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    Arquivo: Edição de 30-07-2011

    SECÇÃO: Destaque


    XVIII FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO

    V Conferência de Ermesinde – Miguel Torga

    Incluída na programação cultural da Feira do Livro do Concelho de Valongo, a V Conferência de Ermesinde decorreu no Fórum Cultural, na noite de sexta-feira, dia 8, contando com a presença das conferencistas Maria da Assunção Fernandes Monteiro, da UTAD, e Hercília Algarez Marques, aposentada da Escola Secundária Camilo Castelo Branco (Vila Real),.

    Disseram poemas de Torga as convidadas Maria Lourdes dos Anjos (de novo nesta Feira) e Fernanda Cardoso.

    A Conferência foi também ocasião para uma homenagem prestada a Álvaro Mendonça, dirigente da Ágorarte recentemente desaparecido, pelo qual todos os presentes cumpriram um minuto de silêncio.

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    Iniciada esta V Conferência, Carlos Faria iniciou a sua evocação da figura de Álvaro Mendonça, de quem enalteceu o empenhamento, a sensibilidade, os relevantes serviços e a dedicação à Oficina das Letras e à divulgação da Poesia. Assim, a associação cultural Ágorarte decidiu prestar um unânime preito de homenagem e gratidão a esta figura, um dos seus mais importantes fundadores. Foi com olhos marejados de lágrimas que a viúva de Álvaro Mendonça, Fernanda Sousa, recebeu das mãos de Carlos Faria o diploma de reconhecimento que lhe foi atribuído, tendo-se cumprido um minuto de silêncio em respeito da sua figura.

    O presidente da Direção da Ágorarte passou depois a apresentar os participantes (curiosamente todas mulheres) desta conferência dedicada a Torga, agradecendo os contributos a ela prestados por outros.

    Além de Maria de Lourdes dos Anjos e Fernanda Cardoso que ali estavam para dizer alguns textos poéticos de Torga, Carlos Faria destacou o percurso académico e cultural das duas conferencistas, Assunção Morais Monteiro, professora catedrática na Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro, responsável por muita investigação teórica e obra publicada sobre Torga e outros autores, e Hercília Agarez Marques, professora aposentada da Escola Secundária Camilo Castelo Branco (Vila Real), que há anos se dedica ao estudo da vida e obra de Miguel Torga (e de outros autores, como Camilo) e da presidente da conferência, Maria do Carmo Castelo Branco Sequeira, professora associada da Universidade Fernando Pessoa, entre outras coisas, uma grande investigadora da obra de Eça de Queirós e outros autores (Natália Correia, David Mourão-Ferreira, etc.).

    De seguida passou-se à apresentação de um documentário televisivo sobre a vida e a obra de Torga, e a a recolha de vários testemunhos que se cruzaram com a sua vida.

    Maria do Carmo Castelo Branco Sequeira referiu-se depois um pouco à escrita diarística de Torga e aos diálogos que até ali já tinha entabulado (ou não) com as conferencistas.

    Foi então a vez de Maria Assunção Monteiro proferir a sua conferência – “O Alterónimo Miguel Torga: Valores Humanos da Sua Obra”, na qual defendeu a sua tese inovadora de que o nome Miguel Torga não seria apenas um pseudónimo mas como que uma nova personalidade que vinha suplantar a de Adolfo Rocha, seu nome de batismo.

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Citando abundantemente a obra de Torga, Assunção Monteiro debruçou-se sobre os momentos marcantes de “A Criação do Mundo”, com o surgimento de Miguel Torga, num processo que qualificou de desdobramento (alteridade do eu), explicou o nome Miguel como um tributo triplo às figuras-modelo de Torga – Miguel Ângelo, Cervantes e Unamuno, a sua pertença à terra (era um escritor telúrico, porque trazia marcada em si a terra, não porque gostasse dela, o que, contudo, não quer dizer menos identificação). Constituía-se assim numa espécie de modelo do mito de Anteu, questão essa, da ligação à terra, que haveria de ser abordada por Hercília Agarez Marques.

    O presidente da Câmara de Valongo, presente na conferência (bem como o seu vice-presidente e vereador da Cultura, João Paulo Baltazar), proferiu então umas breves palavras, para lembrar a sua identidade de profissão com Adolfo Rocha e explicar porque tinha então de se ausentar dali.

    Hercília Agarez, por fim, abordou a questão do apego de Torga a uma terra primordial («pareço um fiscal a percorrer a pátria»), o seu desencanto com a desvirtuação dos lugares e paisagens identificativos de uma terra e de um povo e o seu tributo à resistência a esses valores perenes.

    O evento terminou com a oferta de algumas lembranças a todas as participantes.

    Por: LC

     

     

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