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    Arquivo: Edição de 15-06-2009

    SECÇÃO: Editorial


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    Ultrapassar o vazio

    É este o tempo de que eu tanto gosto, tempo de festa, das festas da nossa terra, que começam com a Senhora da Hora, depois Senhor de Matosinhos, Santa Rita, Santo António, São João (que no Porto e Braga é realmente o maior)! Segue-se o São Pedro e, por fim, o São Lourenço.

    Estas eram as minhas festas, festas antigas cheias de cheiros e mistérios, onde as flores andam de mãos dadas com crenças, bênçãos, «práticas divinatórias, profilácticas ou mágicas». A Natureza encontra-se na sua pujança e é preciso pedir às divindades que protejam as culturas, é tempo de acasalamento e as raparigas tentam adivinhar com quem casar, ou implorar um bom casamento…

    A Natureza está prenhe e todos os símbolos de fecundidade são utilizados.

    É tempo de amar sem limites… Tempo de extrema alegria e felicidade, e assim o vivo com toda a força e alegria – as que vão restando.

    Mas há momentos em que tudo se desfaz e um simples ser humano não aguenta sozinho.

    Não sei se é possível, o nada existe? Mas uma coisa é certa, há momentos na vida em que nos sentimos completamente vazios, parece que nada faz sentido, apetece-nos desaparecer, fugir, mas não sabemos para onde…

    Todos nós já vivemos e ultrapassámos muitos desses momentos, mas ficam sempre marcas profundas, de dúvida, de culpa, de injustiça, de dor, de uma dor que não passa… Então procuro as flores, papoilas, cravos, rosas e margaridas, mas todas elas são bem- me-queres, que tanto lhes quero, mas mesmo assim desfolhadas, serão sempre as minhas flores...

    E todos os anos eu vou ao campo e trago trigo, centeio, oliveira, papoilas e pampilhos que guardo em casa ou ofereço, para que não falte aos meus amigos o pão, o amor, a paz e dinheiro quanto baste…

    Para além do Dia da Espiga eu gosto muito do S. João, para mim o verdadeiro Santo casamenteiro, não porque seja hábito casar nesse dia, como acontece com o Santo António, mas por todo o mistério e até uma certa brejeirice com que se brinca às sortes e crenças que andam sempre à volta da felicidade, dos namorados, dos casamentos.

    São João traz sempre ao colo um cordeirinho, é um santo pastor, e não é por acaso que era pelo São João que se largavam os rebanhos da Serra da Estrela para Montemuro.

    A gastronomia também faz honras ao cabrito, que não pode faltar nesta época.

    Do São Pedro lembro a vaca de fogo, aqui bem perto, na Agrela, e as fogueiras de rosmaninho na zona da Serra da Estrela.

    Quanto ao São Lourenço essa é a Festa, a festa da minha Terra.

    Por: Fernanda Lage

     

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