Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 30-04-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-11-2011

    SECÇÃO: Saúde


    JOSÉ ARTUR PAIVA, DA DIREÇÃO DO GRUPO DE INFEÇÃO E SEPSIS, DEIXA ALERTA SOBRE A CADA VEZ MENOR EFICÁCIA DOS ANTIBIÓTICOS

    Vinte instituições assinaram a Aliança Portuguesa para a Preservação do Antibiótico

    A Direção-Geral de Saúde (DGS) e o Grupo de Infeção e Sepsis (GIS) reuniram no dia 18 de novembro, no Porto, vinte organismos que assinaram a Aliança Portuguesa para a Preservação do Antibiótico (APAPA). O desígnio abraçado por todos os signatários deste documento passa pela união de esforços que permita combater uma preocupante realidade: a crescente resistência das bactérias aos antibióticos, e a consequente redução da eficácia dos antibióticos.

    «O antibiótico é um medicamento especial, pois se por um lado, quando bem receitado, assegura um benefício individual, por outro tem influência nos indivíduos circundantes e no meio ambiente», explicou José Artur Paiva, director do GIS, recordando que «chegou até a ser visto como um medicamento milagre, pois contribuiu para o aumento da esperança de vida e para a diminuição da mortalidade infeciosa». Mas a verdade é que, em 1947, foram anunciadas as primeiras estirpes com resistência à penicilina e nas últimas décadas é crescente a taxa de bactérias resistentes aos antibióticos. «Hoje em dia 25 mil mortes anuais, no continente europeu, são causadas pela resistência microbiana», lamentou.

    De acordo com dados de 2009, Portugal está em nono lugar no ranking do maior consumo de antibióticos. São tomados em excesso e, por vezes, indevidamente e sem seguir a prescrição e a dose corretas. «É necessário perceber o problema e agir», alertou José Artur Paiva, salientando que «estamos a falar de um património da humanidade em vias de extinção, que deve ser protegido e preservado». O antibiótico é “um recurso precioso” e a sua crescente ineficácia “um problema mundial”, acrescentou ainda.

    Para este responsável, a APAPA pretende congregar médicos, médicos veterinários, farmacêuticos, enfermeiros, ambientalistas, educadores e utentes neste esforço comum. «Se não aproximarmos este problema duma forma global e holística, se não percebermos a importância desta questão para o meio ambiente, se não apostarmos na pedagogia e se não sensibilizarmos o cidadão, então não conseguiremos atuar para resolver este problema», concluiu.

    Também o diretor-geral de Saúde, Francisco George, destacou que a Aliança tem como missão «alertar todos para a necessidade de os antibióticos serem protegidos, uma vez que já não têm a eficácia que tinham há alguns anos. É preciso aumentar a literacia dos Portugueses nesta questão».

    Os objetivos da APAPA passam, entre outros, por «reconhecer que o antibiótico está em risco de extinção e sensibilizar o cidadão para a necessidade» de o proteger; «anular a auto-medicação e fomentar o respeito estrito da prescrição médica»; «promover a investigação sobre epidemiologia infeciosa e resistências antimicrobianas»; «emanar e cumprir normas e orientações de utilização de antibióticos», «facilitar consultadoria em terapêutica antibiótica e o uso de testes microbiológicos rápidos», e «promover a investigação, o desenvolvimento e a comercialização de novos antibióticos inovadores e úteis».

    A aliança é constituída por Direção Geral de Saúde (DGS), Grupo de Infecção e Sépsis (GIS), (entidades promotoras), cinco Administrações Regionais de Saúde, Apifarma, Associação Nacional de Farmácias (ANF), Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral, DECO, Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, Direção-Geral de Veterinária, INSA – Instituto Nacional da Saúde, Ordem dos Enfermeiros, Ordem dos Farmacêuticos, Ordem dos Médicos, Ordem dos Médicos Veterinários, Secretaria Regional de Saúde dos Açores e Secretaria Regional de Saúde da Madeira.

    De salientar ainda que, desde setembro último e até março de 2012, o GIS e a DGS estão a desenvolver uma campanha nacional de sensibilização do cidadão para a correta toma de antibióticos. Esta campanha inclui várias ações para consciencializar os portugueses para a necessidade de alterar atitudes e comportamentos relativamente ao consumo de antibióticos, com o objetivo de, através do uso judicioso de antibióticos, reduzir a taxa de bactérias resistentes.

    Foi igualmente feito um acordo entre as entidades promotoras da campanha e da aliança (GIS/DGS) e a DGIDC – Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, que no seguimento do projeto e-Bug, disponível no site da DGS, acolheu mais um projeto. Desta feita, sob a forma de um concurso para os alunos dos 2º e 3º ciclos, cujo objetivo é convidar alunos e professores a uma reflexão e à preparação de um trabalho sobre os riscos da má utilização dos antibióticos. Este concurso terá início em janeiro de 2012 e os vencedores serão anunciados no final da campanha.

    Só com o envolvimento das novas gerações será possível a mudança sustentada de comportamentos.

    Sem antibióticos eficazes, doenças que hoje têm cura podem tornar-se fatais amanhã.

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].