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    Arquivo: Edição de 30-01-2012

    SECÇÃO: Saúde


    29 de janeiro de 2012 - 59º Dia Mundial dos Leprosos

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    Foi em 1954 que a ONU instituiu o Dia Mundial dos Leprosos (DML), a pedido de Raoul Follereau com o objectivo principal de alertar a população mundial para a situação de miséria e de sofrimento dos 25 milhões de pessoas afectadas pela Lepra que existiam nessa altura em todo o mundo.

    Este objetivo do DML mantém a sua atualidade, pois apesar de o número de pessoas atingidas por essa doença ter baixado, nas últimas décadas, para 15 ou 20 por cento, a mesma ainda não está erradicada em muito países, nomeadamente nos mais pobres, onde o nível de vida das populações não atingiu padrões aceitáveis no âmbito da alimentação, saúde, higiene, educação e formação, isto é, onde não há acesso a água potável, nutrição e habitação condignas.

    Raoul Follereau (1903/1977) iniciou a sua ação na área da solidariedade aos 15 anos de idade (1918) a propósito dos mutilados e desempregados, dos órfãos e de todas as vítimas da I Grande Guerra.

    Em 1935, Raoul Follereau realizava uma viagem de reportagem como jornalista, no Níger (África) e, casualmente, encontrou na floresta um grande grupo de pessoas andrajosas e famélicas, quase cadavéricas, completamente abandonadas, excluídas, sem tratamento nem assistência, “porque eram leprosas”, foi a explicação do guia.

    Este episódio, que emocionou Raoul Follereau e ele jamais esqueceu, levou-o também a concluir que há pessoas a serem tratadas como criminosas apenas porque estão doentes.

    A partir deste encontro com os leprosos, Raoul Follereau lutou durante a sua vida pela defesa dos direitos e da dignidade das pessoas atingidas pela doença da lepra.

    Hoje são mais de 130 associações inspiradas pela vida e pela mensagem de Raoul Follereau que, noutros tantos países dão continuidade à sua obra, a favor dos Leprosos e das vítimas de todas as lepras.

    Pois foi, sobretudo, devido à ação de Raoul Follereau, às suas conferências um pouco por todo o mundo, também em Portugal, aos escritos e viagens por ele realizadas, à interpelação que fez às populações e aos grandes e poderosos do mundo, que se desenvolveu a “grande batalha contra a Lepra e todas as lepras”, e se iniciou o verdadeiro combate contra esta doença.

    Com o tratamento atual, acessível, rápido e eficaz, que a Organização Mundial de Saúde recomenda desde a década de oitenta do séc. XX, que os sistemas de saúde governamentais, as organizações particulares de solidariedade e outras têm aplicado com empenho e muito êxito, pode dizer-se que os números de doentes desceu substancialmente e reduziu o número de países endémicos, que passou de 90 para dez nos últimos vinte anos.

    A erradicação da lepra é possível (menos de 1 doente por 10 mil habitantes), está apenas dependente das condições de vida das populações:

    alimentação, acesso a água potável, higiene, educação e formação, ou, como diz o leprólogo (Dr.) José Terêncio de Las Águas, “comida, água e sabão”.

    São as carências nestas áreas que permitem o aparecimento de 400 mil novos casos de lepra por ano, impedindo a erradicação da doença a curto prazo.

    A comemoração do 59º D.M.L., no dia 29 de janeiro de 2012 foi, naturalmente, uma grande jornada de informação, reflexão e solidariedade a favor dos vários milhões de Leprosos de todo o mundo e, também, de tantas outras pessoas que são vítimas de diferentes doenças, da pobreza e da fome e, por isso, sofrem de exclusão social.

    A lepra tem cura. Ajudemos a tratá-la!

    A LEPRA

    Origem

    A lepra é uma doença infeciosa crónica, causada pela “Mycobacterium Leprae”, caracterizada por largo período de incubação (até dez anos ou mais). Manifesta-se através de manchas na pele e afeta esta e o sistema nervoso periférico, provocando úlceras, mutilações dos nervos, a cegueira e a morte.

    Afecta atualmente os países mais pobres, nomeadamente de África, América Latina e Ásia, onde constitui, ainda, grave problema de saúde pública (mais de 1 doente/10 000 habitantes).

    A doença de Hansen (nome do médico norueguês que, em 1873, identificou o bacilo causador da lepra) quando não é diagnosticada e tratada e tempo, evolui e causa úlceras ao nível da pele, afecta o sistema nervoso periférico, mutila e faz perder os dedos, as mãos e os pés, provoca a cegueira e a morte.

    A lepra não é hereditária como se julgou durante muitos séculos, mas contagiosa pois passa de uma pessoa afectada a uma outra “susceptível”. O contágio verifica-se em ambientes e entre populações que sofrem de desnutrição, sem acesso a água potável e portanto de baixos padrões de higiene.

    Dado o longo período de incubação do bacilo até à sua manifestação (manchas na pele) e a inexistência de vacina, torna-se difícil a erradicação da doença, pois os meios de prevenção (alimentação, água potável e higiene) continuam a faltar em vastíssimas regiões de muitos países.

    Patologia

    As primeiras referências escritas relativas à Lepra datam de 1500 anos a.C.. Desde então que a doença era considerada como um castigo divino, até que a identificação do bacilo (1873) veio esclarecer a sua causa. Mesmo assim, só no séc.XX (1940), é que aparece o primeiro medicamento (sulfonas) que conteve a proliferação da doença, mas não o tratamento definitivo e a cura. Esta só foi possível a partir de 1980, com a aplicação da poliquimioterapia – PCT (medicamento complexo de sulfonas e os antibióticos rifampicina e clofazimina). Este medicamento aplicado em prazos e doses adequadas permite o tratamento rápido, completo e não deixa sequelas ao doente.

    Infelizmente, a carência de meios económicos não permitem a muitos milhões de pessoas terem acesso a estes medicamentos e o bacilo continua a voraz perseguição das suas vítimas.

    Tratamento

    O tratamento referido, feito com o PCT, a partir da década de oitenta do séc.XX, permitiu tratar e curar muitos milhões de Leprosos e reduzir os cerca de 25 milhões em aproximadamente 70%. A eficácia do novo medicamento, os programas integrais da Organização Mundial de Saúde, os esforços dos governos dos países endémicos, a colaboração das ONGs (Organizações Não Governamentais) reduziram o número de doentes e dos países onde a lepra era endémica.

    Na ausência de vacina contra a Lepra, aposta-se no tratamento mas também na melhoria dos padrões de vida das populações, nomeadamente, alimentação, água potável e educação para a higiene e saúde, a fim de reduzir o número dos 400/500 mil novos casos de Lepra por ano.

    Em Portugal, felizmente, esta doença não constitui problema de saúde pública, reconhecendo que aparecem 2/3 casos novos por ano, ao contrário dos países de expressão oficial portuguesa.

     

     

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