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    Arquivo: Edição de 30-09-2010

    SECÇÃO: Editorial


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    É no fim do Verão e princípio do Outono que se prepara o Inverno

    O meu hábito de andar a pé levou-me neste fim de Verão a percorrer a zona marítima de Perafita a Angeiras e qual o meu espanto quando encontrei um conjunto de tanques que me pareceram salgadeiras para peixe!, lembrei-me do meu pai e do meu avô que me contavam que iam a Angeiras buscar sargaço para estrumar a terra onde semeavam o nabal e traziam as sardinhas que salgavam em barricas.

    Procurei informação e confirmei: eram realmente tanques escavados nas rochas, do tempo dos romanos e foram encontrados quando se construíram estes passadiços de madeira que me proporcionam estes belos passeios de fim de tarde.

    Os romanos tinham aqui uma pequena indústria de conservas onde se produzia o famoso “garum”, «uma pasta resultante da maceração de diversas espécies de peixe e moluscos com azeite, vinho e outros produtos».

    Os tanques que eu encontrei eram réplicas dos encontrados no areal que a maré se encarrega de cobrir.

    Aqui em Ermesinde também iam a Matosinhos buscar as sardinhas e caranguejo para as terras. As sardinhas salgadas, a carne de porco, salgada ou fumada, o vinho, o azeite, as batatas, as couves, feijão e broa, eram a base de alimentação dos lavradores.

    Foto LUÍS LAGE
    Foto LUÍS LAGE
    No Outono era a época das vindimas, das desfolhadas, da apanha dos frutos, de guardar a lenha para o Inverno, de fazer contas à vida…

    Hoje volta-se de férias, os mais novos regressaram às aulas, os mais velhos ao trabalho, outros engrossaram o número dos desempregados, a esses juntaram-se mais uma rodada de recém-formados à procura do primeiro emprego, muitos dos idosos ficaram mais sós…

    Mais uma vez as previsões falharam, a economia continua praticamente estagnada, são muito poucos os exemplos de sucesso, eu diria que são a excepção.

    Conheço muitos jovens que terminados os seus cursos não conseguem arranjar trabalho. Alguns são filhos de gente muito humilde e que fizeram grandes sacrifícios para que os seus filhos frequentassem uma faculdade e não entendem essa mais-valia, porque os filhos não encontram emprego compatível com as suas habilitações e interrogam-se: - Valeu a pena tanto esforço para arranjar um trabalho precário numa loja, num café?!

    O contrário também é verdadeiro, quantos lugares ocupados por pessoas pouco preparadas mas que conseguiram lugares impensáveis, ou outros que de forma enganosa se encontram em casa a receber subsídios equivalentes aos ordenados desta gente formada que aceita qualquer trabalho!

    O País vai perder nestes próximos anos muita gente formada com capacidades de progredir, porque emigra para outros países, ou acomoda-se, e quando der conta já é tarde.

    Por outro lado existe uma quantidade de jovens que não têm nenhuma formação específica nem nenhum projecto de vida que, vagueiam pelas cidades e para os quais não se adivinha grande futuro.

    Quem pôde viveu como a cigarra e as formigas foram irradiadas com os novos insecticidas desta sociedade que parecia de abundância…

    O nosso Inverno vai ser duro e o Governo já o anunciou, não sei se é o melhor caminho, mas uma coisa é certa: a crise está aí e não vale a pena escondê-la.

    Por: Fernanda Lage

     

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