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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2010

    SECÇÃO: Arte Nona


    O boom da BD adulta em Espanha (2)

    O panorama excitante e multifacetado da Banda Desenhada no país vizinho, cujo auge terá ocorrido provavelmente aí há uns vinte anos atrás e que, pela sua proximidade geográfica e de mercado, tanto contribuiu também para a renovação da Banda Desenhada em Portugal, é aqui evocado, num texto excelente e rico de abundantes referências, publicado na enciclopédia aberta Wikipedia.

    De interesse incontornável, trazemo-lo aqui às páginas de “A Voz de Ermesinde”, na parte que respeita ao movimento da BD de temática adulta em toda a Espanha.

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    *O declínio

    A partir de 1983 é já evidente, sem dúvida, a saturação do mercado, com o fecho das revistas das Ediciones Metropol, logo agravado por uma recessão económica internacional que encarece o preço do papel e o auge de novos meios de entretenimento, como os videojogos. Também se relaciona esta crise com a «falta de planificação, a inexistência de profissionalismo dos editores, e o excessivo triunfalismo de todos (incluídos os críticos mercenários e os outros)», segundo Jesús Cuadrado, “Más tebeos, menos misiles”.

    Tampouco «há que esquecer a cicatriz do controlo censor e político nos anos da ditadura (que condicionou, admitamo-lo ou não, a mentalidade de outros editores); o desprezo geral dos meios de informação de então e de agora; (...) a exploração empresarial sobre os direitos autorais; a falta de consciência de muitos dos seus companheiros (actuais e precedentes) sobre a responsabilidade que todo o artista tem como porta-voz (ainda que a sua voz seja lúdica); a crise geral do sector que optou (com cobardia) pelo caminho da importação clamorosamente inútil, mas rentável; e, finalmente, o deserto estético em todas as ordens da convivência cultural» (idem).

    O certo é que nestes anos de aparente bonança, editores e autores tinham perdido «uma oportunidade dourada de interessar de verdade o público leitor em geral», segundo, Ana Salado, “De "Mortadelo y Filemón" a la robótica”.

    E assim, apesar da proliferação da BD subvencionada a partir de 1984, a maioria das revistas de cómic adulto, como “Cairo” e “Creepy”, na sua primeira etapa (1985), “El Papus” (1987) ou “Dossier Negro” (1988), além da Editorial Bruguera (1986), irão encerrando.

    Depois do fim das novas etapas de “Cairo” (1991), “Creepy” (1992) e “TBO” (1998), assim como de “Zona 84” (1992), “Cimoc” (1995) e “El Víbora” (2005), só “El Jueves” se manteve como representante das antigas revistas para adultos, enquanto que as novas apenas conseguiram uma breve vida, como “Viñetas” (1993-94), “Top Comics”, ou “Co&Co”, não sem permitir que Pep Brocal, Fernando de Felipe, Enrique Jiménez Corominas, Keko, Jaime Martín, Miguel Ángel Martín, Bartolomé Seguí ou Santiago Sequeiros iniciem as suas carreiras, algumas delas abortadas. Dificuldades parecidas encontrarão os autores que, pouco antes da crise, se tinham dado a conhecer mediante fanzines: José María Beroy, Ricard Castells, Pedro Espinosa Sáenz, Das Pastoras, Pascual Ferry, Toni Garcés, Rafa Negrete, Miguelanxo Prado ou Mike Ratera. Dos veteranos, só Alfonso Azpiri, Jordi Bernet, Carlos Giménez, Francisco Ibáñez, Jan ou Max, podem permitir-se o luxo de dedicar os seus maiores esforços à BD, optando alguns deles pelo mercado estrangeiro, como Ignasi Calvet Esteban, Carlos Ezquerra, Esteban Maroto, Ana Miralles, Josep Nebot, Rubén Pellejero ou Jorge David Redo, e a maioria, por dedicar-se à pintura e à ilustração.

    Hoje em dia

    (...)

    Os novos autores espanhóis não se baseiam só na tradição nacional mas também em propostas estrangeiras que resultam de maior novidade, venham elas desde os Estados Unidos, Japão ou do resto da Europa. Muitos destes novos valores dedicam-se à Banda Desenhada cómica, como José Luis Ágreda, Mauro Entrialgo, Manel Fontdevila e Albert Monteys, refugiados em “El Jueves”, ou inclusive a uma Banda Desenhada paródica e referencial, como Cels Piñol, David Ramírez e Enrique V. Vegas, de que “Dragon Fall” ou “Raruto” podem ser bons exemplos. Estão também na moda as “historietas” de corte intimista, como as de Nacho Casanova, Calo, David López e Fermín Solís, ainda que algumas se inscrevam no fantástico (Quim Bou, Víctor Santos, Santiago Valenzuela), ou sejam tão variadas como inclassificáveis (Luis Durán, Álex Fito, Paco Roca). Muitos outros autores, como Ramón F. Bachs, Pasqual Ferry, Rafa Fonteriz, Salvador Larroca e Carlos Pacheco realizam sobretudo historietas de super-heróis para o mercado norte-americano, enquanto Alfonso Zapico, Sergio Bleda, Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido (Blacksad), Enrique Fernández, Sergio García, Roger Ibáñez ou José Luis Munuera trabalham directamente para o francês. Ao amparo da internet, toda una nova série de quadrinistas, como os jovens autores de “¡Eh, tío!”, “El joven Lovecraft” e “El Listo” tentam conseguir uma maior difusão e reconhecimento.

    *Wikipedia

     

     

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