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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-01-2018

    SECÇÃO: Especial


    Arauto, porta-voz, traço de união

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    Em pequenas comunidades a informação corre célere. Namoro novo, discórdia entre vizinhos e qual o móbil, quem sai ou quem entra, seja por horas, por dias, por tempo indefinido e com que objetivo, tudo passa ao domínio público em poucas horas. Não há correio mais rápido do que as pessoas da comunidade, mormente as mulheres, quando se encontram casual ou intencionalmente. Ao ar livre em visitas entre si ou em locais de compra e venda, ei-las em conciliábulo sobre o que vai ocorrendo na povoação ou em povoações vizinhas, nada escapa à necessidade de quem sabe e à recetividade de quem quer saber. E nenhum lugar é de tal modo isolado ou neutro que ali não cheguem notícias vindas de outras comunidades, colhidas em romarias, feiras, funerais, umas vezes trazidas por residentes, outras por profissionais ambulantes, a comunicação em presença é o modo mais comum de estreitar relacionamentos e cultivar amizades.

    De há algumas décadas a esta parte, no entanto, as formas de comunicação evoluíram. Desde os jornais de âmbito nacional que chegavam a sítios mais distantes por assinatura com um ou dois dias de atraso relativamente à sua impressão, passando pelos aparelhos de rádio que funcionavam a bateria e que muito poucos tinham possibilidades económicas para adquirir e manter, até aos televisores que já permitiam ver e ouvir outras pessoas nas suas interações em movimento desde que a eletricidade chegou a todos (?) os cantos do país, durante alguns anos a preto e branco, mais tarde a cores.

    Nos grandes aglomerados urbanos, tais como Lisboa e Porto, por força das distâncias entre os vários pontos da cidade e, sobretudo, no intuito de levar a outros lugares do país notícias sobre as atividades políticas, económicas, sociais, desportivas e de outra natureza dentro e fora de fronteiras, como forma de cimentar a coesão nacional e criar laços com outras terras e outras gentes, desde muito cedo foram surgindo diversos jornais cada qual com as características ideológicas que os seus responsáveis desejavam imprimir-lhes. Sendo a notícia o seu objetivo primeiro, mais direto e mais sucinto, logo mais fácil de reter, não era, porém, o único. Foram-lhes acrescentadas a reportagem a entrevista, o folhetim literário precursor das crónicas, dos ensaios e dos romances e ainda formas de entretenimento como pequenos desenhos precursores da Banda Desenhada. A necessidade de manter os habitantes e visitantes ocasionais informados quanto à maneira de aceder a determinados serviços de utilidade geral e urgente, levou à introdução de informações úteis como nomes, endereços, números de telefone e horários de farmácias, localização e número de telefone de entidades públicas como repartições, corporações policiais, hospitais e outros.

    O aparecimento e expansão dos jornais nacionais tornaram-se efetivos, em Portugal, apenas no século XIX e constituem uma realidade que se mantém nos dias que correm. Essa realidade alargou-se às regiões, cidades ou vilas, buscando os seus promotores dotá-la de características específicas a cada uma delas. À semelhança dos jornais de circulação nacional, também os jornais regionais procuram estabelecer nexos de proximidade com os seus leitores facultando-lhes conteúdos e informações úteis quer para satisfação dos gostos pessoais nos conteúdos, quer nas indicações que possam ajudá-los na sua vida quotidiana. Aqueles que continuam a viver na sua terra e os que, no país ou no estrangeiro, não podem esquecer o lugar que lhes serviu de berço, encontram na leitura do jornal da sua vila ou cidade a indispensável companhia que relembra pessoas, situações e lugares que se recusam a esquecer. O jornal é, assim, o elo de ligação entre o cidadão e a terra que o viu nascer ou que adotou como sua.

    Este é o ano em que o seu jornal completa 60 anos de existência, uma bonita idade como é costume dizer-se. Nasceu com intenções solidárias, mudou de nome mas mantém-se ligado a uma prestigiada instituição de beneficência, o Centro Social de Ermesinde. As pessoas que o dirigem e os que nele colaboram alegram-se e envidam esforços para que se mantenha fiel aos bons propósitos dos seus fundadores e continuadores.

    Por: Nuno Afonso*

    *(colaborador na rubrica "Crónica")

     

     

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