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    Arquivo: Edição de 07-09-2012

    SECÇÃO: Crónicas


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    Instruída para sobreviver

    Passado o mês de agosto e na sua globalidade todas as pessoas terão passado também grande parte das suas merecidas férias e isto não tem a ver com o “destino” que se escolheu para o fazer, ou se gastamos mais ou menos, ou se nos é possível poder fazer ou não, aquele tipo de férias – tem a ver acima de tudo com descanso, convívio quase único em família, para o qual se trabalhou arduamente um ano inteiro, tendo em conta as exigências elevadas e a cobrança que a vida nos faz numa entrega cada vez mais dura e afincada a um trabalho que todos nós sabemos ser também a única forma de assegurar o bem-estar de cada pessoa, de cada família.

    Claro que todos nós sonhamos com destinos “paradisíacos” para as nossas férias e eu não sou regra à exceção mas, penso que também é da característica do ser humano aprender a substituir os sonhos, numa “artimanha” muito nossa e muito própria, em que depois lá arranjamos forma de ultrapassar estas pequenas frustrações, que rapidamente são absorvidas e substituídas por outro tipo de compensações com que a vida nos presenteia.

    Eu, este ano, adotei uma forma muito peculiar de gozar as minhas férias – aprender. Ter tempo para saborear o prazer de estar viva; fazer um balanço e avaliar todo o trabalho já feito; “libertar escamas” e fazer “delete” do lixo acumulado na minha mente: tudo o que não é de valor ou importância e que ocupava espaço na “mala de viagem” que eu e todos nós carregamos na nossa caminhada pela vida.

    Com esta medida posso seguir a viagem com mais espaço livre e poderei desta forma “alojar” novas vivências e novas aprendizagens, que a ser possível continuarei a partilhar mas, mesmo não sendo editados, ficam escritos: os meus TPC´s e isso já de si é muito valioso para mim – a disciplina e a coragem de fazer alguma coisa.

    É certo que não agradamos a “gregos e a troianos” mas confesso que também não será essa a minha intenção que é, acima de tudo, respeitar todo e qualquer ser humano e isto não é implica que “goste dele” mas acima de tudo que o respeite, que respeite a sua forma de ser e de pensar, a sua tendência política e/ou religiosa e a sua forma de estar perante a vida – ao exigir isso de mim crio a “obrigação” de ter isso do “outro”, como reciprocidade da condição de todo e qualquer ser humano poder viver dignamente em sociedade: o direito de ser e de existir.

    De há algum tempo a esta parte e enquanto escrevo os meus “post-it’s” ou ainda como gosto de lhes chamar, “pedacinhos de vida”, tenho-me dado conta de que sorrio para o computador a quem chamei “Amigo”, numa crónica escrita em 15/06/2011. É lógico que isto foge um bocado ao sentido de uma frase célebre, com a qual concordo e que está associada a Charlie Chaplin: «…Mais do que máquinas precisamos de humanidade...». mas também é certo (e já referi), que eu não posso mudar o mundo que acredito esteja povoado de “crânios” que irão chegar a essa conclusão: tudo passa pela “engenharia” fantástica e também se calhar inexpugnável – o maior desafio de todos, e penso que também o mais temido por todos: a capacidade de encontrar a humanidade dentro do próprio ser humano.

    Deixo efetivamente esse tipo de abordagem para os “entendidos” na matéria, ainda mais que na escola de gente grande por onde passei (faculdade) e apesar de nada do que diga ou escreva possa ser validado ou tomado como “académico ou cientifico”, tendo em conta que somente pude fazer um ano letivo, em que validei nove disciplinas, deu perfeitamente para eu perceber que lá existem todas as “ferramentas” e ensinamentos necessários para quem quiser e tiver vontade de aprender – isto se quem a frequentar tenha um motivo muito mais forte do que trazer somente o “diploma”.

    Assim, vou sendo egoísta e partilhando mesmo os “reforços” ou as “âncoras” de que me vou socorrendo para não caminhar sozinha e hoje faço minha “eleição” – falar da minha “caixinha mágica” (o meu computador, que agora já não se chama HP e também, por ser de secretária não pode dormir ao meu lado), ainda mais que atualizando aquilo que anteriormente escrevi preciso de acrescentar-lhe a importância de agora pertencer ao “clube da amizade”, o Facebook.

    Citar os inconvenientes desta poderosa “máquina da comunicação” seria repetir-me e repetir tudo o que de muito se tem dito e ensinado sobre o que se deve proteger dos “invasores,” aqueles que se preocupam com a devassa de tudo o que tem a ver com o que é do foro e da intimidade de cada um. Neste ponto, somos nós que temos que ter o bom senso de perceber e saber o que queremos resguardar, porque não é o computador que faz isso – são as pessoas que o utilizam e que também o manipulam, mas isso também se passa no nosso quotidiano e faz parte do nosso dia a dia e também nem sequer “será da minha conta” porque cada é como é, e como gosta de ser.

    Seguindo a minha divagação, neste momento, olho para o cantinho desta fantástica “caixinha mágica” e vejo lá 7:21 e como sabemos que quando trabalhamos no PC podemos ter duas, três ou muitas mais “janelas abertas” eu, enquanto faço este apontamento vi que tinha, há pouco, uma notificação de que recebi um e-mail e quando fui ver era a minha irmã, que a 2 100 Kms de distância tomava o seu café da manhã. Num ritual que já lhe conheço, goza este momento de tranquilidade enquanto a sua família dorme, para ler e atualizar a sua informação; daí que me mandava uma nota crítica sobre todo o trabalho que tenho desenvolvido em termos de escrita.

