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    Arquivo: Edição de 20-09-2011

    SECÇÃO: Crónicas


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    Porque corremos nós?

    Uma pessoa amiga escrevia que aprende sempre algo de novo cada vez que vê o filme “Forrest Gump”.

    Eu também vi esse filme há alguns anos e seria impossível ficar-lhe indiferente pelo conteúdo das mensagens que nos pretende transmitir e que está enriquecido por um desempenho excecional dos actores que contracenaram nesse filme.

    A cena que sempre registei na memória foi a da corrida através da América. Forrest resolveu iniciar uma corrida e a uma dada altura começa a ter seguidores, pessoas que se juntam a ele até ao momento em que decide parar – ninguém sabia porque corria!

    Em aulas de Psicologia foi-nos ensinado que normalmente na meia-idade todos passamos pela fase de balanço, as contas que fazemos à nossa vida: o que construímos, o que gostávamos de ter construído, o que perdemos e o que ganhamos, o que gostávamos de ter feito e o que nos dispomos e ainda temos coragem para fazer.

    Isto levou-me a pensar que fazermos esse balanço é uma forma de pararmos de correr, de nos sentarmos na beira da estrada e refletirmos que caminho pretendemos escolher.

    Quando há tempos me diziam que os alunos das faculdades saem de lá sem saber nada, ou quem sai é responsável pelo encerramento de muitos negócios de família que lhes foram entregues ,tive que reagir e dizer que isso não é verdade porque não é isso que nos ensinam e no meu caso pessoal e numa fase de balanço ajudou-me a compreender alguns fenómenos que uma prática de mais de 25 anos por si só não me tinha completado.

    Expliquei que segundo o meu entendimento é lógico que as pessoas não podem sair das faculdades a pensar que são donos da verdade ou os “mágicos” das organizações, por mais pequenas que sejam, em que se sentam às secretárias a ganhar ordenados “chorudos”. Os alunos saem sim carregados de teorias que, com o tempo, humildade e muita prática os ajudam a ser profissionais “altamente qualificados” que mesmo assim terão que, teimosamente, procurar a oportunidade que não lhes aparece de “mão beijada” e precisam trabalhar arduamente para conquistarem um patamar construído sobre alicerces de betão e não de areia movediça.

    Os professores ajudam-nos a perceber e a entender que o mundo “pula e avança” de uma forma assustadoramente rápida, com uma agressividade e competitividade também assustadoramente rápidas e algumas vezes ou quase sempre desmedidas, e aqui não há forma de nos protegermos e só temos que acionar o bom senso, a atitude e a “projeção para cima”, inputs que recebemos como aprendizagem.

    Como falamos de balanço e, numa opinião que será minha, posso dizer que de tudo o que tenho aprendido o que melhor me soube foi perceber que não era “contra natura” este meu conceito de que não se deve estar à espera da “falha do vizinho do lado” para poder brilhar, que o todo é mais importante que a soma das partes, que o sucesso das organizações depende da equipa, que não se deve pensar como uma “ilha” em que por vezes pensamos que somos o seu legítimo proprietário e a defendemos a qualquer preço porque a aprendizagem não é nossa, deve ser partilhada – nós somos clientes uns dos outros e essa é a fonte da sabedoria e se há saberes que não se podem cruzar, podem no mínimo caminhar lado a lado e tudo isto tem um nome: interdisciplinaridade.

    Em balanços pessoais que acredito se fazem cada vez mais cedo, antes da meia idade e num balanço diário que todas as empresas se habituam a fazer para perceberem onde estão as falhas que originam perdas, para poderem atuar prontamente sobre elas, são tudo paragens em que sentados à beira do estrada para uns, sentados em salas de reuniões para outros, todos convergem num objetivo: decisões na procura de caminhos por que temos que optar ou não, por seguir e cuja decisão tem a ver com um futuro mais ou menos longo, mais ou menos saudável, mais ou menos proveitoso em ganhos e perdas que nem sempre se prendem com valores monetários!

    O motivo porque corremos será sempre diferente de pessoa para pessoa e quem vê “Forrest Gump” também nunca esquecerá a sua célebre frase:

    «A vida é como uma caixa de chocolates, nunca sabes o sabor que te vai calhar», ou seja, o risco que corremos pelas nossas escolhas.

    Por: Glória Leitão

     

     

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