SECÇÃO: Saúde

Vantagens da actividade física – mito ou realidade?

Hoje em dia é frequente ouvirmos uma criança dizer “Mamã hoje é dia de piscina, que bom! Hoje é um dia mesmo fixe, tive aulas de ginástica, depois fui para a dança e agora lá vou eu dar um mergulho….”

É um facto que a actividade física está a ser fomentada precocemente visto que nas crianças é mais fácil implementar hábitos comportamentais saudáveis, capacitando-as para uma maior consciencialização das suas atitudes face à sua saúde.

Tabela I - Estado de Nutrição consoante o valor do IMC, para adultos

Sabe-se ainda que a actividade física é um meio de prevenção da grande problemática do excesso de peso e do sedentarismo tão comum na nossa sociedade (SPEO, 2010), e que em termos governamentais é um dos métodos com melhor custo-efectividade na promoção de saúde de uma população (DGS, 2007), resultando numa redução de custos.

O meio físico e socioeconómico das cidades tem um enorme impacto na implementação e no acesso de todos à actividade física. Contrariamente é visível o grande número de blocos de apartamentos existentes nas cidades, sendo importante desenvolver espaços de lazer, interiores e exteriores, que encorajem a prática de actividade física e, apelar para o uso de transportes públicos, tornando-os acessíveis, atractivos e seguros. Outro factor que influencia a prática de actividade física no exterior é o stresse diário associado à insegurança pelo que as crianças recorrem à televisão e aos vídeo jogos para ocupar os seus tempos livres. Como consequência, as crianças tornam-se menos sociáveis e mais sedentárias, aumentando a probabilidade de terem excesso de peso e de desenvolverem futuros problemas físicos (diabetes, hipertensão arterial, dor crónica, …), psicológicos (depressão, ansiedade, …) e sociais (exclusão social, bullying, anorexia, bulimia, …) (Campos, Gomes, & Oliveira, 2008) (Silva, et al., 2009).

Perante este facto, é importante promover a actividade física na infância possibilitando um melhor controlo motor, maior conhecimento do esquema corporal e fomentando uma melhor relação inter-pessoal a longo prazo.

No entanto, o problema que se impõe na prática de actividade física, é esta não ser vigiada nem controlada, pelo que, para algumas crianças a actividade física torna-se excessiva, levando ao desgaste articular e desequilíbrios musculares; para outras, torna-se inexistente contribuindo para o sedentarismo. Portanto a prescrição da actividade física deverá ter em conta as características da própria criança sendo uma delas o seu Índice de Massa Corporal (IMC) (Tabela I e II).

Face a esta realidade questões que surgem são: “Como promover uma actividade física controlada? Como poderemos saber qual o tipo de exercício mais apropriado, tempo de execução ou a intensidade de exercício?”.

Tabela II - Estado de Nutrição consoante o valor de IMC, para crianças

A resposta implica considerar, na intervenção, equipas transdisciplinares envolvendo os diferentes profissionais e agentes da comunidade, nomeadamente médicos, fisioterapeutas, professores, autarcas, treinadores, encarregados de educação, entre outros, que actuem em conjunto com o intuito de minimizar problemas músculo-esqueléticos (lombalgias, tendinites, rupturas musculares, …), problemas cardiovasculares (hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, enfarte agudo do miocárdio), problemas respiratórios (asma, doença pulmonar obstrutiva crónica) e problemas psicossociais (depressão, ansiedade, exclusão social, anorexia, bulimia …) que provém da actividade física excessiva ou insuficiente.

Tabela III - Recomendações para a prática de actividade física, para crianças e adultos

Este nível de actividade pode ser conseguido diariamente através de actividades físicas agradáveis, realizadas individualmente ou em grupo e de mudança de comportamentos no dia-a-dia, tais como caminhar para a escola, correr e saltar no recreio, utilizar escadas, jardinagem, dançar, e muitos outras actividades recreativas. Sem esquecer que só se obterão resultados positivos se esta prática for conciliada aos hábitos de alimentação saudáveis.

A actividade física é, uma das melhores formas de promoção de saúde e poderá evitar problemas futuros (DGS, 2007), como referido anteriormente, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida. É, contudo, importante haver controlo sobre a sua prática, sendo motivo de confiança para a população saber que têm um conjunto de profissionais capazes de responder às necessidades de cada indivíduo.

Num panorama de crise económica em que os recursos, designadamente no domínio da saúde são limitados, parece crucial uma forte aposta na promoção de saúde em geral, e em particular da prática de actividade física.

Não se esqueça: a prática de exercício físico adequada e controlada é a melhor promoção da sua saúde!

Alunos do 3.ºAno de Fisioterapia da Escola Superior de Tecnologia

da Saúde do Porto - IPP:

Ana Cláudia Monteiro

Filipa Fontes

Rafael Gonçalves

Rosa Brito

Sara Perneta

Sofia Mateus

Tânia Velho

Vanessa Pereira

Virginie Carvalho

Bibliografia:

American College of Sports Medicine (2009) ACSM´s Guidelines for Exercise Testing and Prescription (8ªEd) Lippincott Williams and Wilkins

Centers for Disease Control and Precention (CDC). (s/data). Calculadora Índice de Massa Corporal Crianças. Obtido em Dezembro de 2010, de Pais & Filho: http://www.paisefilhos.pt/index.php?option=com_calcimccrianca&Itemid=228

Direcção-Geral da Saúde. (24 de Outubro de 2005). Saiba como se diagnostica a obesidade em adultos e crianças. Obtido em Dezembro de 2010, de Portal da Saúde: http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/obesidade/comosediagnosticaaobesidade.htm

Direcção-Geral da Saúde. (24 de Agosto de 2007). A actividade física é um meio de prevenção de doenças e uma das melhores formas de promover a saúde de uma população. Obtido em Dezembro de 2010, de Portal da Saúde: http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/actividade+fisica/beneficios+actividade.htm

Obesidade Infantil (2008), Actividade Física e Sedentarismo em Crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico da Cidade de Bragança (6 a 9 Anos), Revista de Desporto e Saúde da Fundação Técnica e Científica do Desporto 4 (3)17-24

Silva, D., Rego, C., Valente, A., Faria, M., Dias, C., Azevedo, L., et al. (2009). Avaliação da insatisfação corporal e da auto-estima em crianças e adolescentes com diagnóstico de obesidade vs uma comunidade escolar. Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, 23-31

SPEO. (2010) Obesidade afecta cerca de 30% das crianças portuguesas. Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade. Obtido em Janeiro de 2010: http://www.speo-obesidade.pt/CDA/IMPpressreleases.aspx?noticia=1