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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 31-03-2016

    SECÇÃO: Destaque


    ENTREVISTA COM A COORDENADORA DA VALÊNCIA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR DO CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE, TERESA BRAGA LINO,

    Centro Social de Ermesinde mostra as razões de ser uma referência no acolhimento e formação dos homens e mulheres do futuro

    Do alto dos seus 60 anos de existência o Centro Social de Ermesinde é indiscutivelmente um baluarte na área da solidariedade social não só da cidade que lhe serve de berço mas também do concelho em que se encontra inserido. Ao longo de seis décadas esta mítica instituição foi - e continua a ser - o porto de abrigo da comunidade local mais frágil e desfavorecida, sobretudo desta franja mais carenciada da população. Manto protetor que se estende sob a forma de múltiplas respostas sociais dadas por um vasto leque de profissionais qualificados, rigorosos e empenhados sob a supervisão de dirigentes dedicados às causas sociais, atentos e identificados com a realidade social da freguesia, factos que só por si fazem com que o Centro seja a maior referência de Ermesinde no que diz respeito à solidariedade social. No sentido de conhecermos um pouco melhor o trabalho que faz com que hoje o Centro Social seja a tal casa de referência no setor das Instituições Particulares de Solidariedade Social, o nosso jornal dá hoje início a uma série de reportagens que visam retratar cada uma das respostas sociais prestadas pela entidade. Neste(s) trabalho(s) vamos conhecer rostos, números, eventuais dificuldades diárias, os projetos, mas sobretudo a filosofia desta nobre missão social. E começamos esta nossa primeira visita à intimidade do Centro pelos mais novos, por uma das muitas respostas sociais destinadas à infância, pela valência atualmente designada de Educação Pré-Escolar, a qual agrega em si as respostas sociais Creche, Creche Familiar e o Jardim-de-Infância. Teresa Braga Lino é no presente a coordenadora da valência, cargo que desempenha há 23 anos, a convite do atual presidente da Direção do Centro, Henrique Rodrigues, sendo que desde 2014 acumula a função de educadora numa das salas dos cinco anos. Foi com ela com quem conversámos, e que ficámos então a conhecer um pouco melhor o quotidiano da valência.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    A Voz de Ermesinde (AVE): Inaugurada em 1961 a Creche é uma das respostas sociais mais antigas do Centro Social de Ermesinde. Passadas quase seis décadas da sua criação faça um retrato daquilo o que é hoje a valência.

    Teresa Braga Lino (TBL): A resposta social Creche está englobada na valência designada por Educação Pré-Escolar, que engloba ainda o Jardim-de-infância e a Creche Familiar (amas). Na prática, falamos de um conjunto de três respostas sociais que atendem crianças dos 4 meses até aos 6 anos de idade, altura em que ingressam no 1º ciclo. Procurando caracterizar e dar breve nota do que é hoje esta valência mas, em particular, a Creche, considerando que é uma realidade que, como refere, está há quase seis décadas ao serviço da comunidade de Ermesinde, é hoje parte integrante e estabelecida do seu património. Como resultado de uma estrutura bem organizada e que conta com elementos com elevado nível de formação e experiência profissional, a Creche do Centro Social de Ermesinde - com um atendimento diário a 58 utentes - a par do Jardim-de-infância e da Creche Familiar, presta um serviço que é, há já largos anos, reconhecido, não apenas ao nível local, mas também distrital. A contínua melhoria do serviço prestado e a busca permanente das soluções mais adequadas a todos quantos a nós recorrem, leva a que, hoje, tenhamos já 144 utentes diários divididos por seis salas de atividades, ao nível da resposta Jardim-de-infância. Relativamente à resposta social Creche Familiar, é formada por um conjunto de 11 amas (pessoas devidamente licenciadas para o efeito pelo Instituto da Segurança Social e previamente avaliadas pelo Centro Social) com um atendimento diário a 44 utentes. Desenvolvem, em habitação própria, o seu trabalho de forma a conciliar a vida familiar e profissional do agregado familiar da criança, proporcionando um ambiente seguro, acolhedor e com as condições adequadas ao seu desenvolvimento integral: segurança física, carinho, bem como cuidados adequados às suas necessidades e bem-estar.

