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    Arquivo: Edição de 15-04-2014

    SECÇÃO: Editorial


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    Cultivar Abril

    Cultivar é preciso, seja a terra, o mar, a escrita, a música, as artes plásticas, a ciência ou a tecnologia.

    Sempre que leio ou escrevo, que semeio ou planto, que pinto ou desenho, eu sinto que o que faço é fruto de um passado, duma cultura que me foi dada, duma água onde bebo, que pertence a um rio que corre e que eu gostava de agarrar.

    Hoje eu olho para trás e a vida corre à minha frente como um filme, e leio nessas imagens uma vida, um país e as mudanças que Abril nos deu.

    Lembrar Abril é reviver um passado tão próximo e tão intenso, que marcou profundamente o povo português, e não é por acaso que o estudo “40 anos do 25 de Abril” promovido pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, “Expresso” e “SIC Notícias”, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, revela que na sondagem realizada, quatro em cada cinco dos portugueses olha para a transição do 25 de Abril como um motivo de orgulho.

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    No mesmo estudo são consideradas como as grandes vitórias do 25 de Abril a criação de um regime democrático e o Estado social.

    Estado social de que os portugueses não querem abdicar e que a presença da Troika no nosso país tem posto em causa.

    E porque vivemos em democracia choca-me profundamente que nestas comemorações dos 40 anos da Revolução dos Cravos, a Assembleia da República o faça sem a participação dos militares de Abril, independentemente de estarem todos de acordo com as posições políticas por eles defendidas, é da mais elementar justiça ouvir a sua voz nestas comemorações.

    Que democracia é esta que não dá a palavra aos principais responsáveis pela sua implantação?

    Comemorar o 25 de Abril é comemorar um ato que teve como protagonistas os militares, militares esses que derrubaram um sistema político obscurantista de direita, e abriram um caminho para a democracia que o povo referendou.

    E foram esses mesmos militares que abriram a porta à democracia que souberam regressar aos quartéis, sem que a isso tenham sido obrigados.

    Comemorar é sempre prestar um tributo e esse tributo é aos homens que fizeram o 25 de Abril, sem eles não faz sentido!

    Alguém dizia nestes dias: Portugal está a passar por uma desmemoriação acelerada, e é bem verdade, é preciso lembrar os factos com seriedade e reconhecer o papel das Forças Armadas neste contexto.

    Ninguém nega o papel do povo – dos políticos, dos operários, dos rurais, dos artistas, dos intelectuais – em todo este processo, mas o ponto de partida, o 25 de Abril, deve-se aos militares, e é essa a data que se comemora.

    Cultivar Abril é preciso, antes que tudo se apague.

    Semear, plantar, regar, para que floresçam todos os anos.

    E como em tudo na vida é preciso que deem semente para se reproduzirem….

    Por: Fernanda Lage

     

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