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    Arquivo: Edição de 08-05-2012

    SECÇÃO: Destaque


    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE JOVENS 2012

    O ghetto de Sampaio e outros problemas...

    A sessão anual – é já a sexta – da Assembleia Municipal de Jovens teve lugar este fim de semana, na noite de sexta-feira, dia 04 de maio, no Auditório António Macedo do Fórum Vallis Longus. Participaram nesta assembleia os alunos do Agrupamento de Escolas de Alfena, Agrupamento de Escolas de Campo, Escola Secundária de Valongo, Escola Secundária de Ermesinde, CENFIM, e Escola EB 2,3 D. António Ferreira Gomes. Das intervenções e trabalhos apresentados, destacamos esta última, não só pelo levantamento das questões que fizeram, como pela atitude da intervenção, vista não sobretudo como um trabalho escolar, mas como uma contribuição de interesse público.

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    Feita uma brevíssima alocução de abertura por Campos Cunha, o presidente da Mesa da Assembleia Municipal de Valongo, que explicou o funcionamento desta assembleia, foi dada a palavra, com um limite definido em dois minutos a cada um dos representantes das forças políticas com assento na Assembleia Municipal. O primeiro foi José Manuel Ribeiro, do PS que considerou este um «pequenino ponto de contacto» dos jovens deputados escolares municipais com a atividade da política. Elogiando e ressalvando esta, apontou que «o problema é o comportamento dos que estão na política». Deixou, por fim, a sua receita para a regeneração desta: «mais transparência, mais solidariedade e mais partilha». Rosa Maria Rocha, do PSD, destacou a importância do associativismo e do voluntariado, e de pautar a vida por valores. Mas fê-lo também para apontar aos jovens que a sua participação associativa não era um empecilho, mas uma mais valia para a sua vida profissional. «Ou somos bons, ou somos absorvidos. Procurem ser bons naquilo que fazem. Devem esforçar-se por mostrar que vão ser úteis à empresa» [quando forem candidatos a um emprego]. José Manuel Pereira, da Coragem de Mudar, por sua vez, destacou que a vida política e a democracia não se esgotam nos partidos. Alexandre Teixeira, do CDS, comunicou aos jovens que algumas das suas propostas e recomendações eram cuidadosamente ouvidas, indo muitas delas, posteriormente, parar à Assembleia Municipal (AMV). E convidou os jovens a participar nesta. Adriano Ribeiro, da CDU, elegeu uma entre várias preocupações, para falar aos jovens, o facto de Valongo estar à beira, de perder algumas das suas freguesias, o que «era um disparate» e uma «situação grave» que os jovens eventualmente iriam herdar. Eliseu Lopes, do Bloco de Esquerda, reconheceu que a política tinha dito muito pouco aos jovens nestes 38 anos de democracia, mas ela condicionava as nossas vidas ainda que não fosse “fashion” ou “cool”. «Dela nos vêm sinais alarmantes. O que nos pedem é que nos habituemos ao desemprego ou a emigrar, ou a ser “pobres e honrados” como antigamente». Por fim, Rogério Palhau, dos Unidos por Alfena, considerou que a importância da Assembleia Municipal de Jovens era habituar os jovens a gostar de política. «A participação cívico-política é um direito mas também uma obrigação», concluiu. Em nome da Câmara Municipal, foi então a vez de intervir João Paulo Baltazar, que apelou aos jovens a não estarem nervosos e garantiu que a Câmara queria ouvir a sua visão. «Esperamos a vossa visão, diferente da nossa, o que tem a ver com as vossas realidades. Já levámos daqui muitas boas ideias e já as implementámos [Por exemplo] daqui nasceu a utilização de escolas desativadas para criar academias jovens (…). Na AMV também tratámos dos vossos problemas. Façam bem o vosso trabalho e ajudem-nos a fazer o nosso».

