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    Arquivo: Edição de 30-04-2009

    SECÇÃO: Destaque


    Celebrar Abril em tempos de crise

    Crise. A assustadora palavra que invade numa escala cada vez mais preocupante o vocabulário da população mundial foi a protagonista das comemorações do 35º aniversário do “25 de Abril” levadas a cabo pela Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE).

    Crise económica, crise social, crise cívica, ou crise ambiental foram alguns dos cenários desta negra imagem planetária evocados nos discursos dos quatro partidos com assento na Assembleia de Freguesia Ermesinde (AFE). As portas da liberdade que se abriram com a Revolução de 1974 foram relembradas e serviram de mote para passar uma mensagem carregada de esperança com vista a um futuro onde a crise não seja mais do que uma má e efémera recordação.

    É caso para dizer que nunca o simbolismo do 25 de Abril de 1974 esteve tão presente no pensamento de todos como nos dias que correm.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Foi com o habitual hastear das bandeiras que se deu início às comemorações do 35º aniversário da Revolução dos Cravos. Seguidamente um momento histórico na vida política da nossa Cidade, quando pela primeira vez os discursos alusivos a esta histórica data foram celebrados no novo auditório da JFE. Facto histórico num dia histórico que passou ao lado da população, a qual se alheou por completo destas comemorações. Verdade, o auditório da JFE apresentava-se desoladamente despido de anónimos paroquianos e não fossem as poucas cadeiras preenchidas pelos membros da Assembleia de Freguesia esta cerimónia teria tido contornos de profunda tristeza. Défíce de participação popular no qual podemos encaixar o discurso proferido pela bancada do PSD – na voz de Angelina Ramalho -, apelando a uma maior envolvência popular na vida pública – exemplificado com o dever cívico do voto eleitoral -, sublinhando para isso a necessidade de serem criados novos mecanismos de participação cívica, tendo a intervenção terminado com a ideia de ser preciso a participação de todos, porque o 25 de Abril... ainda está em curso.

    Da crise cívica para a crise económico-social o caminho não foi longo, com o Bloco de Esquerda (BE) – através de Luís Santos – a focar que 35 anos após o 25 de Abril de 74 Portugal vive «uma das situações sociais mais graves de sempre, com mais de 500 000 desempregados, baixos salários, endividamento das famílias, milhares de jovens a serem condenados a trabalho precário com ordenados de miséria e sem futuro (...) e onde 300 000 crianças vivem na pobreza». Perante este grave cenário o BE sustentou que o Governo e o Poder Local têm de avançar com medidas excepcionais de apoio aos desempregados, às famílias sobre-endividadas, e aos jovens sem trabalho. E é a estes jovens e a outros cidadãos desempregados que compete participar na luta política em busca de novos rumos que satisfaçam as expectativas e as aspirações populares.

    Tal como havia feito o BE na sua intervenção também o PS – através de Esmeralda Carvalho – recuou até Abril de 1974 para evocar algumas das conquistas que essa histórica data trouxe ao povo. Desde logo a liberdade, a democracia feita por todos para todos, o facto de as mulheres serem reconhecidas como um ser igual ao homem tanto em termos profissionais como em termos políticos, o acesso de todos os cidadãos ao Serviço Nacional de Saúde, e uma Educação de livre acesso também para todos. Abril abriu muitas portas e neste difícil momento de crise que o país e o mundo vivem é importante «que todos tenhamos uma atitude positiva e de combate para enfrentar a crise com os ideais do 25 de Abril sempre presentes».

    E se o ser humano vai sofrendo na pele as consequências da dita crise o meio ambiente também não está imune. É a chamada crise ambiental, como evocou a CDU – na voz de Joana Machado -, direccionando a sua intervenção para os problemas ambientais existentes no concelho e em particular na nossa freguesia. Uma Cidade de Ermesinde que «é um aglomerado urbano bastante caótico, com problemas de poluição hidrológica, atmosférica e sonora acentuados. (...) Ermesinde não precisa de mais construções, mas sim de áreas livres, de mais espaços naturais, de mais ar para respirar, de menos tráfego automóvel e de menos ruído. Necessita de um plano de desenvolvimento integrado e sustentável, de proporcionar aos seus habitantes uma qualidade de vida que hoje não só não têm como dá sinais de se degradar».

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    Encorajador foi igualmente o discurso do presidente da Mesa da AFE, Antonino Leite, que lembraria que a história diz que os portugueses quando querem sabem responder aos desafios que pela frente se lhes deparam, exemplificando com as descobertas dos caminhos marítimos para a Índia e Brasil, ou a erradicação de doenças e epidemias que tantas vítimas causaram nos séculos XIX e XX. Com a dimensão deste novo desafio/problema que vivemos – crise - «todos temos a responsabilidade, diria mesmo a obrigação, de participar na recuperação e estabilidade do país. Devemos defender a aposta na eficiência, combater o desperdício e anular definitivamente o despesismo desnecessário. Em Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas correspondeu apenas ao “mote”, a unidade, o trabalho e a firmeza de (todos) os portugueses é que foram determinantes para a consolidação da democracia no nosso país. (...) Não nos podemos esquecer, e até muito nos devemos orgulhar, que, por exemplo, no campo da investigação científica – o discurso de Artur Pais havia sido, em grande parte, igualmente direccionado para o prestígio que muitos portugueses granjeam a nível internacional em diversas áreas, servindo este, de certo modo, como mote para incentivar o povo à contornar a grave situação que o país vive -, Portugal tem um leque de investigadores, cujo trabalho e resultados do mesmo são reconhecidos internacionalmente e que nos coloca ao nível de países designados por países desenvolvidos. (...) Se todos quisermos e se todos colaborarmos vamos conseguir», frisou Antonino Leite.

    Por: Miguel Barros

     

     

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