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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-07-2018

    SECÇÃO: Desporto


    ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA DIREÇÃO DO ERMESINDE 1936, JORGE COSTA

    «Foram cinco anos de um esforço muito grande por parte de todos nós para colocarmos o clube no patamar em que ele está»

    A 18 de julho último o Ermesinde Sport Clube 1936 completou cinco anos de existência. Dias antes desta efeméride o nosso jornal esteve no Estádio Municipal de Ermesinde à conversa com Jorge Costa, que desde o primeiro dia de vida do Ermesinde 1936 está à frente dos destinos deste emblema na qualidade de presidente da Direção. Nesta conversa falamos do (ainda) jovem passado do clube, sem esquecer o presente, nem o futuro.

    Fotos ALBERTO BLANQUET
    Fotos ALBERTO BLANQUET
    A Voz de Ermesinde (AVE): Passava pela cabeça dos fundadores do clube - sendo o Jorge Costa um desses fundadores - que volvidos cinco anos - após a fundação - o Ermesinde 1936 pudesse desportivamente estar a competir no escalão máximo da Associação de Futebol do Porto (AFP)?

    Jorge Costa (JC): A nossa ambição era precisamente essa, fazer com que num curto espaço de tempo conseguíssemos colocar o clube nesta divisão. Acontece é que foi uma ascensão quase meteórica, em que nos dois primeiros anos subimos duas vezes consecutivas, fomos campeões (dessas divisões), e no primeiro ano fomos ainda finalistas da Taça da AFP. Depois, na Divisão de Honra, tivemos um ano de adaptação, sendo que no ano seguinte subimos para a Divisão de Elite - subida essa culminada com a conquista de um novo título de campeão. Neste escalão tivemos um (primeiro) ano muito complicado, não tanto em termos desportivos mas noutros aspetos, porque estar nesta divisão envolve um esforço muito grande, sobretudo a nível financeiro, e por isso dizemos que o último ano foi difícil, e que só foi possível ultrapassar essa dificuldade graças ao apoio de algumas empresas da cidade, outras de fora, e com a colaboração de alguns sócios.

    AVE: Falou em ascensão meteórica ao longo destes primeiros cinco anos de vida, Perguntava-lhe pois a que se ficou a dever essa progressão tão rápida - e recheada de êxitos - no plano desportivo?

    JC: Sobretudo ao trabalho desenvolvido por todo um grupo de pessoas composto por dirigentes, treinadores e atletas. Criou-se um grupo que mais parece uma família e foi essa relação interpessoal juntamente com a ambição que todos tínhamos que contribuiu fortemente para que tivéssemos essa ascensão. Foram cinco anos de um esforço muito grande por parte de todos nós para colocarmos o clube no patamar em que ele está. Eu pessoalmente só tenho de agradecer a todos os diretores, treinadores, pelo trabalho que se vem desenvolvendo, porque não é um trabalho fácil.

    AVE: O Jorge Costa está aqui desde o primeiro dia de vida do Ermesinde 1936 e nesse sentido pedia-lhe para fazer um balanço destes primeiros cinco anos de existência do clube (?)

    JC: Em termos desportivos só posso fazer um balanço positivo, estamos na Divisão de Elite e por isso o balanço só pode ser positivo. Recordo, no entanto, que começamos este projeto com muitas dificuldades, mesmo em termos de futebol de formação, em que o clube iniciou a sua atividade em julho e em agosto tínhamos de ter todas as equipas - dos diversos escalões - inscritas na AFP. Foi um esforço muito grande, pois tínhamos de ter todos os atletas inscritos com renovações (de inscrição) que em termos monetários foram o dobro do valor, pois com a criação do Ermesinde 1936 todos os atletas do anterior clube (o Ermesinde Sport Clube) tiveram de se inscrever no novo clube Mas conseguimos logo no primeiro ano de vida do Ermesinde 1936 ter todos os escalões em atividade. Fomos crescendo na formação, mesmo com o Complexo Desportivo dos Montes da Costa sendo um campo pequeno, com condições débeis para trabalhar. Hoje, trabalhamos num estádio com relvado sintético e onde foram feitas algumas remodelações, pese embora muito poucas para aquilo o que é necessário ao clube. Mas, de um modo geral só posso fazer um balanço positivo destes cinco anos do clube. Tanto eu como os meus colegas de Direção vamos entrar no último ano deste segundo mandato…

    AVE:… e já agora pergunto: vai continuar para um terceiro mandato?

