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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-09-2011

    SECÇÃO: Destaque


    EXPOVAL 2011

    Um olhar sobre a igualdade do género e o equilíbrio entre vida pessoal e laboral no mundo profissional

    Depois de, na passada edição, termos feito uma resenha daquilo o que foi em termos gerais a Expoval 2011, vamos hoje regressar ao evento que teve lugar no Parque Urbano de Ermesinde entre 15 e 18 de setembro últimos para de uma forma mais pormenorizada olharmos para alguns dos momentos que docorreram em paralelo à mostra de atividades económicas. Um desses momentos decorreu na tarde do dia 16, altura em que o Fórum Cultural de Ermesinde acolheu o workshop “Conciliação entre a Vida Profissional e Familiar versus Igualdade do Género”, ministrado por Clara de Jesus, membro da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    Como o próprio nome indica tratou-se de uma sessão onde se procurou não só dar conta do tratamento desigual que existe entre homens e mulheres no mundo laboral como também de situações em que ambos os sexos são prejudicados nas suas vidas familiares face às carreiras profissionais, mas onde acima de tudo se procurou mudar mentalidades face a esta problemática tão atual instituído uma “mão cheia” de boas práticas a ter em conta. Uma nota de rodapé para dizer que a CITE é um mecanismo nacional de igualdade entre homens e mulheres no trabalho e no emprego que se encontra ligado ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, e que tem como missão principal combater desigualdades entre ambos os sexos no mercado de trabalho.

    Já com três décadas de existência o CITE tem reportado inúmeros exemplos de desigualdade entre homens e mulheres no trabalho, desde logo o facto destas terem vencimentos inferiores aos seus “congéneres” masculinos, mesmo quando desempenham cargos e/ou trabalhos de nível idêntico, ou quando por outro lado ocupam categorias profissionais menos qualificadas apesar de terem mais habilitações. Estes são dois dos muitos exemplos que sustentam uma problemática que em pleno século XXI é ainda uma realidade bem vincada no nosso país, e porque não dizê-lo, na maior parte do planeta, pese embora os números que estatisticamente provam as desigualdades entre homens e mulheres no mercado do trabalho tenham vindo a diminuir ao longo dos últimos anos, mostrando que as mulheres já estão bem mais perto dos homens em diversos aspetos no mundo profissional.

    Grande disparidade estatística existe ainda ao nível do chamado trabalho não remunerado, o mesmo é dizer nas “lides domésticas”, onde as mulheres asseguram a esmagadora parte das tarefas.

    São exemplos como estes que demonstram que há ainda um longo caminho a percorrer para alterar o panorama, como foi dado a perceber neste workshop. Cenários desiguais que o CITE procura desmoronar, não só ao nível da promoção e elaboração de estudos sobre a igualdade do género no mercado de trabalho mas também informando e dando apoio jurídico às queixas que lhes vão chegando às “mãos”.

    A outra “variante” deste workshop focou a – por vezes – complicada conciliação entre vida pessoal e vida profissional, este um problema que afeta tanto homens como mulheres, embora também neste ponto as estatísticas mostram que o sexo feminino é um tanto ou nada mais prejudicado que o masculino. Situações de dificuldades em exercer o direito à dispensa para aleitação ou amamentação, em aplicar as licenças de maternidade e paternidade explicitas na lei, dificuldades ao nível da gestão de horários para cuidar dos filhos, ou muitas vezes não ter ninguém a quem deixá-los, são algumas das várias barreiras existentes entre trabalho e vida pessoal.

    As soluções para ultrapassar todas estas barreiras existem, tanto ao nível da igualdade entre homens e mulheres no mundo laboral como na conciliação entre vida pessoal e profissional, e foi precisamente isso o que procurou mostrar o pequeno vídeo que Clara de Jesus fez passar durante este workshop, um vídeo composto por um conjunto de “boas ações” - ao nível destas duas temáticas – que têm vindo a ser colocadas em prática por diversas empresas em Portugal. Nele pudemos testemunhar, entre outros aspetos, relatos de empresários que falavam das suas experiências positivas face ao facto de terem apostado no sexo feminino para ocupar os quadros superiores das suas empresas, ou de empresas que apostam em criar infraestruturas e atividades lúdicas dentro das suas portas no sentido de promover o bem estar dos seus funcionários, como por exemplo a criação de infantários para os filhos, a disposição de uma rede de meios de transporte interna para quem não possuí meios próprios de deslocação, piscinas, ginásios, entre muitas outras ações que comprovam que a existência de um equilíbrio entre vida profissional e pessoal traz benefícios quer aos funcionários, que passam a andar mais motivados e bem dispostos, quer às próprias empresas que desta forma obtêm melhores resultados.

    Contudo, e como Clara de Jesus fez questão de sublinhar, esta “sociedade perfeita” está longe de ser uma realidade no atual panorama nacional, uma vez que muito poucas empresas vão pondo em prática este leque de “boas ações”. Há por isso um longo e sinuoso caminho a desbravar.

    De uma outra palestra de Clara de Jesus no âmbito da Expoval, e proferida no mesmo dia, sobre o regime da parentalidade, damos nota noutro texto.

    Por: Miguel Barros

     

     

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