Promover o desenvolvimento, encontrar saídas para o futuro – Contrato Local de Desenvolvimento Social +
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Foto CFCSE |
No passado mês de setembro, o Centro Social de Ermesinde, enquanto entidade executora do Contrato Local de Desenvolvimento Social +, programa coordenado pela ADICE, deu início ao projeto InterVAL +. Projeto que visa responder, com um conjunto de ações, a uma crise que tende a acentuar-se no concelho de Valongo. Razões suficientes para uma intervenção de proximidade, operacionalizado em três eixos de intervenção prioritários: empregabilidade, ensino e formação; combate à pobreza; e a participação social.
No eixo da “empregabilidade e no combate à pobreza crítica”, o trabalho desenvolvido visou a informação, o diagnóstico, a orientação vocacional e o encaminhamento de jovens para ofertas educativas, num amplo trabalho de articulação com várias entidades públicas e privadas de formação. Ainda neste âmbito, realizaram-se vários seminários sobre o empreendedorismo, com a população adulta e com os jovens das escolas secundárias de Ermesinde e de Alfena, envolvendo entidades públicas, como o IAPMEI e, no caso dos alunos, num cine-debate com o filme: quem se importa.
Já no eixo do “apoio à auto-organização dos habitantes”, realizaram-se vários seminários sobre o associativismo com jovens e adultos. Os mais novos, alunos da Escola Secundária de Alfena, discutiram com a Associação de Estudantes da Escola Secundária de Ermesinde, com a Associação Desvendar o Futuro e o Instituto Português do Desporto e Juventude, as potencialidades do movimento associativo como espaço de participação e de realização de atividades culturais, desportivas e sociais.
Já com os moradores do empreendimento social de Ermesinde, que decorreu no Centro de Animação das Saibreiras1, o debate, por vezes mais acalorado, trouxe a terreiro a importância da participação e as consequências dessa ausência. Os moradores apontaram o desemprego como um dos principais males que afetam esta comunidade, mas também a falta de respostas à ocupação dos tempos livres no bairro, como o desporto ou o artesanato.
Com partida em alguns dos pressupostos apresentados o Presidente da Federação das Coletividades do Distrito do Porto, Domingos Martins, transmitiu a ideia de que o associativismo parte de uma necessidade de participação interior para um objetivo do bem-estar comum, não sendo exequível com imposições externas.
Já o presidente das Coletividades do Concelho de Valongo, Joaquim Oliveira, apelando à mobilização comunitária, deu a conhecer o seu percurso associativo, no qual contempla uma das associações mais emblemáticas do concelho de Valongo, como é o caso da ARCA2, deixando o seu testemunho de que a união permite ultrapassar os obstáculos e a concretização dos objetivos comuns. Foi, aliás, a perseverança participativa que trilhou o seu caminho associativo, como fez notar.
A intervenção de Hugo Sousa, Presidente da Associação dos Cabeça no Ar e Pés na Terra, juntou o seu testemunho à discussão, trazendo a sua atual experiência no Bairro das Saibreiras norteada pela arte como espaço de conciliação e de emancipação. Revelou o envolvimento da comunidade nas várias iniciativas teatrais que visaram retratar e resolver, pela via performativa, os problemas que afetam os moradores.
Alexandre Garcês, técnico da empresa municipal Vallis Habita, trouxe as experiências de apoio à mobilização dos moradores e as conceções associadas à abertura dos empreendimentos sociais às comunidades em que estão inseridos, apontando a estratégia como forma de se evitar a guetização, numa articulação com organismos públicos e privados do concelho na resolução dos problemas. Salientou a abertura como preceito do processo de integração social em sentido lato.
Com a intervenção da Doutora Teresa Medina (investigadora e docente da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto), a discussão ganhou uma abrangência crítica mais ampla sobre o movimento associativo. Do apelo à participação, independentemente do número de envolvidos, ao fortalecimento dos laços de solidariedade, o debate de ideias que trouxe reforçou a perspetiva da união como meio de superação das adversidades que se vão impondo à comunidade, acrescentando que o espaço da partilha promove a emancipação social.
O debate encerrou, mas contudo não se deu por finalizado, ficando agendado a realização de novos momentos de discussão, tal é a urgência da reativação de um canal de partilha de ideias para se tomar ações concretas.
Sentida a necessidade foi ainda realizada uma outra ação no Empreendimento social de Valmarinhas e, mais uma vez, ficaram apontados uma série de problemas estruturais das habitações que urgem ser resolvidos. Aqui a questão da união e da associação começou a ganhar alguma força e motivação junto dos seus residentes que pretendem ver resolvidos os seus problemas.
Por fim, ficaram agendadas futuras reuniões com os moradores dos vários empreendimentos.
A equipa do CLDS+ de Valongo agradece a todos os intervenientes a participação crítica no debate de ideias e que por essa via projetaram os debates para a dimensão formativa e mobilizadora que se esperava. Obrigado.
Por: ADICE/CSE
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