Compromisso de Salvação Nacional
O Presidente da República falou ao país alertando os portugueses para os riscos, segundo o seu entendimento (que também é nosso), de dissolver a AR e de promover eleições legislativas antecipadas.
Como é habitual entre nós, os comentaristas divergem nas suas leituras e os representantes partidários concordam ou discordam da solução avançada por Cavaco Silva, conforme o seu posicionamento no tabuleiro político-partidário, com uns e outros a entenderem que o PR ou consegue das conversas que vai ter com os dirigentes o acordo que defende, ou o atual Governo continuará em funções como nada tivesse acontecido nesta última semana.
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Quanto a nós, a leitura que fazemos da alocução do PR, tendo em conta a passagem em que refere que «desde que exista, à partida, vontade e espírito de cooperação entre os partidos que subscreveram o Memorando de Entendimento, e desde que estes coloquem o interesse nacional acima dos seus próprios interesses, creio que não será difícil definir o conteúdo em concreto desse entendimento. Mais ainda, um acordo desta natureza não se reveste de grande complexidade técnica e poderá ser alcançado com alguma celeridade, podendo recorrer-se a uma personalidade de reconhecido prestígio que promova e facilite o diálogo», quererá dizer-nos algo diferente.
Com efeito, esta última parte da comunicação do PR, conjugada com o silêncio sobre a aceitação ou não da proposta do PSD-CDS/PP sobre a remodelação do atual Governo, leva-nos a concluir que os esforços de Cavaco Silva orientar-se-ão no sentido da formação de um novo Governo, integrando representantes dos três partidos subscritores do Memorando de Entendimento, presidido por «uma personalidade de reconhecido prestígio», executivo que deverá manter-se até junho de 2014, podendo, ou não, continuar depois desta data.
Se assim for, devemos dar os parabéns ao PR pela solução encontrada, que tem o mérito de proporcionar aos três partidos defenderem as suas nucleares posições, evitar que os partidos ponham em risco os sacrifícios que têm sido impostos aos portugueses, podendo inclusive ver concretizadas as “bandeiras” de desenvolvimento da economia e menos austeridade, lutando por elas na mesa onde estas coisas são discutidas e deliberadas: o Conselho de Ministros.
Oxalá que a pressa de chegar ao “pote” ou a determinação de dele continuar a alimentar-se não invalide a patriótica determinação do Presidente da República de conseguir um Governo que evite maior desgraça para os portugueses, tranquilizando-os quanto à mudança de políticas, promotoras de desenvolvimento económico, retrocesso dos níveis de desemprego e do nível da carga fiscal, a fim de que a evolução da dívida pública seja travada, e o poder de compra dos portugueses conheça alguma melhoria.
Por:
A. Alvaro de Sousa
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