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    Arquivo: Edição de 15-04-2014

    SECÇÃO: Desporto


    ENTREVISTA

    Ginástica acrobática da ARCA (Campo) eleva o nome de Valongo no cenário desportivo

    O nome de Valongo tem vindo a ser pronunciado com vincado relevo e uma certa curiosidade no universo da ginástica artística, graças às recentes performances patenteadas por um grupo de jovens e promissores ginastas que defendem as cores da – hoje – dinâmica Associação Recreativa e Cultural da Azenha. Para conhecer um pouco melhor este fenómeno de popularidade, o nosso jornal deslocou-se a Campo, o berço da não menos popular coletividade, tendo ali conversado com o presidente da Direção, João Reboredo, e com a mentora deste projeto, Mafalda Rodrigues, os quais não só nos abriram o livro da história da secção como também nos revelaram os planos desta para o futuro imediato.

    Foto ARCA
    Foto ARCA
    Assim que chegados à sede da Associação Recreativa e Cultural da Azenha, popularmente conhecida como ARCA, foi com alguma admiração que constatámos que a coletividade cabisbaixa de um passado não muito distante é agora um local dinâmico, com infraestruturas renovadas onde durante a semana circulam cheios de vida e alegria cerca de 200 atletas oriundos de diversas modalidades. Ficamos então a saber que esta nova imagem não é senão o fruto do trabalho da Direção liderada por João Reboredo, que há quatro anos conduz os destinos da associação. «A ARCA era uma associação sem estratégia, que estava praticamente parada, antes de aqui chegarmos em 2010. Era pois urgente uma estratégia jovem, com planeamento, algo que até então não existia. E o que fizemos assim que tomámos posse em novembro de 2010 foi resolver uma série de situações complicadas que estavam pendentes, como por exemplo cartografar o edifício da sede, que não se encontrava legalizado em termos de licença de utilização, resolvemos os problemas do bar em relação à ASAE, ganhámos em tribunal a posse do campo de futebol, que não era nosso, fizemos obras na sede, em suma, não só resolvemos estes problemas como sobretudo temos desde então dinamizado a ARCA, com a tal estratégia e planeamento», recordou João Reboredo. Outra das ações iniciais levadas a cabo pela atual Direção poucos dias depois de tomar posse foi aceder ao apelo de antiga ginasta Mafalda Rodrigues, que com a saída da secção de ginástica acrobática – da qual foi uma das fundadoras – do Núcleo Cultural e Recreativo de Valongo (NCRV) se via a braços com um problema: a ausência de um espaço para dar continuidade ao projeto.

    «Com a mudança de Direção a ligação que tínhamos com o NCRV desde 2009, altura em que eu e outra colega chegámos com o nosso grupo e criámos a secção de ginástica acrobática, acabou por se perder. A nova Direção não nos apoiou, e pediu para sairmos, uma vez que iam precisar da sala que utilizávamos para treinar. De um momento para o outro ficámos sem um local para desenvolvermos a nossa atividade. Foi então que uma atleta oriunda de Campo me disse que nesta freguesia existia uma associação com uma Direção recém-empossada, um elenco jovem, que poderia estar disposta a acolher-nos. Foi então que eu e a minha colega viemos à ARCA. Tivemos uma reunião com a Direção, mostraram-nos posteriormente o espaço que tinham disponível, e nós de pronto dissemos que servia, pois o que queríamos era treinar», recorda a antiga ginasta de 31 anos de idade.

    Fotos ALBERTO BLANQUET
    Fotos ALBERTO BLANQUET
    Ainda a propósito do princípio desta união João Reboredo lembra que a ARCA foi a única associação que acolheu o projeto de Mafalda Rodrigues, pois todas as outras portas a quem a treinadora bateu se fecharam, inclusive a Câmara Municipal de Valongo (CMV), segundo Reboredo. «Sem pensar se havia ou não condições ao nível de infraestruturas para albergar a ginástica acrobática a minha Direção não teve outra atitude senão dizer-lhes que aceitávamos a inclusão da secção na ARCA, e que assim que quisessem começar a trabalhar estaríamos disponíveís para as ajudar», relembra o presidente da Direção.