    AVE: Gostaria agora que nos falasse um pouco da filosofia da valência, por outras palavras, que pontos se destacam no trabalho desenvolvido pela mesma no seu dia-a-dia.

    TBL: A filosofia principal numa valência desta natureza - Educação Pré- Escolar - tem forçosamente que assentar na preparação das crianças para uma transição suave para a sua vida escolar, sem sobressaltos e sem qualquer espécie de receios que os possam fazer rejeitar a fase de aprendizagem mais importante das suas vidas.

    De facto, só com uma base sólida poderão enfrentar todos os crescentes desafios que irão enfrentar num mundo progressivamente mais competitivo.

    As diferenças, por vezes profundas, entre as crianças, seja por temperamento, seja por pertencerem a agregados familiares mais ou menos estruturados, leva-nos a apostar num atendimento personalizado e adequado às características de cada criança, sempre com o objetivo de estarmos mais próximos das suas reais necessidades e, dessa forma cumprirmos a nossa missão: formar solidamente cada um daqueles cujo acompanhamento e preparação nos são confiados.

    Mas não tenhamos ilusões. Este nosso trabalho só poderá ter - e, felizmente tem tido - bons resultados se o fizermos numa estreita e profunda articulação com os Pais e Encarregados de Educação. Procuramos que todas as crianças se sintam seguras, amadas e valorizadas, independentemente do seu nível cultural ou sócio-económico de base, assim criando estabilidade emocional e afetiva que as faça sentir atraídas por esta partilha, muitas vezes de longas horas diárias. Toda esta abordagem e filosofia de atuação levam e têm levado à formação de crianças com regras muito cuidadas de higiene, comunicação espontânea com colegas e orientadores, com sentido de camaradagem crescente e cujo sucesso tem sido demonstrado em todo este percurso que temos vindo a fazer em conjunto.

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    AVE: Como já foi dito na primeira questão a Creche está em atividade há quase seis décadas. Certamente que ao longo dos anos a valência foi-se moldando e adaptando à realidade local e ao avançar dos tempos. Nesse sentido quais foram as principais mudanças verificadas ao longo do passado recente.

    TBL: Vivemos tempos muito desafiantes e para os quais temos que encontrar, a cada momento, respostas adequadas e rápidas. A velocidade de mudança do enquadramento social e económico é, em permanência, crescente e com movimentos cada vez mais bruscos e acentuados. Também aqui é fundamental que tenhamos capacidade e velocidade de resposta. O não acompanhamento ou a lentidão na reação poderá, em alguns casos mais extremos, ditar o aparecimento de sequelas futuras nas crianças o que nos recusamos de todo a aceitar. Mas seis décadas, como disse, são um período já longo. Independentemente do esforço permanente de toda a equipa para manter elevados padrões de conforto, acolhimento, tranquilidade e afetividade, em tão largo período ajustamentos mais profundos foram sendo introduzidos nesta valência específica, tais como a abertura de uma nova sala de 2 anos.

    Sempre e só com um objetivo central na nossa atuação - a Criança - diariamente buscamos a excelência e a melhoria de condições. Definimos elevados padrões de qualidade o que nos permite estar, neste momento, a preparar a certificação da Instituição no âmbito da NP EN ISO 9001:2008 e MAQRS - Modelo de avaliação da qualidade da resposta social.

    AVE: Como valência que dá respostas às gerações do futuro, isto é, às crianças, e numa perspetiva de encarar o futuro, por certo que a Educação Pré-Escolar tem em carteira alguns projetos com vista a cimentar ou mesmo melhorar a qualidade das respostas que presta. Quer falar-nos um pouco desses projetos.

