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    Arquivo: Edição de 30-09-2011

    SECÇÃO: História


    IMPORTANTE CONQUISTA DE AFONSO DE ALBUQUERQUE

    Malaca tornou-se portuguesa há 500 anos

    No passsado dia 24 de agosto devia ter-se comemorado, com honras de estado, o 500º aniversário da conquista de Malaca. Um feito notável do Vice-Rei da Índia, D. Afonso de Albuquerque, que se enquadra na estratégia quinhentista de domínio dos mares do Oriente, por parte dos Portugueses, que escapou por completo aos nossos novos governantes, tão envolvidos no combate à crise.

    A determinação do respeitável Afonso de Albuquerque era uma das suas armas mais eficazes
    A determinação do respeitável Afonso de Albuquerque era uma das suas armas mais eficazes
    Malaca era, efetivamente, no início do século XVI, uma cidade que controlava todo o tráfego marítimo que se fazia entre a Índia e o Extremo Oriente, obrigatoriamente através do estreito de Malaca. Cidade cosmopolita, onde chegavam os produtos comerciais de todo o Oriente, controlada pelos grandes negociantes árabes, tinha de colidir com os interesses dos Portugueses em fase de expansão naquela parte do mundo.

    O 2º Vice-Rei da Índia, D. Afonso de Albuquerque, que defendia a tese do domínio português alicerçado no domínio das cidades mais importantes, dois anos antes, havia ordenado a Diogo Lopes de Sequeira, a ida a Malaca, para estabelecer com o governante local um tratado de paz, em nome do Rei de Portugal, D. Manuel I.

    Se, logo de início, Diogo Lopes foi bem recebido, as dificuldades e traições não se fizeram esperar. Os malaios, tentando iludir os portugueses, com o argumento de que estavam para chegar as mercadorias que os navegadores lusos buscavam, quiseram depois, como conta João de Barros nas Décadas, eliminar Diogo Lopes Sequeira e os seus homens para mais facilmente roubarem os seus navios com a mercadoria que transportavam e evitar o domínio português que suspeitavam.

    Mas os portugueses eram experientes e estavam avisados para estas situações de traição, já habituais, fomentadas normalmente pelos nossos inimigos árabes, que logo as haviam ensaiado na inaugural viagem de Vasco da Gama, no fim do século XV. Tal como dessa vez, também agora as reais intenções dos nossos inimigos foram descobertas e, assim, abortadas.

    Não deixa de ser curioso que um dos executantes do ato traiçoeiro de eliminar o próprio Digo Lopes, tenha sido o filho do Sultão de Malaca, que, de punhal em riste, se preparava para o matar na sua própria embarcação, a que acedeu com boas maneiras e mostrando boas intenções. Digo Lopes Sequeira entretinha-se, então, com uma partida de xadrez a bordo da sua nau. Para ganhar tempo (aguardando o sinal de terra, pré-combinado com os seus homens), o inimigo dizendo-se conhecedor deste jogo, que também entre eles se praticava, quis saber as regras do xadrez entre os portugueses.

    O vigilante da nau de Diogo Lopes ter-se-á apercebido a tempo de que os portugueses em terra começavam a ser chacinados e este, de imediato, deu ordem para zarpar a toda a velocidade, abrindo caminho a tiros de bombarda por entre as barcaças malaias que cercavam a sua frota. O filho do Sultão de Malaca e os que o acompanhavam, uma vez descobertos, acabaram por conseguir escapar a tempo, fugindo como puderam, cada qual para seu lado.

    Diogo Lopes e alguns dos seus homens conseguiram salvar-se, mesmo alguns que estavam em terra, como foi o caso de Fernão de Magalhães, que também participou nesta azarada viagem. A frota portuguesa rapidamente se fez ao mar alto, ficando alguns portugueses mortos e, em terra, cerca de vinte prisioneiros, entre eles, Rui de Araújo, que dois anos depois viria a ser o primeiro feitor português de Malaca.

    De facto, a “vingança” seria executada em 1511, pelo próprio Afonso de Albuquerque. Em abril de 1511, parte de Goa o Vice-Rei português, D. Afonso de Albuquerque, com destino a Malaca, comandando uma força estimada em cerca de 1 200 homens distribuídos por quase duas dezenas de navios, preparados para a conquista de Malaca e com o objetivo de libertar os portugueses que Diogo Lopes de Sequeira aí deixara prisioneiros em 1509.

    O triunfante cortejo português nas ruas de Malaca, há 500 anos atrás
    O triunfante cortejo português nas ruas de Malaca, há 500 anos atrás
    A batalha revelar-se-ia bastante dura e ter-se-á prolongado ao longo de todo o mês de julho e parte do de agosto, tendo a ocupação de Malaca, completamente submetida ao domínio português, começado precisamente no dia 24 de agosto de 1511, fez há quase um mês 500 anos. Aí permaneceria Afonso de Albuquerque até novembro, mandando construir, de imediato, uma fortaleza, que ainda hoje existe, e preparando as melhores defesas para um mais que esperado contra-ataque malaio.

    Com objetivos de ordem religiosa (forçando a conversão ao cristianismo), mas também política e económica, parte da população muçulmana seria massacrada, e iniciaram-se, desde logo, esforços diplomáticos portugueses tendo em vista demonstrar ampla generosidade com os mercadores do Sudeste Asiático, nomeadamente com os chineses, na esperança de que estabelecessem boas relações com os portugueses. Conhecendo as ambições de Sião sobre Malaca, Afonso de Albuquerque enviou Duarte Fernandes em missão diplomática ao Reino do Sião (atual Tailândia), onde seria o primeiro europeu a chegar viajando num junco (barco) chinês que retornava à China, estabelecendo, assim, relações amigáveis entre os reinos de Portugal e do Sião.

    No contexto das Guerras da Restauração (já no século XVII), os Holandeses apoderaram-se de Malaca, em 1641, e aí se mantiveram até 1795. A partir de 1824 ficou sob domínio britânico, até 1946 (data da sua independência).

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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