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    Arquivo: Edição de 15-04-2011

    SECÇÃO: Destaque


    O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

    Manuel Pinto de Azevedo

    Na edição anterior referimo-nos à Fábrica de Fiação e Tecidos de Sá (Ermesinde), hoje trataremos de uma das personalidades que mais se empenhou em dar-lhe vida – o industrial e republicano, Manuel Pinto de Azevedo. Nascido no Porto, é bem conhecido no Grande Porto e até em todo o país como um dos nomes mais destacados da história da indústria portuguesa, da época contemporânea. Ermesinde deve-lhe uma importante unidade industrial e o apoio dado aos seus Bombeiros no período da fundação desta importante Associação Humanitária.

    Manuel Pinto de Azevedo (1874 - 1959)
    Manuel Pinto de Azevedo (1874 - 1959)
    Manuel Pinto de Azevedo nasceu na freguesia do Bonfim (cidade do Porto), no dia 27 de Abril de 1874 e faleceu (na mesma cidade), no dia 17 de Fevereiro de 1959, com 84 anos de idade).

    Frequentou, a partir de 1891, o ensino técnico na Escola Faria de Guimarães, tornando-se, 3 anos depois, operário têxtil na Fábrica de Tecidos do Bonfim. Aí rapidamente seriam notadas as suas extraordinárias capacidades que o guindaram, em cerca de 6 anos, para o cargo de Director da Fábrica.

    Já em pleno período da 1.ª Guerra Mundial, arrenda a Fábrica de Tecidos de Soure (1917) que adquire 7 anos depois. Era o período da sua grande expansão, no sector têxtil. Entretanto, em 1920, já tinha comprado a Fábrica de Tecidos da Areosa; e, em 1922, a empresa fundada em 1905 por Delfim Pereira da Costa, na Senhora da Hora – a Empresa Fabril do Norte – que sob a Direcção de Pinto de Azevedo se tornaria a fábrica têxtil mais importante de Portugal.

    Foi precisamente no início da década de 1920, que Manuel Pinto de Azevedo se terá ligado a Ermesinde de uma forma mais directa e perene. Em 11 de Setembro de 1921 toma posse, como 1.º Presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde. Sete anos depois, compra a Fábrica de Fiação e Tecidos de Ermesinde, sita em Sá; no mesmo ano, compra também a Fábrica de Tecidos Aliança, de Rio Tinto.

    Ainda na década de 1920, expandiu a sua actividade industrial para fora de Portugal Continental, investindo na política de fomento colonial que mal se iniciava, comprando algumas unidades de produção industrial em Angola e Moçambique. Diversificou também os seus investimentos, adquirindo algumas fazendas de plantação de algodão, tendo em vista o regular fornecimento de matéria-prima às suas indústrias.

    Já na década de 1950, juntamente com outros industriais, aumentou os seus investimentos na África portuguesa, criando a “Sociedade Algodoeira de Portugal,” com o objectivo de consolidar a produção e o consumo nos mercados coloniais, sobretudo de Angola e Moçambique.

    Mas não se ficou por aqui. Em 1929, investiu no sector conserveiro, em Matosinhos, fundando a Continental Sociedade de Conservas; depois, alargou os seus negócios à cortiça (tornando-se sócio de uma importante empresa de Portalegre), e ao cobre – Companhia Portuguesa do Cobre (fábrica do Porto).

    Vista aérea da Fábrica de Tecidos de Sá (Ermesinde) que pertenceu a Manuel Pinto de Azevedo, depois de 1928
    Vista aérea da Fábrica de Tecidos de Sá (Ermesinde) que pertenceu a Manuel Pinto de Azevedo, depois de 1928
    Foi ainda sócio do Banco Borges e Irmão, de companhias de Seguros, empresas ligadas à vinicultura, à saúde e também investiu na imprensa. Neste sector, esteve ligado às empresas produtoras dos periódicos “O Norte” e “Jornal de Notícias” e foi Presidente do Conselho de Administração, até morrer, da empresa que tinha a responsabilidade de editar o importante e histórico jornal portuense “O Primeiro de Janeiro”.

    Efectivamente, desde 1923, Manuel Pinto de Azevedo tornou-se o maior accionista da empresa detentora desse importante diário portuense que todo o país conhecia – O Primeiro de Janeiro. Aliás, a sua influência neste domínio revelar-se-ia verdadeiramente notável: foi ele o maior responsável por muitos dos melhoramentos e transformações que este periódico conheceu, tanto no aspecto gráfico como relativamente ao seu conteúdo redactorial. O Primeiro de Janeiro revelar-se-ia um dos jornais mais prestigiados na conjuntura da imprensa diária nacional, qualidade que reservaria para si ao longo de várias décadas de publicação.

    No aspecto político, Pinto de Azevedo sempre se afirmou um republicano convicto, fazendo parte, desde o 5 de Outubro, da 1.ª Comissão Administrativa Republicana do Município do Porto, sendo sucessivamente eleito até 1919. Num dos seus edifícios, no Bonfim, chegou a funcionar, no início da I República, o Centro Republicano Democrático.

    No campo social, foi, durante quase 20 anos, Mesário da Santa Casa da Misericórdia do Porto e chegou a ser administrador do Hospital Sanatório Rodrigues Semide. Com objectivos eminentemente sociais, fundou, como vimos, uma padaria na sua Fábrica de Tecidos de Ermesinde, destinada apenas ao fornecimento de pão aos seus operários e criou igualmente uma cooperativa de consumo, onde eles poderiam abastecer-se dos géneros de primeira necessidade, a preços muito competitivos em comparação com os que eram praticados pelo circuito comercial normal. Foi por sua iniciativa que se criou, também, uma cantina, destinada aos operários. Esta actividade filantrópica era muito habitual nas suas empresas, tendo criado também bairros operários, creches, bibliotecas e outros benefícios para o operariado, em geral. Destacou-se, igualmente, por ter sido grande benemérito do Clube de Desportos Educação Física do Norte, tendo dado o seu nome ao seu centro de jogos.

    Manuel Pinto de Azevedo, pelo seu carácter empreendedor, dinâmico e humanista, bem mereceu ser distinguido com os galardões de Grande Oficial da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem da Instrução Pública.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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