Cabeças no Ar e Pés na Terra representam o “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente dentro do Projeto Textos Dramáticos na Escola
Os Cabeças no Ar e Pés na Terra, em parceria com o Município de Valongo e com os seguintes Agrupamentos: Agrupamento de Escolas de Campo, Agrupamento de Escolas de Valongo, Agrupamento de Escolas Vallis Longus e Agrupamento de Escolas de Alfena, inicia em 2014, na sexta-feira 24 e sábado 25, pelas 21h30, na Sala das Artes (C.C.C. Vallis Longus) o projeto textos dramáticos na escola.
Após auscultação com as direções dos Agrupamentos do Concelho, foi desenhado um plano de estreias e apresentações para os estabelecimentos de ensino interessados. No ano letivo de 2014/2015 é pretensão do projeto alargar esta oferta a concelhos limítrofes, promovendo Valongo como um Concelho com uma grande aposta na área teatral, e os Cabeças no ar como uma companhia que coloca o Teatro ao serviço da educação, como já tem sido feito na área social.
SINOPSE
É mesmo preciso a sinopse? Este texto parece que nos corre nas veias. Numa ilha vão surgindo personagens de vários tipos de estrato social e estatuto. Essas personagens, acabaram de morrer e deparam-se com duas barcas, uma que vai para o Inferno e outra para o Paraíso. Estas personagens argumentam e tentam negociar com o Diabo e com o Anjo a sua entrada na Barca que acham ser a melhor para si. Todas querem ir para o paraíso, mas será que chegam a entrar na Barca que corresponde ao seu desejo?
TEXTO DA ENCENAÇÃO
Como se pode apresentar o Auto da Barca do Inferno em 2014? Como vejo eu este texto no dia de hoje? Vejo-o deste modo: O palco é como uma ilha construída a partir de destroços de um navio (madeira, tecido e cordas). Poder-se-á confundir este navio com o país. E ao longo da encenação confunde-se. As figuras que preenchem a ilha, são as desenhadas por Gil Vicente, mas são figuras que são representadas pelos atores e atrizes, que saltam do público para o palco. São os atores e atrizes que sistematicamente expõem, o que julgam ser, os vícios da sociedade. Eles vestem as roupas do Fidalgo, do Onzeneiro, do Judeu, do Frade, de todos, e sabem-lhes os tiques, mas não deixam nunca de tirar as roupas do Joane e dos cavaleiros. Porquê? Porque hoje a arte teatral tem que estar cheia de cavaleiros que lutem por expor estes vícios da sociedade e estes cavaleiros têm que ser parvos o suficiente para brincarem com as situações, mas dizendo a verdade.
Esta encenação é atualizada aos dias de hoje? Esta encenação acontece hoje, mas a pensar no que foi ontem, para que não se repita amanhã. Montamos esta peça a pensar no nosso navio destroçado, no nosso país destroçado. Pensamos no ontem de Gil Vicente e pensamos também no ontem em que havia mais cavaleiros/parvos connosco nesta viagem. Ontem, eles tiveram que emigrar porque este barco/país estava demasiado destroçado. E no hoje, descobrimos que no meio dos destroços deste barco/país há e sempre houve algo de grande força. Há quem chame de tradição, nós chamamos de empenho em guardar memórias do ontem. Ao pegar neste texto do Gil Vicente, fomos “empurrados” a beber informação e ADN das criticas do Carnaval Português, como é o exemplo da festa de Lazarim, onde se faz o Carnaval com belas máscaras de madeira de Vimieiro. Nesta nossa procura, encontramos o Mestre Adão Almeida, que ainda mantém a construção das máscaras por método manual “como os antigos o faziam” e pedimos-lhe para que as suas mãos (que transportam a mestria do ontem), nos construísse uma máscara de Diabo para o Auto da Barca de hoje. As suas mãos já construíram inúmeras máscaras que todos os anos assistem aos julgamentos no Carnaval. Assim como no texto de Gil Vicente, juntam-se as pessoas da Aldeia a assistir ao julgamento. Através de máscaras e da poesia se vão desmascarando os costumes. No ontem de Gil Vicente e no nosso hoje, continuamos a precisar muito de Cavaleiros/parvos e Parvos/cavaleiros, para que transformem a ritual da critica do Carnaval num evento diário, para que não seja preciso uma justiça divina.
Como não queremos que o nosso navio fique outra vez destruído, em 2014 vamos lutar por ser mais Cavaleiros/parvos. Acredito que será mesmo um ano de mudança no coletivo Cabeças no Ar e Pés na Terra. Mudemos como mudarmos ou para onde mudarmos, gostávamos que nos acompanhassem, porque enquanto nos acompanharem nós continuaremos a fazer o que achamos que fazemos de melhor.
FICHA TÉCNICA
Texto | Gil Vicente
Encenação e espaço cénico | Hugo Sousa
Interpretação | António Pedro Silva, Diana Barnabé, Tiago Moreira e Vânia Blubird
Adereços | António Sousa
Design Gráfico | André Santos
Máscara de Diabo | Mestre Adão Almeida
Execução de figurinos | Celeste Sousa e Lurdes Benido
Arranjos musicais | Paulo Oliveira
Desenho de Luz | Hugo Sousa
Produção | Cabeças no Ar
Parceria | Município de Valongo, Agrupamento de Escolas de Campo, Agrupamento de Escolas de Valongo, Agrupamento de Escolas Vallis Longus e Agrupamento de Escolas de Alfena,
Bilhetes | 5 €
Reservas | 968554543 ou [email protected] ou mensagem privada através do facebook
|