    JC: Essa é uma pergunta que só pode ser colocada daqui a um ano. Ainda é cedo para se falar nisso. No entanto, julgo que há outras individualidades na cidade que têm também a ambição de serem presidentes do clube, mas deixe-me já dizer que não é uma tarefa muito fácil, porque se perde muito tempo e é preciso ter muita dedicação para que possamos levar as coisas de forma equilibrada. Vamos entrar para uma nova época (desportiva) na Divisão de Elite tendo tudo regularizado com os atletas, sem dívidas, quer com as Finanças quer com a Segurança Social, e nesse sentido estamos tranquilos. Agora, em termos de orçamento não temos capacidade para ombrear com outros clubes deste escalão, que têm orçamentos quatro vezes superiores ao nosso, e se não tivermos outro tipo de ajudas não conseguimos dar o salto para o Nacional, algo que gostaríamos imenso de conseguir. Terminar este mandato dando esse salto seria um sonho.

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    AVE: Ainda antes de falar em metas desportivas para a nova época, percebemos, pelas suas palavras, que o plano financeiro tem sido um problema para o clube nestes primeiros anos de vida (?)…

    JC: Volto a dizer que o ano passado a nível económico foi difícil, mas acabamos por conseguir contornar todas essas dificuldades. Também começámos a época com a casa às costas, devido às obras no estádio, e a nível de receita tivemos uma quebra enorme. Vamos sobrevivendo com outras receitas extra, como os patrocínios, e nesse ponto o nosso patrocinador oficial, a Bompiso, tem sido uma peça fundamental. Aliás, aproveito a oportunidade para agradecer a ajuda da Bompiso, sem eles se calhar não estaríamos na Divisão de Elite mas na 1.ª Divisão Distrital. Temos outros patrocinadores que têm sido igualmente uma importante ajuda, casos da Oliveconta, da Revepan, do Zé dos Leitões, da Transdev, da Delta Cafés, do AKI, da Maquesinde, do Café Já Agora, do Grilos Conta, do Restaurante Atlantiko, a Euronítida, o Restaurante Estação Rodízio, a Bristol School, o Snack-Bar Côco, o Restaurante Soares, entre outros. A todos eles agradecemos publicamente a ajuda que nos têm dado. Devemos ser dos clubes da Divisão de Elite que mais adeptos tem a presenciar os jogos, quer em casa, quer fora. Em casa temos assistência na ordem das 400/500 pessoas, o que já é bom, mas é manifestamente insuficiente para as despesas do clube. Pagamos uma taxa à AFP por cada jogo que o clube faz em casa, e só essa taxa são 310 euros, que têm de ser liquidados até à quinta-feira seguinte à realização do jogo. Em média fazemos receitas de 600/700 euros por jogo. Além dessa taxa a pagar à associação temos de pagar o policiamento dos jogos em casa, uma verba de 220 euros. Ou seja, o que nos sobra de receita é muito pouco e temos jogos em que a receita não chega para pagar estas despesas fixas. Não é fácil, e como tal temos de arranjar outras formas de ir buscar dinheiro, com a ajuda dos patrocinadores, de que já falei, que têm sido uma peça fundamental para o nosso equilíbrio.

    AVE: Aquando da fundação do Ermesinde 1936 um dos objetivos do novo clube passava por uma forte aposta na formação, criando para isso todos os escalões, que foram aliás criados, como mencionou no início desta conversa. Uma aposta na formação que visava alimentar também a equipa sénior. Pergunto-lhe, como está hoje a formação do clube?

