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    Arquivo: Edição de 15-02-2011

    SECÇÃO: Destaque


    O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

    Alberto Dias Taborda (1)

    Continuando a divulgar dados biográficos de personalidades ligadas a Ermesinde, no período da Primeira República, cabe hoje tratar de Alberto Dias Taborda. Embora não seja natural de Ermesinde, aqui casou e fixou residência, tornando-se mais um filho adoptivo desta terra, que sempre sentiu como sua e, por isso, se envolveu empenhadamente no seu progresso. Sem ter um envolvimento político-partidário activo, Alberto Taborda, muito lutou pelos melhoramentos de Ermesinde. Entre eles, destaque-se o prolongamento da linha do eléctrico desde o Alto da Maia até à Igreja de Ermesinde (1916); a ligação telefónica de Ermesinde com todo o país; a construção de novas escolas primárias e a elevação de Ermesinde a vila (12 de Julho de 1938).

    O estado actual da casa que pertenceu a Alberto Taborda, situada na Rua de Ermesinde
    O estado actual da casa que pertenceu a Alberto Taborda, situada na Rua de Ermesinde
    Alberto Dias Taborda nasceu em Vimioso, às 11 horas do dia 6 de Abril de 1888, e faleceu em Ermesinde na madrugada do dia 5 de Junho de 1975, com 87 anos de idade. Trata-se de uma das mais destacadas personalidades que esta terra conheceu no século XX.

    Estudou na Escola Politécnica do Porto, ingressando depois no Colégio Militar, onde se não demorou muito, por o seu carácter se incompatibilizar com a vida militar. Voltou ao Porto, para trabalhar na Empresa das Minas de Carvão de S. Pedro da Cova, onde rapidamente ascende à Gerência e, depois, à Direcção da Empresa.

    Entretanto, casa com a Sr.ª D.ª Emília da Costa e Almeida, membro da ilustre família ermesindense Costa e Almeida, e fixa residência em Ermesinde. O casal teve dois filhos que morreram ainda muito novos.

    A sua vida passou a gastar-se entre duas preocupações: a Empresa das Minas de Carvão e os melhoramentos da sua terra adoptiva. Procurou que a Empresa prosperasse o mais possível, e, para tanto, teria de modernizar-se no que respeita à tecnologia (a maior parte do material de reconversão foi fabricado na Bélgica e ele próprio - que era engenheiro, embora fizesse questão de esconder essa condição - acompanhou de perto a sua construção), e conseguir colocar, rapidamente, a produção no mercado (com esse objectivo, e de forma a facilitar o escoamento do carvão de S. Pedro da Cova, mandou construir o cabo aéreo que transportava as cestas de carvão entre as Minas de S. Pedro da Cova e o Monte Aventino, nas Antas).

    Anos mais tarde, estabeleceu-se em Lisboa, com a Firma “Moinhos Reunidos”, situada nas proximidades do Terreiro do Paço, para onde viajava à segunda-feira e donde regressava, regularmente, à sexta-feira.

    Mas é o seu carácter dinâmico e empreendedor, ao serviço dos melhoramentos de Ermesinde que aqui importa destacar. Uma das suas primeiras “batalhas” pelo progresso de Ermesinde, na época com cerca de 2 500 habitantes, foi o prolongamento da linha do eléctrico desde o Alto da Maia até à Igreja de Ermesinde. Tinha 27 anos, e os seus recursos pessoais não eram suficientes para, por si só, concretizar tal objectivo. Por isso, bateu às portas certas, e conseguiu juntar os auxílios necessários para que a obra - responsável por grande parte do desenvolvimento urbano de Ermesinde - se concluísse: em Fevereiro de 1916, a “linha americana” ligava a Praça da Liberdade (no centro do Porto) ao centro de Ermesinde, numa extensão de 10 382 metros.

    Depois, quando chegou a era do telefone, nova “batalha”, nova vitória: Ermesinde passou a ter uma central de telefones, e a estar ligada via telefone às principais localidades do País.

    Minas de S. Pedro da Cova, cuja direcção chegou a ser assegurada por Alberto Taborda
    Minas de S. Pedro da Cova, cuja direcção chegou a ser assegurada por Alberto Taborda
    Alberto Taborda também se preocupou com a situação crítica do ensino primário em Ermesinde: apenas duas escolas, mal instaladas em duas pequenas salas no antigo Passal. Pôs mãos à obra, entrou com dinheiro do seu bolso (tal comportamento teve-o repetidamente, pois só assim era possível arrancar com as iniciativas), granjeou outras ajudas, passou por algumas dificuldades, foi injuriado e mal compreendido, mas as esplêndidas construções escolares que ainda hoje deslumbram, lá estão - no Carvalhal e na Bela - a provar a capacidade deste homem, e a demonstrar que os seus sonhos não eram meras utopias.

    As obras de edificação da Escola do Carvalhal começaram em meados da década de 1930. Este edifício era tão grandioso e imponente para aquela época que o então Ministro das Obras Públicas, Eng.º Duarte Pacheco, em visita a Ermesinde, no ano de 1936, perguntou: “- Mas isto é para alguma Universidade?”.

    Resposta pronta e acertada de Alberto Taborda: “- Não Senhor Ministro, Ermesinde está praticamente dentro do Porto e, como tal, deve ter escolas condignas”.

    Efectivamente, trata-se de um estabelecimento de ensino que ainda hoje impressiona, sobretudo se comparado com outros construídos pelo “Estado Novo” no mesmo período. Terá custado cerca de 400 contos, o equivalente hoje a várias centenas de milhares de euros. No dia da sua inauguração Alberto Taborda confessava-se feliz: «Este dia é para mim um dos mais felizes da minha vida!...».

    A sua acção em prol do ensino ainda se manifestou quando conseguiu do Poder Central autorização para que os exames se fizessem em Ermesinde e não na sede do concelho, como previa a lei.

    O tempo passava e Ermesinde ficava maior. Estávamos no fim da década de 30, e os ermesindenses eram já 10 000. Justificava-se, plenamente, a elevação a Vila. Novo projecto para vencer, move influências, e a 12 de Julho de 1938, o Diário do Governo publica a Portaria que reconhece a Ermesinde a categoria de Vila. Os desafios continuaram... e as obras em prol da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos ermesindenses também. Alberto Taborda, homem de “vistas largas” e de acções decididas, continuou sempre a batalhar pelo progresso desta Terra.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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