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    Arquivo: Edição de 15-01-2011

    SECÇÃO: Destaque


    O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

    José Joaquim Ribeiro Teles e D. António Castro Meireles

    José Joaquim Ribeiro Teles e D. António Castro Meireles foram amigos e personalidades de grande destaque no meio ermesindense, no período da Primeira República. Ligadas particularmente à Quinta da Formiga e ao seu Colégio. Ribeiro Teles seria o último civil proprietário daquele espaço que havia pertencido à Igreja e que a ela voltaria pela sua morte. O Bispo foi um dos mais dinâmicos directores do Colégio de Ermesinde. Ambas as personalidades ficaram consagradas na toponímia ermesindense.

    José Joaquim Ribeiro Teles veio para Ermesinde pelo seu casamento com D. Margarida Duarte Cidade Teles, filha de Manuel Francisco Duarte Cidade que em 31 de Maio de 1867 arrematou em hasta pública a Quinta e o Convento da Formiga. Após a morte de Manuel Francisco Cidade, em 13 de Julho de 1875, aqueles bens passaram para D. Margarida Cidade Teles e para seu marido José Joaquim Ribeiro Teles.

    José Joaquim Ribeiro Teles enquanto proprietário do antigo Convento da Formiga e da respectiva Quinta tudo fez para que as instalações do antigo Convento não ficassem de todo abandonadas. Assim, arrendou-as sucessivamente para a instalação de diversos Colégios (às vezes por preços simbólicos) até chegar ao actual, em 1912, de que ele próprio foi requerente.

    Quanto à Quinta, do lado Sul da estrada de Valongo, fez com que fosse sempre cultivada, pois essa era uma forma de a fazer produzir e ao mesmo tempo dar trabalho a muita gente que assim poderia viver um pouco melhor.

    O Sr. Ribeiro Teles era uma pessoa bastante simpática e sempre dada a fazer caridade, razão por que era muito considerado em Ermesinde. Apenas a título de exemplo, refira-se que, em 1914, entregou à Junta da Freguesia, bastantes roupas dos antigos alunos do extinto Seminário da Congregação do Espírito Santo que funcionou na Formiga até 1910, para que fossem distribuídas pelas crianças mais pobres da freguesia.

    José Joaquim Ribeiro Teles, em 1932, já viúvo e sem filhos, resolveu, como era sua vontade e de sua mulher, fazer voltar à propriedade da Igreja aquilo que a ela no passado já havia pertencido – a Quinta e Convento da Formiga. Assim, por testamento, constituiu D. António Castro Meireles único herdeiro dos seus bens que, por sua morte, ocorrida a 22 de Março de 1933, passaram para o Bispo que mais tarde os deixaria à Diocese do Porto.

    Aquando da sua morte, o Executivo da Junta da Freguesia de Ermesinde deliberou exarar em acta um voto de pesar pelo seu falecimento (cf. Livro de Actas da Junta da Freguesia de Ermesinde do ano de 1933), tendo em consideração a vida de altruismo do finado, e que, no seu testamento, contemplou esta freguesia com cinquenta mil escudos para a construção de uma Escola para os dois sexos, legando, também, mil escudos para os pobres de Ermesinde, e uma casa no Porto para a Igreja Paroquial de Ermesinde.

    Foi a grande consideração e estima que toda a freguesia nutria por José Joaquim Ribeiro Teles que esteve, certamente, na origem da mudança do nome da Rua que vem do Centro de Ermesinde para a Formiga, de Cândido dos Reis para Rua José Joaquim Ribeiro Teles.

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    O Dr. D. António Augusto de Castro Meireles foi uma das personalidades mais relevantes que viveu em Ermesinde. Nasceu no dia 13 de Agosto de 1885, em S. Vicente de Boim, concelho de Lousada, e faleceu na cidade do Porto, no dia 29 de Março de 1942.

    D. António de Castro Meireles está particularmente ligado à história do Colégio de Ermesinde, pois foi um dos directores que mais contribuiu para o prestígio deste estabelecimento de ensino particular ermesindense.

    D. António Castro Meireles frequentou o Colégio de Nossa Senhora do Carmo de Penafiel, e depois os Seminários de Nossa Senhora do Rosário de Carvalhos e o Seminário de Nossa Senhora da Conceição do Porto. Concluído o Curso de Teologia, frequentou, desde 1907, a Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, e, no ano seguinte, o Curso de Direito da mesma Universidade. Terminou ambos os cursos com excelentes classificações, mas dedicou-se sobretudo à oratória sagrada, onde conheceu enorme celebridade.

    Logo após a conclusão dos seus cursos na Academia de Coimbra, foi convidado para leccionar na Faculdade de Teologia, o que não se viria a concretizar pelo facto da mesma Faculdade ter sido extinta em 1910. Dois anos depois abriria escritório de Advogado na cidade do Porto. No período da 1.ª República seria deputado no Parlamento em 1915, eleito pelo Círculo Católico.

    Durante cerca de 10 anos, entre 1914 e 1924, viveu em Ermesinde, sendo um dos três Directores do referido Colégio de que também era Professor. Em 1920 foi nomeado Professor do Seminário do Porto, leccionando a disciplina de Ciências Eclesiásticas.

    No período que viveu no Colégio de Ermesinde tornou-se grande amigo de José Joaquim Ribeiro Teles, o que fez com que este, já próximo da sua morte, o tenha constituído seu herdeiro dos bens imobiliários da Formiga: Colégio (antigo Convento) e Quinta da Formiga, que ficaram na sua posse entre 1933 (data da morte de José Joaquim Ribeiro Teles) e 1941 (no dia 29 de Maio desse ano, a menos de um ano da morte do Bispo, foi feita a escritura de transferência de bens de D. António Castro Meireles para a Diocese do Porto).

    O Dr. D. António Augusto de Castro Meireles só deixou o Colégio de Ermesinde quando já havia sido nomeado Bispo da Diocese de Angra do Heroísmo, de que tomou posse em Agosto de 1924.

    Quatro anos mais tarde voltaria ao Porto, como Bispo Coadjutor, passando a titular, no ano seguinte (1929), devido ao falecimento de D. António Barbosa Leão. Manter-se-ia como Bispo do Porto até à sua morte.

    Por ocasião da sua morte, a Junta da Freguesia de Ermesinde enviou ao Episcopado do Porto um telegrama de condolências, e, aquando do 13.º aniversário do seu falecimento, foi atribuído o seu nome à Rua que liga a Igreja Matriz à Rua 5 de Outubro, tendo a respectiva placa sido descerrada pelo Bispo Auxiliar do Porto, D. Florentino de Andrade e Silva.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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