    JC: Estamos sensivelmente com 200 atletas em todos os escalões, e juntando os atletas da academia temos um total de 250 atletas. Nesta próxima época vamos ter duas equipas de formação a competir por escalão, uma equipa A e uma equipa B. Por isso, essa aposta (na formação) mantém-se da nossa parte. E tem sido uma aposta verdadeira, muito séria, com o nosso coordenador técnico de toda a formação, o Ricardo Vital, a fazer um trabalho exemplar. Notamos que com esse trabalho houve melhorias e agora é esperar pelos resultados. Todos os anos temos feito transitar para a nossa equipa sénior quatro ou cinco atletas da nossa formação, quase que diria que obrigamos o departamento sénior a recrutar elementos do escalão júnior. Aliás, para a nova época vamos ter o regresso de atletas que fizeram aqui a sua formação, casos do Gonçalo Ramalho (ex-Padroense), do Dani (ex-Gondim) e do Miranda (ex-Campo).

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    AVE: As obras de beneficiação - sobretudo a colocação do relvado sintético - no Estádio de Sonhos, agora Estádio Municipal de Ermesinde, vieram dinamizar/melhorar o trabalho na formação?

    JC: Sim, bastante. É como passar de uma bicicleta para um Porsche. Mesmo o trabalho de formação que se desenvolve é completamente diferente. Veio trazer outra dinâmica de trabalho a todos, além de que nos trouxe mais atletas. Desde que o nosso trabalho de formação é feito todo aqui no estádio estamos a ter uma procura maior para os escalões de formação. No entanto, apesar de termos prescindido dos Montes da Costa precisamos daquele espaço, pois temos mais atletas e mais equipas da formação. Não sei o que a Câmara de Valongo pretende fazer ali, mas se colocassem um relvado sintético nem que fosse de futebol de 7, e fizessem um melhor aproveitamento do espaço, para nós era ouro sobre azul, pois aqui no estádio é muito complicado trabalhar com todas as equipas. Nenhum clube consegue dar um salto qualitativo se não tiver no mínimo dois espaços com condições para trabalhar.

    AVE: …Até em termos de disponibilidade de horários, pois com a municipalização do estádio outros clubes/equipas vêm para cá utilizar o recinto (?)…

    JC: Sim, essa foi outra situação que nos aconteceu ao longo da (última) época. Tivemos de alterar treinos que tínhamos agendados com a formação porque apareciam aqui outras equipas (de outros lados) para jogar. E aqui a Câmara de Valongo tem de perceber que todas as prioridades de ocupação devem ser dadas ao Ermesinde 1936, caso contrário não vale a pena existirmos. Atenção, que quando digo isto não quero dizer que não queremos aqui esses clubes/equipas, que não podem vir para cá, podem fazê-lo, desde que sejam em horários que não coincidam com o nosso trabalho. Nós estamos a pagar toda esta ocupação à Câmara por via dos contratos programa, pagamos à AFP a inscrição das equipas e as taxas de realização dos jogos, e precisamos do espaço para treinar/trabalhar. Depois somos confrontados com estas situações. Isto chateia-nos um bocado e já chamamos à atenção disso ao departamento do desporto da Câmara, para que tenha em atenção estas situações. Como eu já disse, pagamos à autarquia as taxas de utilização por via dos contratos programa, e não sei se as outras equipas pagam essa taxa. Aliás, não se pode dizer que sejam equipas/clubes, porque não estão filiadas em nenhuma associação. São sim grupos de amigos, associações sócio-culturais que aqui vêm jogar. Tem de haver da parte do Município outro tipo de sensibilidade para estas questões, para perceberem que mesmo não sendo isto (propriedade) do Ermesinde 1936 é este clube que ocupa o recinto de forma efetiva. Se nos exigirem que abdiquemos dos horários que precisamos para trabalhar então mais vale não existir o clube.

    AVE: Por outro lado, a municipalização do estádio culminou com o fim da “dor de cabeça” relacionada com o antigo proprietário do recinto, Abílio de Sá (?)…

    JC: Claro, nesse aspeto estamos agora tranquilos. Houve também uma ou outra despesa, como a água e a luz, que também deixamos de ter. Mas também é verdade que toda a gente que aqui vem jogar usufrui dessa situação, não paga luz nem água.

    AVE: E a ligação do clube com a cidade, como tem sido?