    E eis que após as obras de remodelação levadas então a cabo na sede, a secção deu os primeiros passos rumo ao sucesso desportivo hoje em dia alcançado. Secção que começou com 10 alunos, pois muitos dos que faziam parte do grupo na altura em que este representava o NCRV desistiram por falta de transporte para Campo. Com o passar do tempo o número de atletas foi aumentando, e hoje são 22 os ginastas – 21 raparigas e um rapaz (!), prova de que a ginástica é ainda vista por muitos como uma modalidade tipicamente feminina – que defendem as cores da ARCA, com idades compreendidas entre os 4 e os 22 anos. E podiam ser mais, caso as condições físicas assim o permitissem. O grosso atual de atletas que é oriundo das cinco freguesias do nosso concelho, com um ou outro de fora, o que traduz bem a popularidade que a ginástica acrobática da ARCA tem granjeado. É aliás com as verbas angariadas das mensalidades pagas pelos atletas que a secção – a quem a Direção deu autonomia para gerir essas verbas – tem equipado as salas com materiais de treino.

    PAVILHÃO DE CAMPO

    PODERÁ SER A PRÓXIMA CASA

    foto
    Pese embora a ARCA tenha acolhido de braços abertos a secção de ginástica acrobática, e desde o primeiro dia disponibilizado a este grupo um espaço para trabalhar – neste momento são duas as salas que são utilizadas para treinos – o que é certo é que atualmente as infraestruturas existentes começam a ser pequenas demais para que os jovens ginastas desenvolvam o seu trabalho. Desde logo a dimensão das salas de treinos, as quais apresentam 11 metros de comprimento por nove de largura no que a medidas concerne, quando as provas de competição são realizadas em espaços que têm como medidas mínimas 12 metros de comprimento por 12 de largura. Outra condicionante atual é o facto de parte do teto das salas de treino ser um pouco baixo para a realização de certo tipo de exercícios. «Temos tido bons resultados desportivos, é certo, e para isso muito tem contribuído o facto de a ARCA sempre nos ter proporcionado as melhores condições, mas também devo dizer que os resultados poderiam até ser melhores, caso o espaço de trabalho tivesse outras condições. Para 22 atletas este espaço já é limitado», admite Mafalda Rodrigues.

    O presidente da Direção também reconhece esta limitação de espaço, adiantando que a coletividade está já em contactos com a CMV no sentido de que o Pavilhão Municipal de Campo passe a ser utilizado semanalmente por aquele que é neste momento o ex-libris da ARCA, precisamente a sua seção de ginástica acrobática. Por um lado João Reboredo admite que ver sair a secção do espaço da ARCA não é o mais desejado, pois a ginástica acrobática traz vida à sede da coletividade, sobretudo ao bar, que em dias de treino – segundas, quartas, e sextas – é sempre muito movimentado. Mas por outro lado, e mais importante, é a segurança das atletas, sendo por isso que não restou outra alternativa senão procurar um espaço que ofereça as condições de trabalho ideais, um espaço com segurança e que esteja preparado para receber mais atletas, e claro, «com melhores condições para podermos ambicionar títulos nacionais», o passo seguinte na voz dos nossos interlocutores.

    Quanto à possível utilização da infraestrutura municipal João Reboredo diz que o acordo com a autarquia está bem encaminhado, sublinhando que a ARCA sempre teve boas relações de cooperação com a Câmara, sendo parceira, por assim dizer, da edilidade em inúmeras atividades que esta tem levado a cabo, por isso, «penso que o atual executivo da CMV nos vai ajudar, tal como o anterior na pessoa de João Paulo Baltazar o fez noutras situações», lembrou o presidente da Direção.

