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    Arquivo: Edição de 31-12-2017

    SECÇÃO: Património


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    Ainda a palavra "Ermesinde" (12)

    Continuamos a cronicar as Ermesendas enumeradas, falemos agora da seguinte, Ermesenda (Munia) Gonçalves da Maia, (ca. 1030), também conhecida por Fraestrada, filha de Gonçalo Trastamires1 da Maia (c.ª995 - faleceu em combate em defesa do castro de Santa Maria de Avioso, na Maia, em 1 de Setembto de 1038), foi 2º Senhor da Maia e um dos conquistadores do Castelo de Montemor-o-Velho em 12 de Novembro de 1034, neta paterna de Trastamiro Aboazar, 1º Senhor da Maia e de Dórdia Soares. Este Gonçalo seu pai casou com Unisco Sesnandes (nasceu em Coimbra, c.ª 1000), os quais tiveram vários filhos, para além desta Ermesenda, tiveram: Mendo Gonçalves da Maia, 3.º Senhor da Maia (m.26 de Novembro 1065), casou com Ledegúndia Soares Tainha, filha de Soeiro Godins, "o da Várzea" e de Ledegúndia Tainha; Toda Gonçalves, que foi a esposa de Paio Gonçalves, descendente do conde Gonçalo Moniz; Gontrodo Gonçalves, que foi a esposa de Honorigo Gonçalves; Flamula Gonçalves da Maia ou Gontinha Gonçalves da Maia, que casou com Egas Gomes de Sousa, senhor de Sousa, de Novella e de Felgueiras.

    Segundo a maior parte dos autores2 , Ermesenda casou-se com Nuño "El Cuervo Andaluz" 3 González de Lara, Conde de Lara, Governador de Mena (cª. 1030 - morreu em Rueda, Valhadolide, Castela-Leão, a lutar contra os mouros em 1083) e tiveram filhos, Ordoño Álvarez de Lara e Ximena Muñoz de Lara. A sua vivência e a sua descendência radicaram-se na Galiza, tornando-se uma das famílias importantes.

    Quanto à Maia, antigamente Amaia, situada entre os rios Douro e Ave, mais propriamente, "terra" da Maia, tinha dois pontos fortificados, "castros", sendo um deles em Ermesinde4, conforme testemunha A. de Almeida Fernandes, e a sua localização seria nas proximidades da igreja de S. Lourenço de Asmes (Ermesinde), transcrito num doc. de 1287, transcrito no Censual do Cabido do Porto: "sancti Laurentiiprope castellum de Madia". O outro talvez em Avioso ou no Castêlo, e o qual seria a residência desta família. Como sabem, S. Lourenço de Asmes pertencia à Maia, pelo que é natural que aqui tivessem locais para se defenderem. Aqui é o berço5 desta família berço de uma das famílias mais prestigiadas da independência de Portugal.

    Conclusão: efectivamente viveu e conviveu com as gentes do Norte de Portugal, mas aquando do seu casamento, que diga-se muito falado e referendado devido à sua origem, de uma das famílias mais nobres da Península Ibérica. Depois que casou nunca mais voltou à terra das suas origens.

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    1 Lugar de Trastamires (na Vila da Maia, mais propriamente Guilhabréu - povoação antiquíssima - era chamada pelos romanos de PALANTINA. Foi tomada aos mouros pelos portugueses no ano 1000, por D. Gonçalo Trastamires Alboazar).

    2 Houve autores que consideraram que esta Ermesenda não casou nem teve filhos.

    3 Transcrição do livro Nobleza del Andaluzia, "El Conde donNuñoGonçalez de Lara fuemay cruel contra los Morosy en todas las batallas que conellostuvo, nunca tomóninguno a merced, nienpriion, y por etofuellamado el Cuervo Andaluz, porque llegavacororiendo los Moroshata el Andaluzia."

    4 Nesta época, Ermesinde "S. Lourenço de Asmes" pertencia às terras da Maia.

    5 As torres/residência, normalmente eram construídos em locais para dominarem os vales, mais do que uma construção militar, eram um símbolo de poder da nobreza senhorial, constituindo um importante exemplo da domusfortis (residência senhorial fortificada) nas regiões. Não testemunhos da sua existência. Normalmente de planta retangular, construída com granito da região.

    FORAL DA MAIA
    FORAL DA MAIA

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    Por: Carlos Marques

     

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