    A PALAVRA

    DOS JOVENS

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    Seguiu-se um ponto de intervenções antes da Ordem do Dia, que registou uma intervenção por parte de alunos do Agrupamento de Escolas de Campo (Escolas Básica e Secundária). Estes intervieram para denunciar a falta de segurança nas ruas e propor a criação de mais passeios e passadeiras, a falta de iluminação, a falta de uma boa ligação viária à zona da Retorta, a falta de um bom espaço para a feira. A recomendação para solucionar estes problemas foi aprovada por unanimidade. Entrou-se depois no período da Ordem do Dia, tendo a primeira intervenção cabido ao Agrupamento de Escolas de Alfena. As principais questões apresentadas foram a proposta de criação de um Centro de Dia e a cedência de instalações para a instalação de uma cantina social. A proposta fundamentava-se no aumento da população idosa. Propunha-se também a criação de uma creche e de um infantário, em partilha de experiências com os frequentadores do Centro de Dia. Como sugestão os alunos do Agrupamento de Escolas de Alfena indicavam ou a antiga Escola de Cabeda ou a Casa da Juventude. Seguiu-se a intervenção dos alunos da Escola Secundária de Valongo, cujo propósito de potencializar Valongo apontava para a resolução de problemas de estacionamento e acesso ao Centro de Saúde de Valongo e equipamentos próximos, com a proposta da criação de um parque de estacionamento subterrâneo ou uso para tal função de um dos terrenos próximos, para uma maior dinamização do Parque da Cidade de Valongo, propondo para aí a realização de atividades como cinema ao ar livre, concertos, “peddypapers”, etc., e para uma maior utilização do Largo do Centenário, para onde sugeriam a realização de feiras de artesanato e antiguidades, exposições, também cinema ao ar livre ou teatro de rua. Os alunos do Agrupamento de Escolas de Campo propunham a criação de um centro cívico em Campo, na Quinta do Visconde, a criação de uma zona de lazer nas margens do rio, desde o referido centro cívico até à Ponte dos Arcos, com a instalação de uma rede wireless, e a criação de uma agenda cultural em Campo, com referência às várias atividades desenvolvidas no Centro Cultural ou no Pavilhão Gimnodesportivo, por exemplo. Apontavam ainda a necessidade de resolver a questão do Centro de Saúde de Campo, por ora instalado num local sem as necessárias condições.

    PROPOSTAS

    DE ERMESINDE

    As três últimas intervenções vieram todas de Ermesinde, sendo a primeira a da Escola Secundária, que abordou vários assuntos. Propôs a criação de passeios em alguns arruamentos, denunciou a colocação de lixo no chão (e solicitou mais recipientes de lixo à beira das paragens de autocarro), e a existência de dejetos animais em vários locais (tendo proposto a colocação de saquinhos de recolha em outros locais da cidade para além do Parque Urbano). Propôs ainda a instalação de um circuito de manutenção num local junto da antiga fábrica de tecidos de Sá, soluções estas apontadas como «simples e muito económicas». Por sua vez, o CENFIM (Centro de Formação da Indústria Metalúrgica), denunciou a falta de limpeza e de manutenção do Parque Urbano de Ermesinde, propôs uma recolha mais frequente do lixo depositado nos ecopontos e a instalação de um maior número destes e, finalmente, numa proposta que inaugurou o debate entre os jovens deputados municipais, propôs a instalação de um maior número de locais onde recolher os óleos domésticos para os transformar em biodiesel. Uma aluna da Escola Secundária de Ermesinde interveio para lembrar que o lago do Parque Urbano tinha sido limpo recentemente e para perguntar como é que se podia limpar o lago regularmente. Uma aluna da Escola Secundária de Campo comentou que não faria sentido propor mais locais de recolha de óleos domésticos usados, porque já havia muitos e, numa segunda intervenção, respondendo a um esclarecimento dos alunos do CENFIM que propunham a instalação de recipientes para recolha de óleos junto dos ecopontos, informou os jovens deputados municipais que num posto de recolha de um hipermercado havia recipientes à venda pela módica quantia de um euro, podendo depois estes recipientes cheios de óleo usado ser trocados, sem qualquer custo por um recipiente vazio. A última intervenção da noite e, quanto a nós, a mais bem preparada, veio da Escola EB 2,3 D. António Ferreira Gomes que, tentando apontar alguns passos simples para uma cidade melhor apontaram vários problemas no bairro de Sampaio e no apeadeiro da Travagem. Sobre o bairro de Sampaio, entre outras coisas, apontaram a deficiente iluminação dos seus acessos, a falta de transporte público, a inexistência de passeios no acesso do bairro à escola. Quanto aos blocos habitacionais, sem elevadores, referiram ainda a existência de muitas rachas nas paredes, a pintura degradada, a existência de uma zona com mato cerrado onde não deveria existir, junto do acesso ao bloco habitacional, e ainda a existência de um grande contentor na zona para o qual não se adivinhava utilidade nem se conhecia o conteúdo. Acusavam ainda a existência de postes de alta tensão sobre o edifício do ATL, o estado elevado de degradação deste, com tijolos caídos e a denunciar falta de segurança para as crianças. Contaram ainda, a talhe de foice, a passagem de patrulhas da PSP às 9h00 da manhã, mas nunca à mesma hora da noite. Sobre o recinto desportivo relataram a falta de balizas e a visibilidade quase inexistente das linhas de demarcação do campo. Sobre as zonas de recolha de lixos, questionaram-se sobre a frequência da recolha, pois haveria contentores com lixo por fora. E colocavam a questão: haverá falta de civismo, sim; mas como mudá-lo? E comentavam, por fim, que o bairro parecia um ghetto. Por «vista grossa ou curta» por parte de várias entidades responsáveis, acusando por isso, explicitamente a Junta de Freguesia de Ermesinde e a Câmara Municipal de Valongo. Apontavam como positiva a possível criação de uma Comissão de Moradores. Sobre o apeadeiro da Travagem apontaram a existência de uma infraestrutura fechada e em degradação, sem qualquer aproveitamento, sugerindo à Câmara pressionar a Refer para se encontrar um uso para aquela.

