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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2010

    SECÇÃO: Cultura


    Celebração de Camões

    O poeta continua vivo na alma lusíada apesar do seu desaparecimento físico a 10 de Junho de 1580, há precisamente 430 anos.

    À imagem do que tem acontecido nos anos anteriores, a Ágorarte voltou a distinguir Luís de Camões, vulto maior das letras portuguesas, num dos habituais “Encontros de Poesia” que aquela associação ermesindense costuma promover regularmente.

    Como era esperado, esse encontro com o público voltou a realizar-se na noite de nove para dez de Junho numa antecipação das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.

    Servindo de cenário, a Sala da Lareira do palacete da Vila Beatriz, foi o ambiente apropriado para acolher uma agradável presença de pessoas atentas.

    A verdade é que a poesia lida e partilhada em conjunto, e em voz alta, tem o poder de aproximar as pessoas, sendo cada vez mais importante ouvir a voz dos outros – a voz poética, entenda-se – pela nossa própria voz. E começa a ser cada vez mais frequente poder desfrutar o prazer de ouvir os nossos poetas numa crescente multiplicidade de espaços onde a poesia ocupa um lugar dominante.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ

    LER “OS LUSÍADAS” DE COR

    NÃO É TAREFA FÁCIL

    Pois é. Mas isso aconteceu na Vila Beatriz, Foi seu intérprete, António de Sousa, professor de Português em Santo Tirso, e um dos mais mediáticos dinamizadores do programa “A Poesia está na Rua” que decorre anualmente naquela localidade.

    António Sousa inclui-se também no já extenso grupo de amigos da Ágorarte e está sempre presente nestas iniciativas do núcleo da “Oficina de Letras” da associação. E desta vez voltou a impressionar pela sua dicção segura e pela facilidade de memorização da poesia dos grandes autores. Do que ninguém estaria à espera é que declamasse “Os Lusíadas”, de cor! Mas fê--lo de maneira exuberante, como é seu timbre. Só não levou até ao fim toda a epopeia, porque, como gracejou, faltou-lhe fôlego, por não ter ali à mão, um pouco de água para molhar a palavra.

    Mesmo assim, acabou por dizer uma parte substancial do Canto I da obra maior de Camões.

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    DA POESIA ATÉ ÀS LÁGRIMAS

    Intervieram ainda nesta iniciativa cultural, Carlos Faria, presidente da Ágorarte, que abriu a sessão abordando de improviso a personalidade de Camões e as influências clássicas e humanistas do poeta do Renascimento, bem como o lirismo e o bucolismo que percorrem toda a sua obra.

    Estava uma noite sossegada e o serão prosseguiu com várias leituras da obra do poeta homenageado e de outros autores, que foram reservados para a segunda parte do programa.

    Não faltaram as memórias de Eugénio de Andrade, Miguel Torga, António Gedeão, Ruy Belo, Augusto Gil, entre outros, como se não tratasse apenas e só de distinguir Camões mas sim toda a poesia.

    Para além de Carlos Faria e António Sousa, foram intérpretes da linguagem dos poetas, alguns dos habituais leitores destas lides, como Odete Pedro Mendes, professora na Escola Secundária de Ermesinde, Eugénia Fátima Martins, autora de literatura infanto-juvenil, e também professora na Escola D. António Ferreira Gomes, Maria de Lurdes Anjos, também com obra publicada, da qual se destaca o livro “Nobre Povo, Tripeira Gente” e Maria Moura Açucena, autora de um livro com o seu nome, “Açucena”, de onde emergem memórias da infância da autora. E foi com a leitura de dois dos seus poemas que a autora com a voz embargada pela comoção contagiou a assistência que não ficou indiferente ao sentido pulsar da poesia.

    “Nestas e outras palavras que diziam,

    De amor e de piedosa humanidade,

    Os velhos e os meninos as seguiam

    Em que menos esforço põe a idade. (…)”

    “Os Lusíadas” (Estrofe XCII do Canto IV)

    Por: Álvaro Mendonça

     

     

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