Onde está a tropa?
A democracia burguesa, também chamada democracia parlamentar, pseudo-representativa, só nos tem trazido desgraça, desordem, injustiça, caos político e crise económica. E tudo isto camuflado com liberdades fundamentais e Estado de Direito pervertido em Estado de Dinheiro que os chamados “democratas” impõem, para seu proveito, não se importando nada com as injustiças sociais que provocam nas populações. Assim foi no passado, quando meia-dúzia de doutores brincavam aos parlamentos, aos joguinhos de palavras e argumentos, exibicionismo de retórica bacoca enquanto que milhares morriam na guerra em que os meteram e a classe trabalhadora era reprimida, perseguida e deportada para o ultramar.
O caos económico e o carnaval permanente no parlamento instalou-se com o país incontrolável e ingovernável à beira da bancarrota, o que levou a uma intervenção militar com o propósito de repor a ordem que se impunha no campo político e económico. Só assim. E essa solução foi apoiada e aclamada numa viagem triunfal entre o Norte do país e a capital. Muitas figuras da tal democracia de doutores que não viram que essa utopia só é viável noutras latitudes quando existe um mínimo de civismo e cultura, reconheceram a necessidade de limitar os devaneios liberais, embora muitos permanecessem teimosamente embalados na sua utopia.
A tropa interveio como lhe compete numa situação catastrófica para a independência nacional e a sua subsistência.
Mais tarde, com a falta de liberdade que, de provisória, passou a definitiva e com uma guerra interminável, num contexto completamente diferente, em que os atores eram já outros que reclamavam mais justiça social e maior repartição da riqueza produzida, a tropa voltou a intervir, embora com o erro de querer seguir mais uma utopia radical de cariz não liberal mas comunista, cujos resultados já eram conhecidos, o que deu azo aos eternos liberais do passado tomarem novamente o poder em nome dum “socialismo em liberdade” falsamente pregado, que depressa desviaram para o neoliberalismo económico que nos fez recuar novamente ao caos social e económico do passado, voltando a perseguição às regalias sociais dos trabalhadores e seu nível de vida conquistado, mantendo despudoradamente os privilégios intocáveis dos senhores doutores liberais novamente no poder, a deleitarem-se com as suas guerras parlamentares, que intitulam de democracia, sem olharem para a miséria que provocam nas classes trabalhadoras e nos pensionistas. Entregaram agora o país à usura e avidez dos grandes grupos financeiros internacionais, sugadores da riqueza das nações que, ao contrário do que defendia Adam Smith, liberal do Sc. XVIII, na sua obra “A Riqueza das Nações”, está a levar--nos para A Pobreza das Nações, um beco sem saída duma eterna e cada vez mais onerosa dívida muito difícil de saldar.
E agora, enfiados num galinheiro com duas raposas vorazes lá dentro, a que chamam União Europeia mas que não passa duma União de Banqueiros gananciosos liderada pela eterna Alemanha, agora do IV Reich que sucedeu ao III Reich e que ainda não perdeu a obsessão de dominar os outros seres inferiores, chamando agora lixo aos do sul que não tenham cabelos louros e olhos azuis e que não cumpram com as metas económicas impostas. Como seria de prever, atendendo à liderança feminina agora em voga, o novo Fuhrer é uma mulher mas de calças, seguida sempre por um francês subserviente como no passado. E este monstro neonazi que emergiu da utopia europeia neoliberal e que está a sugar as nações economicamente mais débeis, está a pedir novamente uma intervenção militar, pois este novo poder é imune às manifestações mais ou menos pacíficas dos povos que sentem os seus proventos assaltados e destituídos do seus direitos e regalias sociais conquistadas ao longo do último século, correndo o risco de regredir à servidão ignóbil dos tempos passados, só para alimentar usurários gananciosos e parasitários.
Numa situação como esta em que a injustiça está instalada, a corrupção grassa aos mais altos níveis da nação, os assaltos ocorrem impunemente inclusive dos próprios governantes aos parcos proventos dos seus trabalhadores e pensionistas e até a independência nacional alienaram. Já não há por onde se lhe pegue. Já não há governo capaz é simplesmente um caso militar. Mas onde está a tropa?
Por:
Reinaldo Beça
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