PCP realiza acção contra a privatização de empresas do sector ferroviário
|
Fotos URSULA ZANGGER |
O Partido Comunista Português levou a cabo, na tarde do passado dia 8 de Junho, em frente à estação dos caminhos-de-ferro de Ermesinde, uma acção de protesto contra a política de privatização das empresas do sector ferroviário, que tem a ser seguida pelos sucessivos governos.
Para os comunistas, «nada justifica a privatização da CP», e a previsível entrega da CP Carga ao sector privado – bem como de outras unidades de gestão dentro da empresa – depois de idêntica decisão relativamente à EMEF (empresa de manutenção do material ferroviário) irá traduzir-se necessariamente num desinvestimento, a favor de uma desenfreada corrida ao lucro dos privados a quem serão entregues as empresas provenientes do desmantelamento. Mais tarde, quando for necessário, a situação terá de ser corrigida com o recurso ao investimento público, pago então por todos nós.
Álvaro Pinto, da Direcção dos Sectores Profissionais e Grandes Empresas da Organização Regional do Porto do PCP, denuncia esta situação não apenas como um prejuízo para a qualidade de serviços a prestar aos utentes, mas igualmente como como não apenas uma situação que pode prefigurar uma diminuição das exigências de segurança, absolutamente vitais no transporte ferroviário.
O dirigente regional chamou a atenção para o que representa também esta política em termos de desarticulação do sector produtivo em Portugal, e ainda o que representa igualmente em termos de atentado à soberania do Estado.
Não será assim apenas uma questão de custos acrescidos para o erário público – o que só por si já não seria pouco, e muito menos apenas um ataque aos direitos dos trabalhadores, o que só por si, já seria igualmente grave!
José Caetano, deputado municipal do PCP, também ele conhecedor do meio ferroviário, deu também como exemplo acabado desta política catastrófica para o erário público (mas a favor de alguns), o caso da Fertagus (bem pormenorizado num folheto também ali distribuído), cuja infra-estrutura foi paga pelo Estado (desde a linha férrea e estações até à própria ponte e ao material circulante). Impedida a própria CP pelo Estado de concorrer ao serviço de prestação de transporte ferroviário naquela zona, foi o respectivo concurso “ganho” pela Fertagus, a quem o Estado, embora alugue a dita infra-estrutura a esta empresa, beneficia com «escandalosas» compensações financeiras, que atingiram os 168 milhões de euros em apenas cinco anos!
Por sua vez, em prejuízo dos utentes, esta empresa explora a linha com preços que «são o dobro dos da CP», além de não estar integrada na Rede do Passe Social. E paga ainda aos seus aos seus trabalhadores «muito abaixo dos valores pagos pela CP, usa e abusa da sub-contratação, da precariedade, [bem como] nega o direito à contratação colectiva».
O documento distribuído à população denuncia também, entre outras coisas, o aumento previsível do preço dos bilhetes, a intensificação do encerramento de linhas, o abandono do Estado do transporte ferroviário de mercadorias, e o aumento da exploração sobre os trabalhadores.
Por:
LC
|