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    Arquivo: Edição de 25-07-2012

    SECÇÃO: Destaque


    XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO

    Uma imaginação... à deriva

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    Logo a seguir ao Encontro de Autores de Ermesinde, na Feira do Livro deu-se um acontecimento... uma verdadeira performance que deixou a plateia presa ao lugar, fascinada com o arrojo desta figura já mediática e famosa que é Tino de Rans, e na qual ingenuidade, engenho e sagacidade se combinam de uma forma explosiva.

    O autor lançava ali “Há pressa...”, obra em formato de livro, mas que não é um livro, mas antes... um jornal! Um jornal, a sair de 10 em 10 anos, e para ser lido sem pressa, rompendo o vicioso círculo do imperativo ritmo noticioso que, ao ser tão imperativo, acaba por destruir a pertinência da notícia – crítica pertinaz do autor.

    “Há pressa...” tem a ver com “press” (imprensa) e comporta 52 textos, tantos como as semanas que o ano tem. E a cada uma deles corresponde mais ou menos uma obra de arte, questão que é afirmada de um ponto de vista conceptual muito particular pelo autor.

    As peripécias da conceção da obra, da impressão do livro, da sua promoção, da sua identidade, fizeram o regozijo daqueles que ali ficaram, a ouvir Tino de Rans, explicando, por exemplo, porque razão tinha ali à sua frente na mesa... uma panela.

    Álvaro Cairrão, doutor em Comunicação Audiovisual e Publicidade, apresentou o autor e o seu horizonte sem limites e Nuno Pedreiro, artista plástico e cúmplice, falou também de como é trabalhar com o Tino, que num momento tem uma ideia e logo a seguir já vem com outra...

    Quando chega a vez do Tino... começa o suspense, à volta do guião do filme que já tem apalavrado com o produtor, Tiago Coelho, “Santo António à Deriva”, cuja personagem central é a figura de um Santo António achado numa praia, figura esta que ilustra o seu jornal “Há pressa...”.

    UM ARGUMENTO DE SE LHE TIRAR... A CABEÇA

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    Descolorida, sem o menino e sem cabeça, esta pequena eventual imagem do santo, do tamanho de uma mão, é a grande inspiradora do projeto que Tino de Rans agora acalenta e com o qual fascina a audiência do Parque Urbano de Ermesinde que ali foi escutá-lo ou que, por acaso o ouviu e acabou por ficar ali rendido a tamanha verve.

    Depois de explicar como lhe surgiu a ideia de “Há pressa...” ao ver jornalistas a serem entrevistados por jornalistas, depois de contar como foi aventurosa a tarefa de conseguir a impressão do livro no tempo certo, de como encontrou a sua panela, de como vende o livro (à mesa...) e depois de explicar que não há ninguém melhor para falar sobre a obra que os próprios artistas, Tino de Rans fala do seu colega calceteiro como ele, o Gualdino e, começa então a contar a história do seu filme, a começar pela primeira coisa que fez, o discurso na altura de receber o Oscar (que o Tino crisma antes de Egas).

    Conta depois como encontrou a estátua e como deu a oportunidade ao Atlântico de expor no seu jornal, onde também se encontra a abóbora do seu quintal.

    Define depois o horizonte da sua obra – para o mundo, não para a sua rua.

    O filme começa em 2012 e recua até 1912. Depois de uma breve visita ao seu próprio mundo pessoal, avança então pela pesca do bacalhau, pelo naufrágio do Titanic que com aquela se cruza e pela salvação de um dos pescadores («o peso do bacalhau afundou o barco... mas os pescadores salvaram-se; às vezes também é difícil desistir!, filosofa».

    A desbunda prossegue. Quando vier o genérico, por fim, vai aparecer a palavra... intervalo. E a história do pai, que era cordoeiro e de como a corda serviu mais tarde para...

    Vejam mas é o filme!

    (O Tino, entretanto, continua a falar, nunca falou tanto sem que o interrompessem, diz ele feliz, como aliás toda a plateia que o bebe sequiosa)...

     

     

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