MOSTRA DE TEATRO AMADOR
Um cocktail à moda de Valongo
A companhia de teatro amador da Associação Cultural e Recreativa Vallis Longus levou à cena, no Fórum Cultural de Ermesinde, no passado domingo, dia 13 de Março, a peça “Cocktail”.
Comédia de costumes, procurando satirizar a sociedade contemporânea, o texto (original ou adaptado) resolve com dificuldade as circunstâncias históricas do seu ambiente, parecendo sobreporem-se duas realidades distintas separadas, mas simultâneas, que lhe são dadas por um relacionamento familiar e doméstico (também a relação com os serviçais) vindo de outro século, por um lado, e a existência na vacuidade e à beira da depravação, de uma juventude estouvada, na era da internet.
O décor realista, mas de pendor novecentista, com uma ou outra solução de recurso, num processo comum no teatro amador, a que um telefone empresta um toque de surrealismo, reforça a primeira impressão, enquanto a personagem do sem-abrigo parece ajustar-se mais a uma realidade bem mais próxima da contemporânea.
A peça, muito longa, é de grande exigência para estes actores amadores, que se desembaraçam bem das dificuldades, compondo algumas personagens bem caracterizadas – a tia, o sobrinho, o guarda-livros, a cozinheira, a criada fiel, o sem-abrigo, a jovem destinada a noiva, a mãe desta, etc..
O humor aqui e ali é facilitado pelos gases do sem--abrigo, a que o público responde de imediato.
O drama e o humor casam então num enredo em que o sem-abrigo morre envenenado com uns bolinhos feitos de pó insecticida (em vez de farinha) com que foram feitos um bolinhos sem que a cozinheira soubesse que lha tinham trocado, embora ninguém pensasse em desfecho tão dramático.
Durante a peça, a certa altura, surge uma situação muito interessante. Alguém da companhia, presume-se o encenador, coloca o público perante o dilema: acaba-se já ali ou assiste-se ao longo espectáculo que o espera?.
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