    TBL: Ao nível dos projetos e muito para além das regulares e pontuais substituições de equipamentos, sempre necessários mas nem sempre possíveis com a profundidade que todos desejaríamos, existe um que, pela sua dimensão e ambição mas, sobretudo, pelos meios financeiros envolvidos, vai exigir de todos o maior esforço e dedicação: a renovação do edifício e a substituição de equipamentos que representam um custo significativo para a instituição. Esperamos poder avançar com esta intervenção, prosseguindo assim a criação de ainda melhores condições para as nossas crianças.

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    AVE: Tal como as restantes respostas sociais do Centro Social de Ermesinde também a valência Educação Pré-Escolar está vocacionada para a população mais desfavorecida, sobretudo essa franja populacional. Contudo, a valência é igualmente procurada pelas famílias um pouco mais desafogadas em termos económicos, o que atesta a qualidade e prestigio que a própria instituição foi angariando na comunidade ao longo das décadas. Quer falar um pouco sobre isso, sobre o trabalho que distingue esta valência do Centro das restantes respostas ligadas à infância que proliferam hoje em dia na cidade de Ermesinde. E já agora como é que a valência foi combatendo ao longo dos anos essa concorrência local, que "armas" utilizou.

    TBL: Apesar de, na sua génese, a instituição ter sido criada com o objetivo de apoiar a franja mais desfavorecida da população, o facto é que, também neste aspeto, nos fomos sabendo adaptar e, desta forma, criar condições, para atrair pessoas e crianças de diferentes estratos sociais que, pelas suas origens, tornarão mais completa a formação dos utentes com quem se relacionam.

    Temos e teremos sempre a preocupação de integrar todas e cada uma das nossas crianças e delas extrair o que de melhor têm, para a formação completa dos demais.

    Esta nossa visão e preocupação tem gerado uma crescente procura pelos nossos serviços de crianças de diferentes extratos sociais, económicos e culturais.

    Mantemos bem presente a prática de integrar de igual forma crianças de diferentes nacionalidades, orientações religiosas, diferenças culturais acentuadas, garantindo sempre o respeito e a igualdade de tratamento.

    Considero particularmente relevante a questão que coloca quanto à evolução que têm feito aqueles que, na sua questão, designa como "nossos concorrentes".

    Se, muitas vezes, a designada "concorrência" gera incerteza ou ansiedade pelo seu aparecimento, no Centro Social de Ermesinde vemos tal fenómeno como salutar, como um permanente desafio à nossa capacidade de adaptação mas, sobretudo, como um estímulo à melhoria e à ambição de sermos líderes em cada uma das atividades que desenvolvemos.

    Sentimos que, mesmo com o desenvolvimento da rede pública nestas áreas, fomos capazes de dar resposta adequada e, com satisfação, ver regressar à instituição algumas crianças cujos Pais ou Encarregados de Educação testaram diferentes alternativas.

    Procuramos, a cada momento, dar a resposta mais adequada, independentemente dela ter base idêntica à dos demais intervenientes neste mercado ou, como por vezes sucede, ser profundamente diferente. Em qualquer dos casos, de modo similar ou radicalmente diferente, queremos ser diferenciadores na qualidade do serviço prestado e na formação integral das nossas crianças.

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    AVE: Ainda no que diz respeito ao trabalho desenvolvido com a população mais carenciada, muitas dessas crianças são oriundas de famílias com vários problemas de índole social, não só económicos, como também ao nível da formação. Como é que a valência tem enfrentado esse desafio, de trabalhar com as tais famílias carenciadas em diversos níveis e que métodos/pedagogias caracterizam nesse sentido o vosso trabalho.

    TBL: Ao nível das famílias mais carenciadas o trabalho desenvolvido tem, necessariamente, que passar por um maior acompanhamento de cada uma das crianças, não apenas no período em que se encontram a nós confiadas, mas também procurando compreender as principais carências que sentem no seu ambiente familiar, de modo a podermos suprir, tanto quanto for possível, tais restrições.

