MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO 2009
A solidão e os seus personagens fictícios perdidos no átrio de uma estação de comboios
Iluminado pela escuridão da noite um homem caminha sozinho no átrio de uma estação de comboios. Carrega consigo malas, muitas malas.
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Fotos MANUEL VALDREZ |
Parece perdido, desesperado, amedrontado, sem destino traçado. De um momento para o outro começa a abir as malas, de cada uma delas retira pedaços da sua vida, da sua aparente amarga vida, retira personagens imaginários que o acompanham na sua solidão. Confere-lhes vida, mas tal como ele estes parecem ofegantes, perdidos, assustados. No final o comboio acaba por não aparecer, mas... será que este homem estaria ali à espera de um comboio? Seria ele um viajante, ou o guarda-da estação? Ou simplesmente mais um desafortunado sem um tecto que lhe servisse de abrigo? Esta foi uma pergunta que ficou no ar depois de visionada a peça “Paisagens em Trânsito” levada ao palco do Fórum Cultural de Ermesinde na noite de 27 de Novembro.
Mais do que um monólogo de “semblante triste” a peça foi um exemplo perfeito daquilo o que é – em nossa opinião – o teatro de marionetes e do objecto. Uma peça onde a imaginação do seu único actor, e curiosamente também criador, no que toca a dar vida a objectos mortos esteve sublime. Não será demais referir, a título de exemplo, a passagem em que as inúmeras malas transportadas pelo solitário personagem foram dão corpo a um grupo de vacas, ovelhas, e cabras. Foram bem merecidos os aplausos do público a Patrick Murys e às suas “Paisagens em Trânsito”.
FICHA TÉCNICA
“PAISAGENS EM TRÂNSITO”.
Criação: Patrick Murys.
Interpretação: Patrick Murys.
Luz: Cristóvão Cunha com a colaboração de Pedro Fonseca.
Composição musical: Luís Pedro Madeira e Isabelle Fuchs.
Colaboração na encenação e dramaturgia: André Braga e Cláudia Figueiredo.
Por:
Miguel Barros
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