    EXPOR “LAMECHICES” NO FACEBOOK

    Foto GL
    Foto GL
    Também na “janelinha do Facebook” pude ver que tinha lá notificações pendentes: eram jovens que me convidavam para sua amiga e eu fiquei atónita porque não é muito normal que pessoas pouco acima dos 12/13 anos convidem “cotas” para seus amigos. Isso leva-me à necessidade de confessar que isto me faz sentir “babada”, considerando-me cada vez mais abençoada pois eu já era assumida pela minha “canalhada” – a equipa dos 20. Contudo, preciso de ter também humildade de admitir que isto deve ter muito a ver com o facto de eu ser um pouco “destrambelhada” pois gosto de os ouvir, de rir com eles, de jogar bola, de andar de bicicleta, de ser “cúmplice/confidente”, de lhes cozinhar alguns pratos favoritos, entre tantas coisas e a mais importante de todas: saberem que me orgulho deles porque são “atinados” e que também que podem contar sempre comigo, nos momentos bons e menos bons!

    Neste “clube aberto”, o Facebook, tenho plena consciência de que é arriscado expor as minhas “lamechices”, ter coragem de por “gosto”, nas coisas de que gosto mesmo, incentivar aqueles que, tal como eu, precisam de combater a solidão que muitas vezes é por opção. Pessoalmente, para me sentir mais confortada, dou como certo que é a “minha página” e que eu uso para me divertir, para pensar, para me alegrar com a irreverência de muitos e também com a ousadia de muitos, usando todos os seus pontos fortes e que me servem de aprendizagem e também de exemplo.

    Mesmo que corra o risco de parecer “tontinha”, confesso que tenho dificuldade em “acobardar-me” e não fazer ou não clicar somente porque os “outros” vão pensar o que quer que seja – “eles” pensam sempre o que quer que seja, e de quem quer que seja, conforme for da conveniência da sua personalidade, daí que... assumo a atitude de fazer as coisas por mim e simplesmente porque gosto… de gostar.

    É também mais do que lógico que as pessoas que pertencem ao meu “clube” me aceitam assim e é por isso que me ando a sentir tão vaidosa por estes surpreendentes convites feitos pela geração dos mais jovens que são amigos dos sobrinhos, amigos de amigos e amigos dos clubes de futebol, de clubes recreativos, de convívio e outros que vou tendo a honra de conhecer e com quem partilho a minha alegria e irreverência e que me aceitam assim – o que sou: sem máscaras ou fingimentos.

    Agora, na mania que tenho de me dirigir aos que já cá não estão e isto também porque já escrevi que para mim essas pessoas não terminam a viagem e somente “mudam de estação”, digo ao Charlie Chaplin que ele seguramente me vai compreender se lhe disser que esta máquina – o meu computador –, ajudou muito a que me “salvasse” de mim mesma, porque era impensável que eu tivesse recebido tanto “reforço positivo” de tanta gente, tivesse lido tanto e pesquisado tanto sobre o saber de tanta gente, que me enriquece como ser humano e isto incluiu-o a ele, pessoa que eu não imaginava que em 1940, no filme que pesquisei para fazer um trabalho e que se chama o “ Grande Ditador”, naquele célebre discurso que fez, estivesse tão atual que ainda hoje, em 2012, não passou de moda.

    Ainda Charlie Chaplin: nesta caixinha mágica recebi há tempos um e-mail de um colega que me fazia chegar um apontamento dele que tinha sido editado por um jornal da localidade onde mora e que influenciou um dos meus conceitos de vida, porque eu costumava dizer que tudo aquilo porque tinha passado (e se calhar ainda passarei) me tinha transformado numa “kamikaze” e associava isto à “detonação”, à morte.

    Ao ler no e-mail aquilo que ele escreveu e que se integrava num registo histórico da associação que ele representa como seu Presidente e que foi fortemente marcada no seu passado, pela presença de elementos da Força Aérea, eu percebi que, afinal com os apontamentos que fui partilhando desde 2010 tinha era construído o meu “manual de voo”: “sobreviver para continuar a operar”, um dos significados de uma divisa contida no brasão do Centro de Treino de Sobrevivência da Força Aérea – “Animus Manendi”.

    Conceitos simples: vida ou morte, mas que fazem toda a diferença e eu decidi mesmo substituir a palavra que usava “Kamikaze” por “Animus Manendi”, para mim – continuar a aprender a sobreviver para continuar a voar, mesmo tendo a coragem e o bom senso de parar para analisar e corrigir a minha “rota de voo”.

    Finalmente, penso que o grande e excelente ator que foi Charlie Chaplin também ficaria enternecido com a nossa escolha para colocar como padrão de fundo do nosso computador lá do gabinete – o rosto luminoso, sorridente e acima de tudo humano, dos nossos “miúdos” que sempre nos presenteiam com uma visita que nos fazem num dos seus dias de férias da escola e que no futuro serão acrescentados como mais três “caritas”: Diogo, Beatriz e Gonçalo.

    Bom regresso ao trabalho!

    Por: Glória Leitão

     

     

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