    É um facto que este é um desafio maior, designadamente por nos exige uma atenção permanente e um regular contacto com os Pais e Encarregados de Educação, de modo a envolvê-los na formação integrada e que só com o seu apoio poderá ser bem sucedida.

    Mas sempre foi com confiança, empenho e tranquilidade que acolhemos as famílias mais desfavorecidas, até porque esta é parte central de todo o nosso ADN e queremos que continue a ser a nossa maior prioridade.

    A metodologia adotada terá, também neste domínio, a da maior proximidade possível, chamando a nós a responsabilidade por promover a integração plena das crianças e das respetivas famílias.

    AVE: E quanto a dificuldades, quais são as principais dificuldades com que os profissionais da valência se deparam para levar a cabo as suas funções.

    TBL: Como em qualquer atividade desta natureza e face às frequentes situações de carência com que nos deparamos, uma das maiores limitações ou dificuldades que temos que saber gerir é a escassez de recursos que vai existindo para a gestão de todas estas necessidades. Queremos prestar um serviço de qualidade. Queremos garantir igualdade de oportunidades e condições a todos os que nos procuram e que em nós confiam mas, como em qualquer atividade, defronta-mo-nos sempre com escassez de recursos face a necessidades ilimitadas. Numa palavra, queremos sempre ir mais além, embora, por vezes, não o possamos fazer com o ritmo que pretendemos. Por isso mesmo é que a dedicação, empenho e qualidade que são manifestados pela generalidade dos nossos colaboradores é digna de uma referência e de um agradecimento neste momento.

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    AVE: Como disse na primeira resposta a Creche acolhe atualmente 58 utentes, o Jardim-de-Infância acolhe 144, e a Creche Familiar atende 44. Quem são os profissionais que integram estas respostas.

    TBL: Como tive oportunidade de dizer no início desta nossa conversa, acolhemos na diariamente na Creche 58 utentes, sendo que o custo de uma das salas que temos em funcionamento é assegurado e repartido entre a comparticipação das famílias e a própria instituição. Para as restantes, temos a necessária contribuição do Instituto de Segurança Social. Temos, neste momento, em funcionamento, 4 salas, sendo a equipa da creche constituída por 3 educadoras: A Susana Tavares responsável pela sala dos bebés e pela sala de 1 ano, a Lurdes Rebelo, responsável pela sala dos 2 anos e a Fernanda Gomes, responsável por uma outra sala de 2 anos.

    Temos nesta equipa ainda 8 ajudantes de ação educativa que apoiam aquelas educadoras: Adelaide Silva, Ivone Solha, Lucinda Sousa, Ana Maria Ribeiro, Mariana Ferreira, Júlia Silva e ainda a Joaquina Ribeiro, como auxiliar de serviços gerais.

    No Jardim-de-infância dispomos de uma equipa de 6 educadoras: Rosália Tavares e Carmelina Sarmento, educadoras nas salas de 3 anos, Paula Cristina Queirós e Cristina Silva, educadoras nas salas de 4 anos, Gabriela Peneda e eu própria, educadoras nas salas dos 5 anos. Também aqui dispomos de ajudantes de ação educativa, em número de 6 e que são a Leonor Coelho, a Justina Magalhães, a Rosalina Alves, a Idália Torres, a Alice Sousa e a Sandra Moutinho.

    Na creche familiar contamos com a colaboração de uma educadora - Anabela Cardoso - a apoiar as 11 amas que connosco colaboram: Maria José Coelho, Ana Maria Bento, Susana Vicente, Laura Oliveira, Josefina Maia, Mónica Sousa, Patrícia Cardoso, Elsa Fontes, Paula Teixeira, Naír Soares, Lurdes Moreira.

    Existem ainda 3 auxiliares de serviços gerais, que também garantem o apoio na recolha e entrega das crianças em suas casas: Conceição Pinto, Sílvia Ventura e Belmira Miranda.

     

     

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