Cartas ao Director
Ópera em Ermesinde (Carta aberta ao Sr. Presidente da Câmara de Valongo)
Fui ontem à Ópera em Ermesinde. Os meus amigos de longe, a quem contei, sorriram com ar de espanto. Mas é verdade: fui à Ópera em Ermesinde. Bem haja Sr. Presidente.
O dia esteve fosco, instável e o concerto foi cautelarmente transferido do Parque Urbano, ao ar livre, para o edifício do Forum. O único senão foi que, apesar de a noite começar agreste e fria, as pessoas acorreram em bom número. E excederam a capacidade do salão, a ponto de alguns terem assistido ao concerto no exterior da sala, através de um ecrã.
De qualquer forma, a Orquestra do Norte e os artistas convidados brilharam, o programa foi leve e variado e agradou.Diria que as pessoa presentes demonstraram entusiasmo e carinho e aplaudiram generosamente. Valeu a pena.
De regresso a casa, dei, no entanto, comigo a pensar por que enviesadas razões a nossa cidade de Ermesinde, a mais populosa do Concelho, não tem direito a uma sala coberta à sua real dimensão.
A obra que foi executada no Parque urbano, sendo meritória, é escassa. A sala tem cerca de 300 lugares mas,por manifesto erro de projecto, critérios elementares de segurança não aconselham a que a lotação efectiva ultrapasse os 200.Tudo o que excede é à conta de alguém assumir a responsabilidade e tal não deveria ser exigível de ninguém.
E o que foi patente, não obstante a simpatia , o desvelo mesmo de todo o pessoal que dirigiu e controlou as entradas, foi que ficou demonstrado, à saciedade, como tudo aquilo é limitado face à população que serve.
Ermesinde tem estampado, sobretudo na sua organização urbana, muitas chagas e estrangulamentos resultantes de muitos anos de incompetência , visão curta.
Agora que aquecem os motores para a campanha autárquica, é altura para que as ideias apareçam. Depois até pode acontecer que, por uma crise qualquer de largas costas, não cumpram nada - é o que mais por aí há...- mas por favor, tenham ideias.
Sr. Presidente, sempre lhe digo que, se por um inesperado golpe de sorte, me saísse uma taluda do euromilhões, eu era capaz de comprar o "Campo dos Sonhos", veja que nome lhe deram, e fazer lá um auditório a sério onde os ermesindenses pudessem assistir à ópera e a espectáculos quejandos, sem limitações tão severas e tantos sobressaltos para a organização.
Acredite, Sr. Presidente, que as pessoas adeririam.
Entretanto, por que razão não acabam ao menos com a famigerada limitação dos 200 lugares?
Que continue a ter umas óptimas férias.
Daniel Câmara de Castro
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