Transportes colectivos
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Foto MANUEL SOUSA |
Tenho 50 anos e, desde que me lembro sou utente de transportes públicos.
Ligada à área de Recursos Humanos desde os 17 anos, predominantemente na área da motivação e satisfação de clientes: os colaboradores das organizações, o facto de andar de autocarro enriquece-me e para mim, que gosto de aprender é efectivamente uma grande escola de vida.
No dia 22 de Fevereiro, tive que me deslocar ao Porto, para tratar de assuntos sensíveis e penosos. Logicamente que não era daqueles dias de “espírito aberto”. Eu ia preocupada, diria mesmo que angustiada.
Eu precisava ir à Av. Boavista e apanhei o autocarro 201, cerca das 13H00. Não sabia em que paragem havia de sair e perguntei ao Motorista, que de uma solicitude invulgar me perguntou qual era o número de porta onde me ia dirigir para me ajudar a situar na paragem em que o devia fazer.
Disse-me: «Sente-se minha senhora e quando eu entrar na Av. da Boavista vem ter comigo e eu ajudo-a». Assim fiz e ele, cuidadoso, atencioso e educado deixou-me na paragem certa. E para isso não prevaricou nas suas funções e não originou nenhuma não conformidade ou conflito nos vossos princípios de conduta – só teve que ser Pessoa.
Com isto, regressei a 1991, lembrei-me de ter começado a transportar a minha filha, com 15 dias de idade, no 1º autocarro da manhã, entrava na primeira paragem da Maia – às 06H25 e, como costumo dizer, durante quatro anos em que tive que o fazer os motoristas dos STCP ajudaram-me a criar a minha filha.
Não “arrancavam antes da hora” e mesmo a correr, como qualquer mãe que sai de casa a essa hora, com uma filha nos braços, se eu acendesse a luz das escadas do prédio eles sabiam que “eu estava a chegar” e quando corria para não atrasar a partida diziam-me: «Tenha calma minha senhora…».
Também, e como cliente dos transportes públicos, cada vez que consulto os horários nas paragens registo isto como um factor de melhoria enorme – ajuda-nos tanto a nossa orientação no tempo que, só mesmo nós, os utilizadores destes serviços sabemos dar o devido valor. Mesmo as pessoas de mais idade já o sabem fazer, conforme tenho registado.
O resultado do meu dia foi efectivamente “devastador” pelo facto de não ter conseguido aquilo a que me propunha e possivelmente vai interromper um sonho que, para mim é mais do que uma conquista minha; mas pelo hábito que tenho de olhar para o sol e deixar as sombras para trás, preferi consultar o vosso código de conduta [dos STCP] e perceber que não acrescentaria nada ao vosso ponto “V – Perante os clientes” e, posso afirmar que têm colaboradores vossos que têm esses pontos interiorizados.
Os outros a que chamamos de “menos simpáticos” pode ser que mudem e aprendam…nem que seja refrescando-lhes a memória e fazendo-os ler o referido código.
O que quero dizer com tudo isto? Obrigado senhores/senhoras Motoristas, neste caso dos STCP mas que alargaria a todos as pessoas que exercem esta função.
Também nesse vosso documento que considero imprescindível a qualquer organização pode ler-se uma coisa com a qual concordo plenamente:
«A perfeição é uma utopia, mas o mundo seria seguramente melhor se, em cada dia, déssemos um pequenino passo na tentativa de a alcançarmos».
Daí uma sugestão nesse sentido: invistam em autocarros mas por favor não descurem as vossas pessoas, pois serão elas que os vão conduzir, transportando… pessoas.
Por: Glória Leitão
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