    O SALIENTE DESEMPENHO DESPORTIVO

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    Confessamos que o que nos trouxe até à ARCA para conhecer a sua secção de ginástica acrobática foram as recentes brilhantes prestações patenteadas pelas suas atletas em provas realizadas em Vila do Conde e na Maia, onde as pupilas de Mafalda Rodrigues alcançaram medalhas e outros resultados dignos de registo em concorrência com algumas das melhores equipas e ginastas nacionais. Como já foi dito antes, a ambição mais próxima da ARCA é colocar a sua equipa nos campeonatos nacionais, meta que esta época esteve muito perto de ser alcançada, mas que alguns motivos que ainda estão por explicar acabaram por impedir! Quando questionada sobre estes tais motivos Mafalda Rodrigues foi cautelosa, e preferiu não alongar muito a conversa, dizendo apenas que não acha correto que um treinador aceite ser juiz de uma prova em que a própria equipa participe, «eu não o faço, mas na ginástica isso acontece com frequência, onde aliás a maioria dos juízes estão ligados a clubes, e como tal, e embora eles tentem, por vezes é complicado ser-se totalmente isento. Mas voltando a falar na atual época desportiva, temos conseguido resultados satisfatórios, e o mérito é todo das atletas. Não estamos ao nível de Campeonatos do Mundo, quem me dera, mas temos feito um bom trabalho a nível distrital, e, como já foi dito, se se vier a concretizar a nossa mudança para o Pavilhão Municipal de Campo, como gostava que viesse a acontecer, pois afinal de contas estamos a representar o concelho de Valongo, podemos elevar a fasquia, ou seja, levar este grupo aos nacionais, e aí tentar conquistar uma medalha».

    Com uma vasta experiência no mundo da ginástica, tendo sido também ela atleta, primeiro no Boavista, onde começou a praticar ginástica artística aos 12 anos de idade, tendo encerrado a carreira por motivos de estudos no Sport Clube do Porto – é hoje em dia professora de Educação Física – aos 24 anos, Mafalda Rodrigues é pronta a dizer que a ginástica em Portugal está a crescer. Com diversos resultados – de âmbito nacional – dignos de registo no seu palmarés, a atual treinadora da ARCA refere que no presente existem clubes com ótimas condições para a prática da modalidade, ótimas condições essas que aliadas ao trabalho desenvolvido por treinadores e ginastas se têm refletido no patamar internacional, onde o nosso país é detentor de títulos mundiais, num passado recente alcançados por Gonçalo Roque e Sofia Rolão, dois dos melhores atletas da atualidade. No entanto, esses citados clubes são ainda poucos, e mais do que isso concentram-se em áreas muito restritas. «O problema é que esses clubes trabalham em pequenos núcleos, ou seja, o Porto tem três clubes, a Maia outros três, Vila do Conde tem um, em Espinho existe outro, e aqui em Campo o nosso clube. Mas no resto do país não há nada! A modalidade está muito concentrada em determinados núcleos, como já disse», opina a treinadora.

    ASSOCIAÇÃO MULTICULTURAL

    João Reboredo fala com orgulho da secção de ginástica acrobática da ARCA, uma aposta claramente ganha, como ficou provado ao longo da nossa conversa. No entanto, outras modalidades dão ser a uma coletividade com 38 anos de vida e que tem atualmente cerca de 800 associados, embora apenas cerca de metade sejam pagantes. Uma associação sobretudo virada para a formação, com aproximadamente 200 atletas, divididos pela ginástica, taekwondo, karaté, zumba, danças latino-americanas, aulas de música, ou a ginástica com música. Foi, digamos que, uma profunda revolução operada pela atual Direção no quotidiano de uma associação que estava parada, como já referimos. João Reboredo não é comudido na ambição quando fala no futuro, confessando que antes do seu mandato terminar gostaria de colocar um relvado sintético no campo de jogos, uma infraestrutura que servisse não só os associados da ARCA como a restante juventude da freguesia, que não tendo espaços suficientes para a prática desportiva tem de jogar à bola na estrada!

    Pelo que vimos e ouvimos, dúvidas parecem não haver de que a atual ARCA tem sido um dos principais veículos – senão mesmo o principal nos dias de hoje – da freguesia de Campo rumo ao progresso desportivo e cultural.

    Por: Miguel Barros

     

     

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