    JC: Temos tentado fazer essa aproximação, mas há uma história por detrás em que foi criada uma imagem negativa…

    AVE: … Fala do antigo clube. Ainda sentem o fantasma do Ermesinde Sport Clube?

    JC: Sentimos muito isso, mesmo que digamos que este é um clube completamente novo. Mas vamos tentando ultrapassar isso, e temos tido ajudas muito boas, concretamente dos patrocinadores de quem já falei, a quem agradeço mais uma vez a ajuda.

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    AVE: Sentem que numa cidade tão grande em termos populacionais poderia haver um maior envolvimento com o clube?

    JC: É difícil mostrar o clube à cidade. Se calhar muita gente da cidade pensa que não há clube de futebol em Ermesinde. Estamos aqui num cantinho, e o que ainda vai ajudando são as redes sociais, que mostram mais o clube à comunidade. Mas temos algumas ideias para ver se conseguimos projetar mais o Ermesinde 1936, concretamente na criação de um departamento de marketing profissionalizado. Aliás, se por ventura continuarmos num próximo mandato, um dos primeiros passos será pensar na profissionalização do back office do Ermesinde 1936, pois em termos de recursos humanos, de dirigentes, somos todos carolas, andamos aqui por carolice, aqui não há ninguém profissional, estamos aqui de forma gratuita. Vimos para cá depois de sair dos nossos empregos, prescindimos de tempo com as nossas famílias, e não é fácil, porque isto já é um "barco" muito grande e não se padece com a nossa carolice.

    AVE: Já agora, quantos sócios tem o clube atualmente?

    JC: Temos cerca de 500 sócios pagantes (com as cotas em dia), embora o número de sócios seja maior, cerca de 850. Temos aliás previsto fazer uma campanha de angariação de sócios. O valor de cotas é três euros, de dois euros para reformados, e os menores pagam um euro.

    AVE: Voltando ao plano desportivo, e com o início da nova temporada (que arranca oficialmente a 26 de agosto) à porta, quais são os grandes objetivos para a principal equipa do Ermesinde 1936?

    JC: Os jogadores têm de estar todos motivados para em cada jogo lutar pela vitória. No campo são 11 contra 11, e se jogo a jogo conseguirmos conquistar os três pontos chegamos ao fim e ficamos todos contentes porque subimos de divisão e estamos no campeonato nacional. E é este o discurso que tentamos passar ao grupo. Não vamos abdicar de lutar pelos lugares cimeiros da classificação, queremos andar nos lugares de cima da tabela. E se ao andarmos nos lugares cimeiros, se o espírito do grupo e a mentalidade for de tal forma positiva que nos permita almejar o sonho de subir aos nacionais, eu acredito que os atletas, os treinadores, todos juntos, podemos conseguir um objetivo que seja diferente da última época, em que a meta passava pela manutenção. Estamos a dotar a equipa com a capacidade de forma a disputar outro tipo de lugares diferentes da época passada. Temos o plantel praticamente fechado. Queremos ganhar (jogo a jogo), nem que seja por meio a zero (risos).

    Plantel da equipa sénior do Ermesinde 1936 para 2018/19:*

    Guarda-redes:

    - Teixeira - Pedro Martins - Moreira (ex-júnior)

    Defesas:

    - Pedro Pereira (ex-Sampedrense) - João Barreira (ex-júnior) - Francisco Ferreira - Bruno (ex-Bairro FC) - Francisco Veloso - Costa

    Médios:

    - João Lindo - Rui Bessa (ex-júnior) - Pimpão - Deco (ex-Tirsense) - Rui André - Miranda (ex- Campo) - Paulo Sousa - Fajó

    Avançados:

    - Bruno Dinis (ex-Folgosa) - Dani (ex-Gondim) - Gonçalo Ramalho (ex-Padroense) - Quim - Herdeiro - Júnior (ex-Pedras Rubras) - Max (ex-Holanda, do Brasil)

    Treinador: António Tavares

    *Nota: Estes dados (relativos ao plantel do Ermesinde 1936) foram recolhidos no dia 24 de julho, precisamente um dia depois da equipa sénior do emblema da nossa freguesia ter dado início aos trabalhos de preparação para a nova época desportiva.

    Por: Miguel Barros

     

     

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