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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-01-2013

    SECÇÃO: Destaque


    FORMAÇÃO e EDUCAÇÃO DE ADULTOS

    O que nos move (*)

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    É razoável questionarmo-nos sobre a missão. Como alguém referiu um dia, «tudo o que se faz na comunidade é feito em função da Missão». A missão é então este desígnio máximo, individual e coletivo, que nos move acerca de 60 anos sem resiliência para «melhorar a qualidade de vida das pessoas». A «acompanhar as necessidades da população local, em particular as mais desfavorecidas», abrangendo, «simultânea e diretamente, todos os grupos etários», na agitação do dia a dia, nas contrariedades da vida, próximos, presentes para responder à promoção do futuro coletivo.

    Na década de 90, para contrapor a crescente maleita social, assumimos o caminho, com os projetos de luta contra a pobreza. Promovemos as redes de vizinhança e apoiámos as necessidades básicas da comunidade, mediando e articulando com as instituições públicas locais e nacionais as respostas às carências de uma pobreza urbana crescente. As respostas à pobreza da exclusão. Criámos estruturas que concorressem para o desenvolvimento holístico das crianças e jovens. Incentivamos a participação pela via do associativismo. Trouxemos e levamos a Europa. Abrimos novos horizontes.

    Novos desafios se impuseram. Do flagelo do desemprego de 1993, ao quase pleno emprego de 2002, demos a resposta. Contribuímos para o sucesso individual, respondemos às necessidades da economia local, articulando a oferta com a procura, incentivando jovens e adultos a apostar na formação.

    Ancorados às raízes da instituição, tomamos como orgânica a missão. Porque tal como um organismo vivo, adaptamo--nos às exigências do tempo, acompanhando as transformações, as formas de intervenção. Respondendo às necessidades básicas, passamos também a olhar mais além, trabalhando a base de quem nos procura. Na confiança extrema de que é na transformação interna do sujeito que reside também a emancipação, intervenção crucial para responder, com sucesso, aos fenómenos de exclusão social. E a passada década foi a assunção do compromisso de um dos mais altos valores humanos: a formação. A formação como instrumento possível de favorecer a mudança.

    A valorização do espaço para a formação foi ganhando terreno na nossa intervenção, pela perceção do retorno de resultados na melhoria das condições de vida de quem se formava. Um processo que resultou de uma alargada rede de parcerias, que ao longo de 10 anos estabelecemos com universidades (Universidade do Porto, Universidade de Coimbra, Universidade Católica Portuguesa), instituições públicas (IEFP, escolas públicas) e privadas (centros de formação nas mais variadas áreas profissionais) e empresas, um trabalho que visou responder à valorização das qualificações da população local. Assumimos o compromisso de um dos desígnios nacionais: fazer convergir os níveis de qualificação da população portuguesa para a média europeia. Durante a última década mobilizámos mais de 4 000 processos de qualificação, certificámos mais de 1 000 adultos e jovens, na componente escolar e profissional. Reforçámos a motivação para o estudar, estimulando a autoconfiança para que se vá mais longe e se estabeleça novas metas de conquista na formação individual.

    Não perdendo o sentido da missão, alargamos a nossa ação para contrariar os efeitos nefastos de uma crise económica que se pronunciava no horizonte e que depressa se consolidou, também ela, numa crise social sem precedentes. O desemprego disparou, para máximos nunca antes imagináveis.

    Com os cortes orçamentais e o minguado investimento público, a formação de adultos tende a circunscrever-se a um perverso fim de aquisição de competências, retalhado, e pouco consequente na valorização do sujeito no seu todo.

    Na exigência dos números, a quantificação da resposta ao suposto mercado de emprego, cada vez mais inexistente, revelou-se uma miragem inconsequente na vida dos desempregados. Por tudo isto, e não perdendo o foco, redefinimos a ação da valorização pessoal, não esperando que a formação seja condição sine qua non de um limitado pensamento para o trabalho, restruturamos a intervenção, mobilizamos sinergias, dia a dia, para a formação de um espaço de empreendedorismo. E deslumbramos um novo horizonte, com novas exigências que nos levam a tomar o caminho. A prosseguir o empenho coletivo que nos move há mais de 6 décadas para transpor as íngremes barreiras que se impõem, na certeza de que até aqui, sempre presentes, acompanhamos, apoiamos, ajudamos e contribuímos para a melhoria das condições de vida da comunidade. Está-nos no código genético, esta forma de participar e de projetar o futuro. Somos próximos. Partimos de dentro, sem burocratizar as vidas. E ampliamos a intervenção na base de um saber multidisciplinar para responder aos desafios, por vezes decretados.

    Prevemos então uma nova etapa que vá ao encontro de uma estratégia que vise um «crescimento inteligente, sustentável e inclusivo», paralelo no traçado pela meta 2020 da União Europeia. E que promova por isso, o sujeito e o resgate do risco de “pobreza ou exclusão”, investindo na sua “qualificação e formação”. Ambicionamos também, intervir sobre os riscos do abandono escolar precoce, incentivando a aposta no aumento da formação.

    Por estas razões, estamos comprometidos a seguir este projeto, com a comunidade como farol a guiar-nos, mais uma vez. É o que nos move...

    (*) Texto da responsabilidade da Equipa de Formação Profissional e Emprego do Centro Social de Ermesinde.

     

     

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