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    Arquivo: Edição de 29-02-2016

    SECÇÃO: História


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    A Primeira Guerra Mundial começou há cem anos (15)

    Alguns dos Capelães que se voluntariaram para assistir religiosamente os nossos soldados na Grande Guerra

    Os combatentes portugueses já se batiam nas trincheiras da Flandres há três meses quando lá chegaram os primeiros capelães portugueses. Estes homens que tinham como principal objetivo o apoio religioso e moral aos soldados portugueses serviram em regime de voluntariado, deixando a tranquilidade das suas paróquias para correrem o mesmo risco de vida que qualquer outro combatente.

    Como vimos na última edição, a decisão política que permitiu a assistência religiosa aos nossos soldados só foi assinada já no decurso do mês de janeiro de 1917. Os primeiros sacerdotes que se tornaram capelães do Corpo Expedicionário Português partiram em abril de 1917.

    Um deles foi o Padre José do Patrocínio Dias, Cónego da Sé da Guarda, que se ofereceu como capelão voluntário em dois de fevereiro de 1917 e que viria a ser o Coordenador do Corpo de Capelães. Embarcou para França com o primeiro grupo de capelães, em abril de 1917. Quando se deu a Batalha de La Lys, assegurava a assistência religiosa no Hospital de Sangue n.º 2.

    Outro dos capelães a partir para a França para assistir os soldados portugueses foi o Padre Luís Lopes de Melo, Pároco da Sé Velha de Coimbra. Nascera no concelho de Gouveia, em Moimenta da Serra, no dia 18 de fevereiro de 1885, contava pois 32 anos, quando embarcou para França. Segundo o Arquivo Geral, Secção Especial do Corpo Expedicionário Português, o Pároco da Sé Velha de Coimbra, em 22 de Março de 1917, desembarcou no P. D.; em 10 de setembro de 1917 é ferido acidentalmente por estilhaços de granada e a 9 de abril toma parte na Batalha de La Lys. Seria louvado pelo Comandante do Batalhão de Infantaria N.º 9 "pela maneira zelosa e dedicada como tem desempenhado as funções de assistente religioso dos oficiais e praças deste Batalhão, porque assim tem dado sempre a maior demonstração de espírito de sacrifício que está animado" (O. S. N.º 223 do B. I. N.º 9 de 11 de agosto de 1917). Foi igualmente louvado pelo General Comandante do CEP "pelas constantes provas de dedicação, energia e heróica conduta que demonstrou por ocasião do bombardeamento da Ambulância n.º 1, pela decisão e iniciativa como nos dias 9, 10, 11 e 12 de Abril se manteve na frente, percorrendo as estradas em busca dos feridos e conduzindo-os às Ambulâncias e ainda pelo denodado esforço com que contribuiu para o salvamento do material hospitalar. Ao tentar pela última vez em 12 de Abril penetrar no H.S.1, foi o carro que conduzia atingido pelas balas inimigas, mas só retirou quando teve a certeza de que na frente não existia soldado algum que precisasse de auxílio". (O. S. N.º 230 de 23 de agosto). Foi condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª classe. Em 10 abril de 1919 foi presente no Q. G. C. donde seguiu para os Hospitais da Bélgica em visita aos militares portugueses que ali estavam internados. Em 24 de junho, vai em diligência a Paris, sendo presente em 25 na Delegação Portuguesa de Paris. Louvado uma 2.ª vez, pelo General Comandante do C.E.P., "pela inteligência, critério e dedicação profissional com que tem dirigido o serviço de assistência religiosa". (O.S. Nº 172 de 30 de Junho de1919). Embarcou em 7 de julho para Lisboa a bordo do transporte "Pedro Nunes" onde chegaria a 10 de julho de 1919, com duas Cruzes de Guerra e depois com a Torre e Espada. Retomaria novamente a freguesia de Sé Velha que dois anos e meio antes tinha deixado.

