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    Arquivo: Edição de 15-09-2017

    SECÇÃO: Opinião


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    Após a tragédia dos incêndios, o que fazer?

    A tragédia de grandes incêndios, ainda presente no dia 24 de Agosto, data em que escrevemos estas linhas para os estimados leitores de "A Voz de Ermesinde", que já enlutou dezenas de famílias, vitimou mais de meia dezenas pessoas, atirou para os hospitais mais umas tantas dezenas de outras vítimas, vem ocupando diariamente abnegados soldados da paz ultrapassando o milhar, mobiliza dezenas e dezenas de veículos de socorro, incluindo sete dezenas de aeronaves, já consumiu largos milhares de hectares de floresta, matou animais e destruiu pequenos terrenos aráveis constituintes de economias familiares de quem ainda delas vivia, vem mostrando a fragilidade (incompetência?) das entidades constituídas para assegurar às populações respostas atempadas e adequadas às situações imprevisíveis que possam pôr em risco as suas vidas e património.

    Extintos os fogos, sepultados os mortos, recuperados os feridos, registada a extraordinária solidariedade dos portugueses para com as vítimas da tragédia e depois das recorrentes vozes dos que garantem que imediatamente serão iniciados inquéritos, produzida legislação, acelerada apreciação de iniciativas políticas e aprovados alguns diplomas no Parlamento, tudo, dizem, para evitar futuros desastres como o registado em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Sertã, Pampilhosa da Serra, Góis, Mação, Proença-a-Nova e tantos outros, cabe perguntar: que lições os decisores políticos aprenderão da tragédia sem precedentes em Portugal?

    Como motivo de preocupação devem os cidadãos registar as declarações que políticos e operacionais repetem, quais velhas e revelhas soluções: ordenamento da floresta, elaboração de cadastro dos terrenos florestais, agravamento de coimas para os incumpridores da limpeza dos anexos aos prédios situados em zonas de risco de incêndio e outras anunciadas em finais de tragédias anteriores, sem que algo de muito diferente tenha ocorrido, sendo por isso de recear que as declarações dos atuais decisores políticos não venham a ter destino diferente do conhecido anteriormente.

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    Diferente poderia ser se começássemos por cartografar as áreas em causa, recorrendo aos serviços do Ministério da Defesa. E, a partir dos respetivos levantamentos topográficos, se "desenhasse" as áreas a reflorestar, as espécies nelas a disseminar, adotando as técnicas atualmente praticadas nas vinhas, que permitem fazer circular pequenas máquinas para manter limpos os solos; gizar largos acessos com vista a combater eventuais incêndios e a atenuar a propagação das chamas; definindo grandes áreas de plantação e gestão da floresta, concedendo aos atuais proprietários dos terrenos a mobilizar, um prazo de poucos meses para fazerem prova de que os terrenos a afetar lhes pertencem, sendo-lhes concedido a opção de fazerem parte de entidades gestoras ou, não o pretendendo, serem expropriados por interesse público, sendo desejável que à partida se defina um valor justo por hectare aplicável a todas as situações, com vista a evitar arrastamento de processos administrativos ou judiciais e a facilitar a decisão dos interessados.

    Estas iniciativas, acompanhadas de outras, como utilizar a engenharia militar para abrir acessos, construir corredores de "travão" às chamas e a implementar lagoas artificiais abastecidas por águas pluviais; os meios da Força Aérea Portuguesa, equipando-os com Kits que lhes permitam combater os fogos; dotar as corporações de bombeiros, sedeadas em zonas de conhecido risco de grandes incêndios, com canhões de água em viaturas de combate a fogos (do tipo existente nos aeroportos) e fatos anti-fogo para que os soldados da paz possam atacar as chamas sem sofrerem as consequências da proximidade a que o fazem, quando tomadas, farão toda a diferença.

    Por último, os recursos actualmente afectos à Protecção Civil, com ênfase para os aéreos, devem ser sedeados nas zonas criticas para que, quando necessário utilizá-los, demorem pouco tempo a chegarem ao local onde são precisos, sabido que os fogos florestais ou são dominados nos primeiros quinze ou trinta minutos, ou a sua rápida propagação é inevitável e o seu domínio extremamente problemático, salvo se as condições atmosféricas nos brindar com chuva, da que molha.

    Mesmo a finalizar, o poder de decisão deve ser descentralizado para os distritos e retomada a colocação de sapadores florestais apetrechados com adequados meios, atribuindo-se-lhes a incumbência de velar pela conservação da floresta e prevenção de incêndio nas suas áreas de atuação. Pode parecer dispendioso mas, quando avaliado num espaço médio de tempo, serão bem inferiores aos que se consomem na sua ausência. Apenas se poderão queixar os que "faturam" com a existente situação calamitosa, tendo presente que, quanto os meios são públicos, o objectivo é que o fogo se extinga rapidamente, quando os recursos são privados, quanto mais tempo a sua utilização melhor.

    Por: A. Alvaro de Sousa

     

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