Declaração política dos vereadores da Coragem de Mudar
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Foto URSULA ZANGGER |
Sob o título de “Ribeiro apresenta dupla candidatura”, o “Jornal de Notícias” do dia 11 de fevereiro corrente dava notícia de que o atual líder concelhio de Valongo do Partido Socialista iria apresentar nesse dia a sua recandidatura ao cargo político, acrescentando que o candidato se assumia “disponível para a corrida à Câmara nas eleições de 2013 e com intenção de ser cabeça de lista de uma candidatura que agregue todas as forças da actual Oposição”, mais dizendo a notícia que, de acordo com o próprio candidato, a sua primeira ação será “desafiar a Associação Coragem de Mudar, o BE e a CDU a concorrer às autárquicas numa coligação, sob a liderança do PS”.
A candidatura, só por si, tratando-se de um ato livre de um cidadão que está no pleno uso dos seus direitos políticos, não nos haveria de merecer qualquer nota, não fosse a referência a uma pretendida coligação de toda a Oposição, em particular abrangendo a Associação Coragem de Mudar.
O anúncio de uma pretendida coligação – aparentemente pré-eleitoral – com forças políticas sem que com elas haja ou tenha havido prévias conversações é uma total aventura. E, verdadeiramente, não é de aventureiros que precisamos na política e, muito menos, em Valongo.
Esta candidatura é a “reprise” de um filme que já passou há quatro anos. Conhecemos o argumento, o protagonista, a produção e a realização. Muito nos custa termos de ser, de novo, espetadores de tão triste espetáculo.
Desde logo, cumpre esclarecer que os atuais autarcas, na Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia, eleitos em listas de cidadãos eleitores sob a denominação de “Coragem de Mudar” são uma realidade e a Associação Coragem de Mudar é uma outra realidade, que aqui e acolá se tocam.
A Associação Coragem de Mudar não é, porque não foi criada para o ser, um partido político com o disfarce de associação cívica e, no seu seio, não há diretórios, nem disciplina partidária, nem processos disciplinares e não existe outro regime que não seja o da liberdade individual.
Já quanto aos autarcas, cujo regime de liberdade de consciência é o maior que se possa admitir, em correspondência com a responsabilidade, têm apenas com os eleitores o vínculo político resultante de terem sido sufragados sob um mesmo programa eleitoral.
Deste modo, o anúncio de uma acão imediata de desafio à Associação Coragem de Mudar mais não é do que a tentativa de esconder o fracasso de anteriores contactos individuais com alguns autarcas, qual “pesca à linha”, que se revelou ridícula e inconsequente.
Há, porém, um outro efeito que pode resultar daquele anúncio destemido e aventureiro que será o da tentativa de condicionamento de voto dos autarcas eleitos pela Coragem de Mudar. Quanto a esta matéria, os vereadores aqui signatários querem dizer com total clareza o seguinte:
Continuaremos a votar ao lado do PS na Câmara sempre que tal votação seja a que, na nossa opinião, melhor serve os interesses de Valongo, sem que tal votação possa significar a existência de qualquer coligação entre nós, ainda que em gestação;
Continuaremos a votar ao lado do PSD na Câmara sempre que tal votação seja a que, na nossa opinião, melhor serve os interesses de Valongo, sem que tal votação possa significar que o PS é a única Oposição na Câmara, o que, aliás, os factos se vão encarregando de desmentir;
Continuaremos a votar ao lado de ambos ou sozinhos, contra ambos, na Câmara, sempre que tal votação seja a que, na nossa opinião, melhor serve os interesses de Valongo.
A nós, com a nossa liberdade e com a nossa determinação, com o nosso respeito pelos compromissos eleitorais, não nos empurram para onde não queremos ir. Sabemos bem qual é o nosso rumo e, com todas as dificuldades na ação, continuaremos a agir com independência e nesse superior objetivo que é servir Valongo.
Valongo, 16 de fevereiro de 2012
Maria José Azevedo e Pedro Panzina
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