando qualquer uma das infra estruturas aeroportuárias existentes, ou ainda, construindo de raiz um aeroporto que promova o desenvolvimento turístico e a economia dos municípios da Zona Centro do País.

    Se esta não vier a ser a opção do governo não nos escandalizará: estamos habituados a que os “lobbies” mandem mais que o interesse nacional e, consequentemente, não perderão uma oportunidade que lhes assegure lucros “chorudos”, pouco se importando com os encargos que os negócios com os governantes venham a revelar-se ruinosos para a qualidade de vida dos portugueses e para as finanças públicas.

    Por: A. Alvaro de Sousa

     

     

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