    O Cónego da Sé da Guarda, José do Patrocínio Dias chefiou o Corpo de Capelões Portugueses
    O Cónego da Sé da Guarda, José do Patrocínio Dias chefiou o Corpo de Capelões Portugueses
    Outros sacerdotes que se voluntariaram para esta patriótica iniciativa de assistirem os seus compatriotas mobilizados para a Guerra e que partiram no 1.º grupo (abril de 1917) foram Álvaro Augusto dos Santos, Pároco em Lisboa; Avelino Simões de Figueiredo, Capelão em Lisboa; José Bernardino da Silva, Pároco de Moledo (Lourinhã); Manuel Caetano, Pároco de Cós (Alcobaça); Martim Pinto da Rocha, Pároco em Alpedriz (Alcobaça); Manuel Rodrigues Silvestre, Pároco de Cela (Alcobaça); Manuel Pereira da Silva, Pároco de Nossa Senhora da Batalha (Porto); Alexandre Pereira de Carvalho, Pároco de Vila Verde (Felgueiras); António Augusto de Almeida Coelho, Pároco de Pena Verde (Aguiar da Beira); José Ferreira de Lacerda, Pároco de Milagres (Leiria) e Diretor do jornal de Leiria, "O Mensageiro"; Jacinto de Almeida Mota, Pároco de Trevões; Ângelo Pereira Ramalheira, Pároco de Vila (Ílhavo); José Manuel de Sousa, Pároco de Gemeses (Esposende); Paulo Evaristo Alves (Pároco de Coimbra); e Manuel Roiz Silveira, Pároco de Cela (Alcobaça).

    O 2.º grupo de Capelães portugueses partiu para a "Frente" de combate em junho de 1917. Entre os que partiram identificamos os seguintes: Joaquim Baptista de Aguiar, Pároco nas Oficinas de S. José (no Porto); António Rebelo dos Anjos, Pároco de Salreu; António Tavares de Pina, Pároco de Dornelas (Aguiar da Beira); Carlos Moreira Coelho, Pároco de Carvalhosa e Banho (Marco de Canaveses); António de Almeida Correia, Pároco de Aguiar da Beira; e Manuel Francisco dos Santos, Pároco do Seminário dos Meninos Desamparados em Campanhã (Porto).

    Já na fase final da Guerra, mais concretamente em junho de 1918, foi publicado o Decreto N.º 4489, de 4 de junho de 1918, que, finalmente, integrou no Exército os capelães voluntários com os vencimentos correspondentes ao posto de Alferes e que abriu o âmbito da assistência religiosa aos hospitais, navios, asilos ou qualquer estabelecimento onde existissem doentes, feridos, mutilados ou repatriados de guerra. Este Decreto concretizou as pretensões da CCARC (Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha) ao permitir ao comandante do CEP, sob proposta dos comandantes das unidades, autorizar a transferência para o serviço de assistência religiosa dos oficiais e praças necessários.

    De maio a julho de 1918 partiram os seguintes capelães para França (alguns deles são nomes repetidos dos acima referidos por terem, entretanto, vindo a Portugal): Abel Pereira de Almeida, José Francisco Faustino, António Rodrigues Bartolomeu, Jaime de Gouveia Barreto, José Dias Rodrigues, Avelino Simões de Figueiredo, José Ferreira de Lacerda, Jacinto de Almeida Mota, Manuel João Gonçalves, Alexandre Pereira de Carvalho, Manuel Francisco dos Santos, Manuel Frazão, João Augusto de Sousa, Joaquim Antunes Pereira dos Santos, António Alves Pacheco e Manuel Ramos Pinto.

    Em agosto de 1918, mais três capelães portugueses partiram para França: Domingos Afonso do Paço, Pároco de Viana do Castelo; Casimiro Rodrigues de Sá, Pároco de Padronelo; e José de Pinho, Pároco de Penafiel.

    O Corpo de Capelães Voluntários em França chegou a ter um efetivo máximo de 36 padres.

    Em fevereiro 1918 partiram também alguns sacerdotes como capelães para Moçambique. Entre eles ficam os seguintes nomes: Manuel Tavares da Silva; João Luís Esteves (de S. Pedro de Arcos, Ponte de Lima); Jorge Duque Nogueira; José da Silva Moroso (Pároco de Vila Chã, Alijó); Artur Tavares Dias (Chãs de Tavares, Mangualde); e Alfredo Bento da Cunha.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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