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    Arquivo: Edição de 15-06-2010

    SECÇÃO: Arte Nona


    O boom da BD adulta em Espanha (1)

    O panorama excitante e multifacetado da Banda Desenhada no país vizinho, cujo auge terá ocorrido provavelmente aí há uns vinte anos atrás e que, pela sua proximidade geográfica e de mercado, tanto contribuiu também para a renovação da Banda Desenhada em Portugal, é aqui evocado, num texto excelente e rico de abundantes referências, publicado na enciclopédia aberta Wikipedia.

    De interesse incontornável, trazemo-lo aqui às páginas de “A Voz de Ermesinde”, na parte que respeita ao movimento da BD de temática adulta em toda a Espanha.

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    (*) Com o surgimento de “Tebeo y cultura de masas” (1966) de Luis Gasca e a publicação teórica “Bang!” (1968) de Antonio Martín, assim como com a celebração da "Primeira Reunião Nacional de Desenhadores de Banda Desenhada (Sitges, 1969) gera-se uma viragem cultural [na banda Desenhada em Espanha] que, nas palavras de Javier Coma, foi anterior à artística.

    Houve que esperar até aos anos 70 para que começassem a aparecer as condições económicas, políticas e sociais que permitissem o desenvolvimento de uma indústria de Banda Desenhada para adultos a partir de revistas como “Dossier Negro” e “Gaceta Junior”, ambas de 1968; “Trinca” (1970); “Drácula” e “Vampus”, de 1971; “Barrabás” e “Pánico” (1972); “Rufus”, “El Papus” e “El Rrollo enmascarado” de 1973; “Star” e “Vampirella” em 1974, ou “SOS” (1975), na qual vêem a luz do dia Dani Futuro, Haxtur ou Maremagnum, e novos autores como Miguel Calatayud, Hernández Palacios ou Enrique Ventura.

    O momento de máximo esplendor (o chamado "boom") terá lugar depois da morte de Franco, graças ao trabalho de editores como Roberto Rocca, José María Berenguer, Luis García, Rafael Martínez, Joan Navarro e Josep Toutain, responsáveis por um autêntico aluvião de revistas, sempre mensal ou bimensal: “Totem”, “Blue Jeans”, “El Jueves” e “Trocha”, todas de 1977; “Bumerang” e “1984”, ambas de 1978; “Creepy” e “El Víbora”, em 1979; “Comix internacional”, “Delta” e “Bésame Mucho” em 1980; “Cairo”, “Cimoc”, “Sargento Kirk”, “Metal Hurlant” e “Rambla”, todas de 1981; “Makoki” e “Vértigo”, em 1982; “Metropol” e “Mocambo”, em 1983, e “K.O. Comics”, “Madriz” e “Thriller”, em 1984. Há também que destacar o trabalho editorial de José María de la Torre e de Ikusager, que desenvolvem o mercado do álbum de BD.

    Entre as primeiras publicações havia semanários que se dedicavam a satirizar a actualidade política e social, arriscando-se com isso a represálias, como o atentado que, a 20 de Setembro de 1977 sofreu a redacção de “El Papus”, que contava entre os seus autores artistas como Ivà, Ja, José Luis Martín ou OPS. Também havia revistas de ficção científica e fantasia, muitas delas com um erotismo exacerbado, que se dedicaram a dar a conhecer o cómic adulto editado no estrangeiro, incluindo as obras de autores nacionais, como “5 x infinito” (1967), “Hom”, “Las crónicas del Sin Nombre” ou “Mara”, que em seguida começaram a produzir para o seu próprio país. Finalmente, também proliferaram as BDs estritamente eróticas, geralmente de péssima qualidade (António Lara, “Narraciones gráficas para adultos”, “El País”, 24/07/1976), ainda que possa citar-se alguma excepção, como "Muerde" (1976), segundo Fernando Samaniego, no artigo “Introducción del "comic" erótico en España”, para “El País”.

    Rapidamente se produzirá a distinção entre una "linha chunga", representada por “El Víbora” e “Makoki”; a "linha clara" de Cairo, e o cómic de espírito pós-moderno de “Madriz”, subvencionada pelo Ayuntamiento da capital espanhola.

    Surgem assim novos desenhadores como Federico del Barrio, Mique Beltrán, Ceesepe, Guillem Cifré, Gallardo, Pere Joan, Ana Juan, Mariscal, Max, Micharmut, Nazario, Roger, Scaramuix, Sento ou Daniel Torres.

    Em geral, os desenhadores deste período ficaram subjugados pelo conceito de cómic de autor, lançando-se a escrever os seus próprios guiões, ainda que não deixasse de destacar-se a necessidade de "guionistas capazes" como eram Hernández Cava, Andreu Martin ou Nieto (Javier Coma, em “Y nos fuimos a hacer viñetas”, Ediciones Penthalon S. A., Madrid, 1981).

    Tal variedade de autores e tendências produzirá séries tão conhecidas e diferentes como “Paracuellos” (1976); “Makoki” e “¡Dios mío!”, ambas de 1977, “Makinavaja”, “Anarcoma” e “Grouñidos en el desierto”, de 1979, “Zora y los hibernautas” e “Historias de taberna galáctica” (1980); “El Mercenario”, “Bogey”, “Frank Cappa” e “Torpedo 1936” (1981), “Cleopatra” e “Taxista” em 1982; “Peter Pank” e “Rocco Vargas” em 1983, “Hombre” (1984) e “Las aventuras de Dieter Lumpen” (1985). Surgiram, sem dúvida, polémicas agrestes na raiz dos manifestos "Ante un conato de degradación del significado cultural del cómic" (1983) e "Manifiesto contra la exposición Tintín y Hergé" (1984), dirigida contra a exposição "Tintín en Barcelona" que iria ter lugar na Fundación Joan Miró.

    É também notável a criação do Salón del Cómic de Barcelona (1980) e a edição, em 1982, de uma “Historia de los Comics” em fascículos para quiosques, que contou com a colaboração de numerosos teóricos do meio espanhóis e estrangeiros.

    (*) Wikipedia

     

     

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