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    Arquivo: Edição de 20-09-2011

    SECÇÃO: Destaque


    Valongo: a capital do pão

    Foto ARQUIVO
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    Um conhecido semanário publicou, recentemente, um trabalho sobre as câmaras municipais que, de norte a sul do País, tudo fazem para tornar conhecido o seu município, as suas tradições, a sua marca.

    Promovem eventos e outro tipo de realizações a que associam manifestações de carácter religioso capazes de atrair um turismo desejoso de conhecer melhor o Portugal profundo.

    E, com excelentes resultados para a economia local, nomeadamente para o seu comércio tradicional que vive, como se sabe horas bem difíceis.

    Este trabalho jornalístico leva-nos a refletir e a comparar a iniciativa destas Autarquias que não se conformam com os momentos menos bons que o País vive e desejam que a sua terra se desenvolva e, aquelas que pararam no tempo e sucumbindo perante as dificuldades veem o seu tecido económico a definhar e o concelho a “morrer” lentamente.

    É esta a diferença entre quem luta contra a adversidade, a motivação que faz mover montanhas e uma atitude criativa e inovadora e aqueles que já deitaram a “toalha ao chão” e, hoje são incapazes, talvez por saturação, de mobilizar a sociedade civil, esquecendo âncoras capazes de gerar riqueza.

    O Concelho de Valongo tem ícones e pessoas no desporto e na cultura que devem ser valorizados já que reforçam a sua identidade. O Ténis de Mesa, o Hóquei em Patins, a Bugiada, a Lousa e o Pão são alguns (bons) exemplos pois, a tradição que carregam pode alavancar a economia local e regional.

    Da governação local espera-se a clarividência para saber escolher e explorar o “nicho de mercado”- a Marca - que fazendo parte do património cultural pode viabilizar uma iniciativa que se deseja tenha impacto na região e mesmo no País. Um exemplo:

    Durante dois séculos o Porto alimentou-se do pão de Valongo e eram os moinhos do nosso Rio Ferreira que moíam o trigo para o seu fabrico.

    Na Rua Dias Oliveira vivia-se, então, um autêntico corrupio, com as padeiras a entrar e a sair buscando as regueifas e outro pão nas padarias que aqui funcionavam.

    Até à Fábrica Paupério não havia casa ao longo da rua que não tivesse a sua padaria e os mais antigos lembram-se bem dos pregões das vendedeiras entoado ao longo das plataformas nas estações da CP em Ermesinde, no Susão e em Valongo.

    “Desta coisa de uma terra crescer graças ao pão ufana-se Valongo num atributo: o seu brasão não evoca feitos guerreiros, mas o heroísmo pacífico dos homens e mulheres que o fabricavam, com o trigo e a roda dos moinhos”.

    Os tempos são outros; Bem o sabemos.

    Hoje, a maioria das padarias já desapareceu e aquelas que ainda se mantêm a laborar devem ser acarinhadas não só pela qualidade do produto que fabricam, mas também pela recordação que fazem transportar ao longo dos tempos.

    Como o Rancho As Padeirinhas de Valongo nos faz recordar o viver destas mulheres padeiras que “ ganham a sua vida fornecendo o pão trigo e o pão doce em grandes rocas que lá chamam regueifas; mas também fabricavam biscoitos azedos (de tosta) e biscoitos doces”.

    Na nossa candidatura à Câmara Municipal propusemo-nos desenvolver esforços para fazer reviver essa fase da história do Concelho que a indústria do Pão ajudou a crescer e daí a razão bastante para a promoção anual de um evento – a Mostra do Pão – que fosse um acontecimento que marcasse o calendário das realizações culturais e religiosas da terra.

    Parece-nos que a proposta permanece atual e, porque em Valongo nada acontece, a Autarquia deve mobilizar esforços lançando o desafio a um conjunto de entidades da sociedade como sejam: os empresários do ramo, as escolas, a Igreja, a Universidade Sénior e as coletividades para em conjunto lançarem uma iniciativa que dê a Valongo o justo e mais que merecido estatuto de CAPITAL DO PÃO.

    Por: Afonso Lobão*

    *Vereador do Partido Socialista na Câmara Municipal de Valongo

     

     

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