SECÇÃO: História

Rancho folclórico de Ermesinde

O mais antigo grupo do género na nossa terra, foi o Rancho Folclórico de Ermesinde, criado pela Direção do ainda Centro de Assistência Social de Ermesinde, com o principal objetivo de angariar fundos para socorrer os mais desfavorecidos e carenciados que esta prestigiosa associação ajudava diariamente.

Estreando-se festivamente no Cine-Ermesinde, em 24 de maio de 1961, com a presença das autoridades do distrito e do concelho, que colocaram um laço de seda, gravado, no seu estandarte, o Rancho Folclórico de Ermesinde atingiu notoriedade e fama, tendo-se exibido com pleno agrado em muitas terras do País.

Era seu diretor artístico Armando Ferreira, do Porto, sendo constituído por cerca de 40 elementos, incluindo Tocata e Coro. Possuía uma rica indumentária e nos trajes dos seus componentes havia fatos muito idênticos aos usados na Maia, em tempos passados.

Eram responsáveis do Rancho, os diretores do Centro Social de Ermesinde, António Moreira da Silva, António do Vale, José Vale, Luís António e Joaquim Seabra e a equipa de apoio e organizações formada por António Reis, Conceição Pereira e Alberto Delgado, que além deste setor desenvolveram atividades para angariar fundos para o Centro Social, como por exemplo a Feira Popular de Ermesinde, que foi um dos maiores êxitos desta terra e chegou a juntar no seu recinto largas centenas de pessoas. Mas além destas organizações outras se realizaram para o mesmo fim, como corridas de bicicletas, de motorizadas, de galgos, bem como festivais de folclore e arraiais noturnos.

O órgão de imprensa do Centro de Assistência Social - A Voz de Ermesinde - na sua edição de maio e junho 1961, trouxe a reportagem da inauguração do Rancho nas páginas centrais que passamos a transcrever.

REPORTAGEM DA ESTREIA

EM 24 DE MAIO DE 1961

O Rancho Folclórico de Ermesinde fez a sua estreia aqui, no Cine-Ermesinde, no dia 24 de maio de 1961

"No passado dia 24 de Maio, pelas 21 e 30 horas, no Cine-Ermesinde, teve lugar a inauguração do Rancho Folclórico de Ermesinde, órgão do Centro de Assistência Social, concretizando-se, assim, uma das maiores e mais antigas aspirações de todos os ermesindenses.

Faziam parte da Comissão de Honra os ex.mos srs. tenente-coronel Aires Martins, que representava o Governador Civil do Distrito e o Delegado do S.N.I. no Porto; eng.º Armando Magalhães, Presidente da Câmara Municipal de Valongo; António da Silva Bastos, presidente da Junta de Freguesia; rev.º Luís Vieira dos Santos, pároco de Ermesinde; Eduardo Reis Figueira, Presidente da Comissão Municipal de Assistência; dr. Pinto Ribeiro, director do Colégio de Ermesinde; rev.º Alberto Soares, director do Colégio Almeida Garrett; Francisco Xavier, regedor da freguesia; Luís Soares; Direcção dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde; Manuel Ribeiro, vereador da Câmara Municipal; dr. Luís Ramos, médico municipal; António Moreira da Silva, presidente do Centro de Assistência Social de Ermesinde e os representantes da Imprensa.

A abrir o programa falou o sr. Alberto Delgado, presidente do nóvel Rancho, que começou por agradecer a todos os componentes, bem como ao seu ensaiador, sr. Israel de Magalhães, todo o entusiasmo e dedicação com que tem servido o mesmo, pois quase se pode considerar milagre o Rancho em pouco mais de 90 dias apresentar tão elevado sentido artístico.

E se em parte, podemos considerar um milagre a apresentação do Rancho em tão curto espaço de tempo, deve-se a concretização desse facto aos pobres de Ermesinde, pois se não fossem eles esta vila não se podia orgulhar de possuir um agrupamento folclórico cuja finalidade é angariar fundos para o Centro de Assistência, que tem no seu dinâmico e incansável presidente, sr. António Moreira da Silva, o impulsionador da obra assistencial de Ermesinde e que foi ainda um dos dirigentes que mais se esforçou para dar vida e animação no Rancho Folclórico de Ermesinde.

O sr. Alberto Delgado que fez a apresentação do Rancho convidou a vir ao palco o sr. Tenente-coronel Aires Martins, acompanhado de sua estremosa esposa, a fim de proceder ao baptismo do Rancho, cerimónia que consistiu na colocação dos chapéus na cabeça do par mascote, que o menino Valdemar Marques da Silva, de quatro anos, com a vistosa indumentária do novo agrupamento, depôs nas mãos dos padrinhos.

Este acto foi calorosamente aplaudido, tendo seguidamente usado da palavra o sr. Tenente-coronel Aires Martins, referindo-se à acção desenvolvida pelo Centro de Assistência Social de Ermesinde, que disse ser digno de elogio e admiração, salinetando a obra já feita e, ainda agora, a criação do Rancho Folclórico.

Usou da palavra, a seguir, o sr. António Moreira da Silva, que historiou, resumidamente, a obra deste organismo, agradecendo as palavras que lhe foram dirigidas.

O Rancho, exibindo-se, então, com inteiro agrado dos assistentes que consideraram uma agradável surpresa tão brilhante actuação, sendo alguns números delirantemente aplaudidos, tais como "A Espadelada", "Vira da nossa terra", "Rusga de Ermesinde", etc.

O "Conjunto Napolitano" colaborou maravilhosamente neste festival, colhendo aplausos.

Durante o intervalo do espectáculo os componentes do Rancho efectuaram um peditório para a aquisição da bandeira, tendo conseguido a importância de 462$10."

Por: Manuel Augusto Dias