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    RESPOSTAS

    DA CÂMARA

    João Paulo Baltazar fez o resumo e comentou as propostas da Assembleia Municipal de Jovens. Aos alunos de Alfena referiu o uso atual ou já destinado dos espaços por eles apontados. Aos alunos de Valongo, reconhecendo que a questão da acessibilidade e estacionamento não era simples, apontou que a dificuldade era ainda maior por o acesso ser uma estrada nacional, mas informou que, no local ia ser colocada uma placa de aviso de aproximação ao centro de saúde e que uma passadeira ia ser reposicionada. Reconheceu que a questão do estacionamento deveria ter sido equacionada antes da construção do centro de saúde. Apontou as dificuldades de instalação do parque nos terrenos apontados, que eram privados, e um deles, além do mais, em declive. Quanto à animação do Parque da Cidade, deverá lá nele ocorrer, pelo menos a final do Concurso de Bandas. Por fim, quanto ao Largo do Centenário referiu que a inclinação do piso constituía uma limitação a ter em conta. Respondeu depois aos alunos das escolas de Campo referindo que a Câmara tem um projeto de centro cívico, embora não inteiramente coincidente com o apontado pelos jovens. A proposta em estudo prevê uma reorganização da circulação de trânsito, a mudança da feira para o local e a criação de uma grande praceta em frente à igreja, mantendo o objetivo, também apontado pelos jovens, de ligar o centro cívico à Ponte dos Arcos, por uma zona de lazer, alargando-se também o acesso ao rio. Quanto ao Centro de Saúde considerou que o assunto não podia ser mais oportuno porque, precisamente na véspera, dia 3 de maio, a Câmara tinha sido informada do lançamento de um concurso, no próximo mês, para a construção do Centro de Saúde de Campo. Respondendo depois aos alunos da Escola Secundária de Ermesinde, declarou que poria a tónica nas questões da sensibilização. Sobre as várias situações apontadas (ruas sem passeios, com valetas, etc.) apontou que a Câmara pretendia avaliar as situações apontadas caso a caso. Sobre o circuito de manutenção e centro cívico em terrenos privados, tal era inviabilizado pelo preço dos terrenos, que seria proibitivo, embora algumas atividades pudessem ali ocorrer. Apontou, por exemplo, que a última Expoval se tinha ali realizado, com o acordo dos proprietários. Aos alunos do CENFIM referiu já ter encontrado lixo depositado fora dos mollocks, com estes muito longe de estarem cheios. Explicou também que a água verde do lago do parque urbano se deveria a contaminação com os restos da relva que escorregariam para o lago, mas que entretanto tinha sido feita uma meia cana para o impedir. O lago tinha também sido isolado (porque estava a consumir demasiada água). E quanto aos óleos domésticos apontou que existiriam no concelho 21 pontos de recolha, espalhados por todas as freguesias. Finalmente, nas respostas aos alunos da EB 2,3 D. António Ferreira Gomes, prometeu que a Câmara, de acordo com o projeto de poupança de energia elétrica que está a preparar, iria verificar os excessos de iluminação e, eventualmente as falhas, que deveriam uns e outros, ser corrigidos. João Paulo Baltazar esclareceu também que alguns dos terrenos privados junto do bairro de Sampaio terão sido limpos recentemente. Sobre as balizas, informou que elas teriam sido propositadamente retiradas, porque constituiriam mais perigo do que benefício. A terminar declarou que a Câmara iria contactar a Refer sobre o apeadeiro da Travagem. Campos Cunha deu por finda a Assembleia, fazendo um agradecimento final às escolas participantes.

    Por: LC

     

     

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