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    Arquivo: Edição de 30-11-2016

    SECÇÃO: Destaque


    Valongo deu início às comemorações dos 180 anos da sua elevação a concelho

    Fotos CMV
    Fotos CMV
    O Concelho de Valongo está em festa. Este facto alude ao arranque das comemorações dos 180 anos da criação do Município de Valongo, o qual aconteceu a 29 de novembro na sede do concelho. Foi precisamente neste dia 29 de novembro que em 1836 a então rainha D. Maria II elevava Valongo a concelho, um momento histórico que aliás, seria retratado teatralmente neste início de comemorações na varanda do Museu Municipal perante centenas de pessoas que se associaram a estes festejos.

    As comemorações destes 180 anos da criação do Município de Valongo tiveram início bem cedo, com o toque festivo dos sinos em todas as freguesias do concelho e com a cerimónia do hastear das bandeiras, nos Paços do Concelho, seguindo-se um desfile com a Cavalaria, as Forças Segurança, a vereação da autarquia, a Comissão de Honra das comemorações e várias associações locais, até ao edifício da antiga Câmara, precisamente o atual Museu Municipal de Valongo.

    Ali, teve então lugar a tal recriação teatral, ficcionando D. Maria II, do alto da varanda, dirigindo-se ao povo de Valongo e decretando a criação do Concelho de Valongo, então constituído pelas freguesias de Valongo, Campo, Sobrado, Alfena, Gandra e S. Lourenço d' Asmes (atual Ermesinde). Nesta recriação, a personagem de D. Maria II recordou a batalha da Ponte Ferreira onde os liberais, comandados por seu pai, D. Pedro IV, derrotaram os absolutistas, liderados pelo seu tio, D. Miguel.

    Posto este apontamento de ficção a sessão prosseguiu no interior do Museu Municipal, onde começaria por usar da palavra o professor doutor António Cândido de Oliveira, que falou sobre a reforma administrativa no Portugal Moderno e a criação do concelho de Valongo. O convidado proferiu então uma autêntica aula de história, começando por felicitar o nosso concelho por este acontecimento, recordando ainda que além desta efeméride local também este ano se comemoram os 40 anos da construção do Poder Local Democrático. Ainda dentro do leque das comemorações lembrou que dentro de quatro anos se irão celebrar os 200 anos da implementação do Liberalismo em Portugal, uma doutrina que veio romper com o Absolutismo - após vários anos de luta entre absolutistas e liberais - e que se caracterizou pela sua abertura e tolerância a diversos níveis, onde desde logo se inscreviam o respeito pelos direitos humanos. Foi igualmente o Liberalismo que conferiu poderes às autarquias e às freguesias. Evocou a reforma de Passos Manuel e em concreto a criação do primeiro Código Administrativo de Portugal, o qual levou à criação de cerca de duas dezenas de concelhos no país, sendo Valongo, a 29 de novembro de 1893, um deles. Recordou que já nessa altura Valongo tinha uma massa populacional significativa em relação a outros concelhos, referindo, por exemplo, que Valongo (freguesia) tinha cerca de 700 fogos, Alfena 200 e S. Loureço d' Asmes cerca de 217 fogos.

    VALONGO

    TEM BILHETE

    DE IDENTIDADE

    ESPECIAL

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    Seguiu-se a intervenção do presidente da Assembleia Municipal de Valongo, Abílio Vilas Boas, que começaria por ressalvar a importância desta data para o concelho, que a partir de então passou a ter não só individualização autárquica mas também uma identidade própria. Destacou em seguida a localização geográfica do concelho como um aspeto importante para o seu desenvolvimento ao longo destes 180 anos, salientando neste ponto os cursos de água, mais concretamente os rios Leça e Ferreira, como essenciais para a moagem, o que facilitou o desenvolvimento da atividade panificadora, que se tornou numa das principais marcas do concelho. A chegada do caminho de ferro trouxe nas suas palavras muitas empresas para este território, contribuindo desta forma para o seu desenvolvimento económico. Apontou ainda a indústria da mineração, a indústria do fabrico do biscoito, a indústria do fabrico do brinquedo tradicional como focos do desenvolvimento do concelho ao longo destes quase dois séculos enquanto concelho. Também o património religioso contribuiu para esse desenvolvimento, destacando aqui o Santuário de Santa Rita, local de peregrinações. Na cultura referiu as bugiadas como uma das maiores festas de mascarados a nível mundial. «Em suma temos identidade, temos cultura, temos tradição, temos património, e temos qualidade e arte de bem saber receber quem nos visita. Com imaginação, é nosso dever e obrigação divulgar o que fomos, o que somos, e o que pretendemos ser, promovendo o que temos de melhor», finalizou.

    Por fim, usaria da palavra o presidente da Câmara, José Manuel Ribeiro, o qual começou por sublinhar o orgulho que sente em ser presidente do nosso Município no presente ano, numa alusão à história que foi escrita ao longo destes 180 anos. À «história fantástica» que o concelho guarda dentro das "suas portas", uma «história que tem de ser contada não só aos que aqui habitam mas também a todos aqueles que nos visitam». Salientou com orgulho que Valongo é um concelho com um «bilhete de identidade muito especial. Ninguém tem uma tradição tão forte na indústria da panificação, ninguém tem uma tradição tão rica na confeção de biscoitos ou na produção do brinquedo tradicional português como nós. Temos património religioso, temos a festa da Bugiada e Mouriscada, e temos aquele que provavelmente é o maior complexo de extração de ouro do império romano do Mundo». Mostrou-se esperançado em relação ao futuro, no sentido em que este tal «bilhete de identidade especial» possa atrair mais pessoas ao concelho, e com isso criar mais vida.

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    O programa deste ponto de partida das comemorações terminou com a apresentação da peça evocativa dos 180 anos (da autoria do valonguense Lino Moreira) e com a distinção de cada elemento da Comissão de Honra com a colocação da insígnia comemorativa. Comissão de Honra que é constituída por todos os atuais e antigos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal e também das Juntas e das Assembleias de Freguesia do Município de Valongo, que aceitem associar-se às comemorações.

    As comemorações vão continuar ao longo do próximo ano (terminam em novembro de 2017), e vão contemplar, entre outras atividades, lançamento de livros, colocação de novas placas toponímicas, inauguração de monumentos, concertos, recriações históricas e exposições temáticas alusivas às logomarcas de Valongo: Serras e Rios, Regueifa e Biscoito, Ardósia, Bugios e Mourisqueiros, Brinquedo Tradicional e Património Religioso.

    Por: Miguel Barros

     

     

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